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Vôlei de praia

Vôlei de praia nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020

+ Vôlei de praia feminino
+ Vôlei de praia masculino

Com um status de extrema popularidade, o vôlei de praia chega aos Jogos Olímpicos prometendo, mais uma vez, ser uma das maiores audiências do programa, fato que vem ocorrendo desde a estreia, em Atlanta 96. Agora em Tóquio, na sétima edição, promete ser um dos torneios mais disputados, com países sem tradição, como Rússia, Canadá e Noruega, chegando para brigar contra Brasil e Estados Unidos, os mais vitoriosos da modalidade. Principalmente após brasileiros e norte-americanos fazerem um Mundial abaixo do esperado.

Vôlei de praia
Nos Jogos de Tóquio-2020, o vôlei de praia será disputado em Olimpíadas pela sétima vez (Divulgação/Tóquio 2020)

Alemanha, o terceiro mais vitorioso, Suíça, Áustria, Austrália, Holanda, Itália, China, Espanha e Letônia estão entre os países que brigam por medalhas. O torneio de Tóquio contará com 24 duplas masculinas e 24 femininas. 

Onze países já foram premiados com medalhas. O Brasil é o líder com 13 delas, divididas em três ouros, sete pratas e três bronzes. As duplas brasileiras, que não subiram ao pódio nos mundiais pela primeira vez na história em 2019, chegarão, ainda assim, nas areias japonesas buscando aumentar o sucesso.

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Local da competição

vôlei de praia  Shiokaze Park Stadium
O Shiokaze Park Stadium receberá as partidas do vôlei de praia na Olimpíada (Divulgação/Tóquio 2020)

O torneio de vôlei de praia acontecerá no Shiokaze Park Stadium, arena com capacidade para até 12 mil espectadores construída temporariamente no parque de mesmo nome, em Shinagawa, um dos bairros de Tóquio. A área, às margens do Rio Meguro, é conhecida por seus arranha-céus, restaurantes e pelo Templo Sengaku-ji, um dos mais famosos de Tóquio, conhecido por abrigar o túmulo de Asano Naganori, um dos mais conhecidos Samurais da história japonesa.

Grandes nomes do vôlei de praia feminino nos Jogos Olímpicos

O histórico pódio em Atlanta-1996, com o ouro de Jackie Silva e Sandra e a prata de Adriana e Monica (Acervo/CBV)

Citar grandes nomes do vôlei de praia mundial é fatalmente se confundir com as histórias olímpicas principalmente de Brasil e Estados Unidos. Especialmente para os brasileiros, a modalidade que em seis edições trouxe 13 medalhas para a nação, estreou nos Jogos de Atlanta em 96 promovendo um momento histórico para o país. A final entre Jackie Silva e Sandra, ouro, contra Monica e Adriana, prata, deu ao país as primeiras medalhas olímpicas femininas de sua história.

Também brilharam na história dos Jogos Adriana Behar e Shelda, dupla que foi bicampeã mundial nos em 1999 e 2001, e medalhistas de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e Atenas 2004. Em Sydney, outro bronze brasileiro com Sandra Pires e Adriana. No circuito mundial, essas atletas dominaram por oito anos seguidos, trazendo o título da temporada para o Brasil e não dando chances para as adversárias.

Entre tantas lendas do vôlei de praia do Brasil, ninguém conquistou mais temporadas do Circuito Mundial que Larissa e Juliana, dupla que deu o início a segunda safra de grandes jogadoras da modalidade no Brasil. Juntas, as duas conquistaram sete títulos do circuito (2005-07, 2009-2012), um título mundial em 2011, dois ouros em Jogos Pan Americanos (Rio 2007 e Guadalajara 2011) e, a principal conquista, uma medalha de bronze olímpica nos Jogos de Londres 2012.

Vice-campeãs nos Jogos da Rio-2016, Agatha e Barbara Seixas, campeãs mundiais em 2015 e do circuito mundial no mesmo ano, também integram o hall de grandes atletas da história da modalidade. Agatha está confirmada em Tóquio com a jovem Duda Lisboa, de apenas 22 anos e que possui o título do circuito mundial de 2018, conquistado com Agatha, se tornando a mais jovem atleta da história a conquistar o feito.

Entre as americanas, está aquela dupla que para muitos é a melhor de todos os tempos, Misty May-Treanor e Kerri Walsh-Jennings. Tricampeãs olímpicas da praia, são as únicas atletas que conquistaram o ouro nos Jogos Olímpicos mais de uma vez. Venceram em Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012, de maneira invicta e avassaladora, e para mensurar isso basta notar que jogando juntas perderam apenas um set em três edições olímpicas.

Misty May, aposentada, não disputou os Jogos do Rio. Já Walsh, em dupla com April Ross, foi medalhista de bronze em 2016, sendo derrotadas na semifinal por Agatha e Bárbara, o primeiro revés de Walsh em torneios olímpicos do vôlei de praia. Na disputa do bronze, vitória sobre Larissa e Talita. Walsh está na corrida por sua quinta olimpíada, agora com Brooke Sweat.

