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-81 kg masculino

Chances do Brasil

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 no -81 kg masculino, o Brasil terá Eduardo Yudy Santos como representante na categoria do peso meio-médio.

O judoca chega para Tóquio como o 24º do ranking olímpico em sua primeira olimpíada. Eduardo Yudy Santos tem como melhor resultado na carreira um título do Pan-Americano de 2017.

+ Confira um perfil completo de Eduardo Yudi e os seus resultados até a Olimpíada de Tóquio

Longe de ser favorito e da briga por medalhas, o judoca lutará sem pressão por resultados e pode se beneficiar como azarão. A categoria é muito equilibrada e surpresas acontecem.

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para a Olimpíada

Eduardo Yudi, o representante da categoria meio-médio em Tóquio (Rodolfo Vilela/www.rededoesporte.gov.br)

Favoritos -81 kg masculino

A categoria meio-médio masculino possui um grande equilíbrio nesse ciclo, com vários judocas se alterando nos pódios das grandes competições. Para se ter uma ideia, apenas um judoca conquistou duas medalhas em mundiais nesse ciclo, o agora naturalizado mongol Saeid Mollaei, que na época ainda competia sob a bandeira do Irã.

Campeão do mundo em 2019, o israelense Sagi Muki chega muito bem para Tóquio. Ele ainda foi campeão dos Grand Slams de Abu Dhabi 2018, Baku 2019 e Ecaterimburgo 2019, além de ter sido vice-campeão do Masters de Qingdao de 2019.

Quem também teve grande destaque no ciclo olímpico foi o belga Matthias Casse. Vice-campeão mundial de 2019, quando perdeu a final para Sagi Muki, o belga venceu o tradicional Grand Slam de Paris de 2020 e foi vice-campeão do Grand Slam de Abu Dhabi de 2018. No final de 2019 o judoca belga conquistou a medalha de ouro no Masters de Qingdao, batendo na final Sagi Muki, conseguindo sua revanche pelo ouro perdido no Campeonato Mundial dias antes.

Medalhista olímpico de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, o canadense Antoine Valois-Fortier tentará voltar ao pódio após passar em branco no Rio de Janeiro. No atual ciclo, o judoca conquistou a medalha de bronze no mundial de Tóquio-2019, além de ter sido medalhista de bronze no Grand Slam de Paris em 2020, e vice-campeão dos Grand Prix de Montreal e de Zagreb, ambos em 2019.  

Takanori Nagasi, do Japão, foi medalhista de bronze no Rio de Janeiro e buscará melhorar sua posição no pódio competindo em casa. Campeão do Grand Slam de Brasília 2019, do Grand Slam de Osaka 2019 e dos Grand Prix de Zagreb e Montreal, o japonês mostrou que é capaz de conquistar uma medalha olímpica, ainda que não tenha aparecido em nenhum pódio dos três mundiais disputados antes da Olimpíada de Tóquio. 

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O Brasil no -81 kg masculino do Jogos Olímpicos

A primeira participação brasileira no peso meio-médio aconteceu em 1976, na cidade de Montreal. Desde então, o país esteve representado em todas as edições, tendo conquistado dois bronzes na categoria. Os responsáveis pelas medalhas são dois judocas que no auge de ambos se tornaram dois grandes rivais e disputaram por um longo tempo o posto de melhor judoca brasileiro da categoria: Flávio Canto e Tiago Camilo.

Roberto Machusso foi o responsável por classificar o Brasil pela primeira vez na categoria, quando ela ainda era disputada com limite de 71 kg. O paulistano terminou em 13º lugar após vencer uma luta e cair nas oitavas de final em Montreal-1976. Quatro anos depois, em Moscou-1980, foi a vez de Carlos Alberto Cunha defender as cores do Brasil. Com vitórias sobre Michel Grant, da Suécia e Thomas Hagmann, da Suíça, o brasileiro acabou sendo derrotado pelo romeno Mircea Fratica, terminando na 10ª colocação.

Nas duas edições seguintes o Brasil acabou sendo derrotado logo na primeira luta de seus judocas. Em Los Angeles-1984, o mineiro Rogério dos Santos foi derrotado por Filip Leskav, da extinta Iugoslávia, terminando sua participação olímpica em 20º lugar. Quatro anos depois, em Seul-1988, foi a vez do carioca Ezequiel Paraguassu se despedir precocemente ao perder para o judoca da Alemanha Oriental, Torsten Bréchot, que conquistaria o bronze da categoria. 

O Brasil só voltou a vencer uma luta na categoria nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, quando o mesmo Ezequiel Paraguassu derrotou pela segunda rodada do torneio contra Patrick Matangi, do Zimbábue. Logo na fase seguinte o brasileiro se despediu de Barcelona ao ser derrotado por Kim Byung-joo.