Vôlei de praia
Misty May e Kerri Walsh
As americanas Misty May e Kerri Walsh formam a dupla mais vitoriosa do vôlei de praia olímpico (Presswire)

Da Alemanha vem Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, a primeira dupla fora da disputa Brasil x Estados Unidos a conquistar o título do circuito mundial, feito realizado em 2016. As temporadas de 2016 e 2017 foram espetaculares para a dupla. Em dois anos, além do circuito, venceram também o ouro olímpico dos Jogos do Rio e o mundial de 2017, em Viena. Só não continuam juntas no caminho das vitórias pois Walkenhorst se aposentou em 2018 por inúmeras lesões. Lugwig tentará o bicampeonato olímpico com Maggie Kozuch, atleta que por anos se destacou na seleção alemã de quadra.

A Austrália, um dos países pioneiros na prática do vôlei de praia no mundo, teve seu ouro olímpico conquistado em casa, nos Jogos de Sydney-2000, por outras lendas do esporte, Natalie Cook e Kerri Pottharst. As duas, que também foram bronze em Atlanta-1996, conquistaram a dourada vencendo as favoritas Adriana Behar e Shelda na final.

Um outro país entrou na lista de campeões do circuito mundial feminino na temporada passada, o Canadá. O título veio das mãos de Sarah Pavan e Melissa Humana-Paredes, dupla das mais perigosas do circuito, que conquistaram também o ouro no campeonato mundial e que estão a uma medalha olímpica de ingressar de vez no hall das grandes da história do esporte. Com os resultados de 2019, pintam com um leve favoritismo na disputa por medalhas na Olimpíada disputada em areias japonesas.

Grandes nomes do vôlei de praia masculino nos Jogos Olímpicos

Como no âmbito feminino, o vôlei de praia masculino também tem um bom número de países que se destacam, porém, assim como elas, com um poderio maior de Estados Unidos e Brasil. Ninguém venceu mais o circuito mundial de vôlei de praia que os brasileiros, campeões em dezessete temporadas. Uma das lendas do esporte, Emanuel Rego, que também está no hall da fama do vôlei, teve sua maior parceria de destaque com Ricardo Santos, dupla que conquistou o ouro olímpico de Atenas-2004, o bronze de Pequim-2008, o Mundial de 2003, os Jogos Pan Americanos do Rio, em 2007, e cinco edições seguidas do circuito mundial, de 2003 a 2007. A dupla é sem dúvidas uma das mais aclamadas da história do esporte brasileiro e a mais vitoriosa da história do vôlei de praia masculino.

A dupla Emanuel e Ricardo ganhou inúmeros títulos, entre eles duas medalhas olímpicas, uma de ouro (COI)

O fato de Emanuel e Ricardo também terem sucesso com outros parceiros é a prova que o Brasil tem talentos de sobra. Muito antes de suas inúmeras conquistas juntos, ambos jogaram com outros dois espetaculares jogadores brasileiros, Zé Marco de Melo e José Loiola. Os dois são, junto com Emanuel, os três brasileiros do vôlei de praia presentes no hall da fama do esporte, entre os homens.

Com Zé Marco de Melo, Ricardo trouxe a primeira medalha da história do Brasil em Jogos Olímpicos na praia, com a prata em Sydney 2000. No mesmo ano, foram campeões do circuito. Antes de formar a dupla com Ricardo, Zé Marco foi campeão do circuito mundial com Emanuel nas temporadas de 96,97 e 99. 

Loiola, por sua vez, teve uma importância enorme na carreira dos atletas na virada do século. Com Emanuel, a dupla conquistou o mundial e o circuito na temporada de 99, um ano antes de Sydney 2000, onde eram favoritos e acabaram eliminados nas oitavas de final.

No final da temporada de 2009, Emanuel engatou uma dupla com Alison Cerutti, também conhecido por “Mamute”, então com 24 anos. Juntos, conquistaram o ouro do Mundial em 2011, campeões do circuito mundial e foram medalhistas de prata nos Jogos de Londres-2012.

Ainda no hall de grandes nomes do Brasil, estão Márcio Araújo e Fábio Luiz Magalhães, dupla vice-campeã olímpica em Pequim 2008 e campeã mundial em 2005.

Assim como no feminino, os Estados Unidos possuem três ouros olímpicos na praia, entretanto, ao contrário do domínio de Walsh e May, entre os homens as medalhas douradas vieram com três duplas diferentes. A primeira final olímpica do esporte, em Atlanta-1996, foi totalmente americana, com medalha de ouro para Kent Steffes e Karch Kiraly.