Flávio Canto, bronze em Atenas-2004 – (Facebook/flaviocantooficial)

Nascido em Oxford, Grã-Bretanha, e criado no Rio de Janeiro, Flávio Canto disputou sua primeira Olimpíada em Atlanta-1996, com 21 anos de idade. O brasileiro terminou sua participação em sétimo lugar, a melhor colocação do país até então. Em Sidney-2000, o Brasil foi representado por Marcel Aragão, que caiu logo na primeira luta contra Gabriel Arteaga, de Cuba.

Após ficar ausente dos Jogos Olímpicos de Sidney-2000, Flávio Canto venceu a forte disputa interna que travou contra o seu maior rival nacional, Tiago Camilo. Tiago, que quatro anos antes havia conquistado a medalha de prata com apenas 18 anos, subiu de peso naquele ciclo e disputou com Flávio até o último momento a vaga para Atenas-2004. 

Com a vaga em mãos, Flávio partiu para a capital grega com o objetivo de se tornar o primeiro judoca a conquistar uma medalha na categoria -81 kg. E conseguiu. Na disputa do bronze, vitória sobre Robert Krawczyk, da Polônia. Dessa forma, o Brasil finalmente tinha uma medalha no peso meio-médio.

O ciclo de Pequim-2008 foi novamente marcado pela disputa interna entre Tiago Camilo e Flávio Canto. Tiago chegou a disputar algumas competições, como os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, na categoria de cima, uma forma encontrada pela CBJ e pelos judocas de os dois se manterem na equipe. Porém uma lesão em Flávio Canto colocou fim nessa longa disputa, com Tiago Camilo conquistando a vaga na categoria -81 kg para os Jogos de Pequim-2008. 

E através dele, o Brasil conquistou sua segunda medalha de bronze no meio-médio. Tiago chegou em Pequim como vigente campeão mundial e primeiro colocado no ranking mundial. Na luta pelo bronze, o adversário foi o judoca da Holanda, Guillaume Elmont, que foi derrotado de virada pelo brasileiro com direito a técnica de estrangulamento e desistência do judoca neerlandês.

Leandro Guilheiro após ser bronze duas vezes consecutivas subiu de categoria para o ciclo de Londres-2012, passando a disputar o peso meio-médio. O judoca de Suzano, no interior paulista, era cotado a conquistar uma medalha em sua nova categoria após ser presença constante nos pódios das principais competições da modalidade durante o ciclo, como as duas medalhas conquistadas nos dois mundiais anteriores aos Jogos. Mas foi eliminado e se despediu de Londres sem sua terceira medalha olímpica.

Nosso último representante na categoria -81 kg foi o carioca Victor Penalber. Medalhista de bronze no mundial de 2015, Penalber era cotado como um possível medalhista, e venceu sua primeira luta com um ippon contra Marlon Acácio, de Moçambique. Entretanto, o brasileiro perdeu sua segunda luta contra o judoca moldavo naturalizado pelos Emirados Árabes Unidos. Sergiu Toma.

Histórico -81 kg masculino nos Jogos Olímpicos

A categoria meio-médio entrou no programa olímpico do judô na Olimpíada de Munique-1972 e desde então foi disputada por 12 vezes. O maior campeão é o Japão, somando três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. 

Uma das categorias mais equilibradas, o peso meio-médio teve ao longo dos anos nove países distintos conquistando a medalha de ouro, sendo que além do Japão somente a União Soviética conquistou mais de uma medalha de ouro. Atualmente disputada por judocas com até 81 kg, a categoria teve suas duas primeiras edições com limite de peso de 70 kg, subindo para 78 kg entre as Olimpíadas de 1980 e 1996. Em Sidney-2000 a categoria passou a ser disputada no peso atual.

Toyokazu Nomura foi o primeiro campeão olímpico em Munique-1972. As duas edições seguintes foram vencidas pela extinta União Soviética, tornando-se o primeiro país a ser bicampeão olímpico na categoria meio-médio. O primeiro ouro veio com Vladimir Nevzorov, em Montreal-1976, e o segundo com Shota Khabareli, em Moscou-1980.

Em Los-Angeles-1984 a Alemanha Ocidental conquistou a medalha de ouro com Frank Wienek, derrotando na final o britânico Neil Adams, que já havia sido vice-campeão olímpico na categoria leve na edição de Moscou-1980. Quatro anos depois Frank Wienek chegaria novamente a uma final olímpica, mas dessa vez seria derrotado por Waldemar Legién, da Polônia. O pódio de Seul-1988 foi completado por dois países que já não existiriam mais a partir da próxima edição. A União Soviética, com Bashir Varaev, que em breve seria dissolvida, e a Alemanha Oriental, com Torsten Brechot, que voltaria a se unir com a Alemanha Ocidental após a queda do Muro de Berlim.

Após ficar três edições fora do pódio e quatro sem a medalha de ouro, o Japão voltou a conquistar a categoria meio-médio. Hidehiko Yoshida bateu na final de Barcelona-1992 o estadunidense Jason Morris. Djamel Bouras, da França, foi o campeão olímpico na edição seguinte em Atlanta-1996. 

Makoto Takimoto conquistou a terceira, e última até o momento, medalha de ouro do Japão nas Olimpíadas de Sidney-2000, já com os atuais 81 kg de limite. Na final o judoca nipônico derrotou o sul-coreano Cho In-chul, que já havia sido medalhista de bronze nas Olimpíadas anteriores. Quem também apareceu no pódio foi a bandeira de Portugal com Nuno Delgado, única medalha do judô masculino do país em olimpíadas.

Dono das duas únicas medalhas do judô grego, Iliadis Iliadis começava sua vitoriosa carreira com a medalha de ouro conquistada em seu próprio país em Atenas-2004. O jovem judoca de 18 anos surpreendeu o mundo ao conquistar o ouro batendo na final o ucraniano Roman Hontyuk. Sua segunda medalha, um bronze, seria conquistada na edição de 2012 no peso-médio. Uma das medalhas de bronze ficou com o brasileiro Flávio Canto, enquanto a outra foi conquistada por Dmitri Nossov. 

As duas edições de Jogos Olímpicos seguintes trouxeram um fato curioso. Pela primeira vez na história, e única até aqui, uma final do judô foi disputada duas vezes consecutivas. Pequim-2008 marcou a vitória de Ole Bischof sobre o sul-coreano Kim Jae-bum, grande favorito da competição, já que havia conquistado os dois últimos mundiais da categoria. Nessa mesma edição Tiago Camilo conquistou sua segunda medalha olímpica, um bronze. Quatro anos depois, em Londres-2012, foi a vez da revanche de Kim Jae-bum, que derrotou Ole Bischof e se sagrou campeão olímpico, invertendo a ordem no pódio com o alemão. 

O último campeão olímpico foi o russo Khasan Khalmursaev, em 2016 no Rio de Janeiro. O russo derrotou na final o estadunidense Travis Stevens, que fez uma campanha surpreendente. O pódio foi completado pelo japonês Takanori Nagasi, então campeão mundial, e por Sergiu Toma, dos Emirados Árabes Unidos. 

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Outro local usado nos Jogos de 64, o Nippon Budokan receberá as competições de judô e caratê (Crédito: Divulgação)

Medalhistas – judô -81 kg masculino – Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Munique-1972Toyokazu Nomura (JAP)Antoni Zajkowski (POL)Dietmar Hötger (GDR)
Anatoly Novikov (URS)
Montreal-1976Vladimir Nevzorov (URS)Koji Kuramoto (JAP)Patrick Vial (FRA)
Marian Tałaj (POL)
Moscou-1980Shota Khabareli (URS)Juan Ferrer (CUB)Bernard Tchoullouyan (FRA)
Harald Heinke (GDR)
Los Angeles-1984Frank Wieneke (FRG)Neil Adams (GBR)Michel Nowak (FRA)
Mircea Frățică (ROM)
Seul-1988Waldemar Legień (POL)Frank Wieneke (FRG)Torsten Bréchôt (GDR)
Bashir Varayev (URS)
Barcelona-1992Hidehiko Yoshida (JAP)Jason Morris (EUA)Bertrand Damaisin (FRA)
Kim Byeong-Ju (COR)
Atlanta-1996Djamel Bouras (FRA)Toshihiko Koga (JAP)Jo In-Cheol (COR)
Soso Lip’art’eliani (GE)
Sydney-2000Makoto Takimoto (JAP)Jo In-Cheol (COR)Aleksei Budõlin (EST)
Nuno Delgado (POR)
Atenas-2004Ilias Iliadis (GRE)Roman Hontiuk (UCR)Dmitry Nosov (RUS)
Flávio Canto (BRA)
Pequim-2008Ole Bischof (ALE)Kim Jae-Beom (COR)Tiago Camilo (BRA)
Roman Hontiuk (UCR)
Londres-2012Kim Jae-Beom (COR)Ole Bischof (ALE)Ivan Nifontov (RUS)
Antoine Valois-Fortier (CAN)
Rio-2016Khasan Khalmurzayev (RUS)Travis Stevens (EUA)Sergiu Toma (UEA)
Takanori Nagase (JAP)

Quadro de medalhas – judô -81 kg masculino – Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Japão3216
União Soviética2024
Coreia do Sul1225
Polônia1113
Alemanha1102
Alemanha Ocidental1102
França1045
Rússia1023
Grécia1001
Estados Unidos0202
Ucrânia0112
Cuba0101
Grã-Bretanha0101
Alemanha Oriental0033
Brasil0022
Canadá0011
Estônia0011
Georgia0011
Portugal0011
Romênia0011
Emirados Árabes Unidos0011