Quatro anos depois, ouro para Dain Blanton e Eric Fonoimoana, que derrotaram os brasileiros Ricardo e Zé Marco na final de Sydney-2000. Mesmo com todo sucesso olímpico no final dos anos 90, nenhuma dessas duplas conquistou o ouro do campeonato mundial ou o título da temporada do circuito. 

O presidente americano George W. Bush posa com Dalhausser e Rogers, ouro na Olimpíada de Pequim (Eric Drapper)

A terceira grande dupla americana foi formada por Phil Dalhausser e Todd Rogers, que tiveram anos brilhantes entre 2007 e 2010, quando foram ouro no mundial de 2007 – o único da história dos Estados Unidos no torneio masculino -, bronze no mundial de 2009 e, com certeza a principal conquista, campeões olímpicos nos Jogos de Pequim em 2008, com vitória sobre Marcio e Fabio Luiz.

Duplas de outros países também mostraram regularidade e conquistaram títulos importantes. Como por exemplo Aleksandrs Samoilovs e Janis Smedins, da Letônia, três vezes campeões do Circuito Mundial, nas edições de 2013, 2014 e 2016. Um ano antes, nos Jogos de Londres-2012, a dupla formada por Smedins e Martins Plavins gasnhou o bronze nos Jogos de Londres 2012. 

Na Noruega tem os grandes favoritos ao ouro nos Jogos de Tóquio, Anders Mol e Christian Sørum, atuais bicampeões do Circuito Mundial e bronze do Mundial de 2019. Fechando a lista de campeões do circuito, vem Alemanha e Argentina. Os europeus contam com o título dos campeões olímpicos (Londres-2012) Julius Brink e Jonas Reckermann, que também faturaram o Mundial na temporada de 2009. Já os argentinos, que desde então não vivem boa fase na modalidade, têm a conquista de 2002 graças a Mariano Baracetti e Martín Conde, campeões mundiais um ano antes.

Quadro de medalhas geral do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Estados Unidos62210
Brasil37313
Alemanha2013
Austrália1012
China0112
Itália0101
Espanha0101
Canadá0011
Letônia0011
Holanda0011
Suíça0011

O esporte

Na década de 1920, o vôlei de praia surgiu como recreação, em Santa Monica, cidade do estado americano da Califórnia (Reprodução/Twitter)

De hobby a profissionalismo. Muito antes de chegar ao status atual de uma das modalidades mais assistidas e aguardadas dos Jogos Olímpicos, o vôlei de praia foi criado sem pretensão na praia de Santa Monica, na Califórnia (EUA), na década dos anos 1920. Oriunda do vôlei indoor, o esporte foi adaptado para as areias por banhistas californianos que queriam se divertir enquanto aproveitavam um dia de sol. 

Ganhando adeptos aos poucos, a modalidade foi se popularizando dentro e fora dos Estados Unidos e se envolvendo em um espírito competitivo até a criação de seu primeiro torneio, no ano de 1947, disputado por duplas masculinas em Santa Monica. O torneio obteve tanto sucesso que provocou a criação do primeiro circuito, um ano depois, disputado em cinco praias californianas – Santa Bárbara, State Beach, Corona Del Mar, Laguna Beach e Santa Monica – obtendo a inscrição de centenas de jogadores. A disputa contou com patrocínio de marcas de cervejas e refrigerantes, com premiação em dinheiro. 

O enorme engajamento na prática da modalidade incentivou a criação da Associação de Vôlei de Praia da Califórnia, em 1960, sendo a primeira entidade do esporte responsável pela criação de torneios e aplicação de regras. 

Fora dos EUA e antes do Brasil, os primeiros relatos dizem que a modalidade se popularizou bastante na Europa, onde era especialmente praticada em acampamentos nudistas de Francoville, na França, em 1927. 

Alguns anos depois, na década de 30, há relatos da popularidade da prática em inúmeras cidades a margem do Mediterrâneo, bem como em Praga, na então Tchecoslováquia, e na cidade de Riga, capital da Letônia, um pequeno país da região báltica da Europa, com grande tradição no esporte atualmente, tendo conquistado o bronze em Londres 2012 na disputa masculina com Martins Plavins e Janis Smedins. A Austrália, outro país com medalhas olímpicas, foi a primeira nação, exceto os Estados Unidos, a ter um circuito profissional, criado em 1980.

No Brasil, a modalidade que daria ao país inúmeras medalhas olímpicas, chegou na década de 50 – apesar de alguns relatos datarem a prática desde os anos 30 -, mas de forma extremamente amadora, onde era praticada especialmente por policiais, que aproveitavam seu momento de folga, e remadores, especialmente do São Cristóvão de Futebol e Regatas. 

A prática era mais comum na extinta praia do Caju, que desapareceu para a construção da Ponte Rio-Niterói, e nas famosas praias de Ipanema e Copacabana, esta que muitos anos depois se tornaria sede arena da modalidade durante as disputas dos Jogos Olímpicos do Rio, onde para muitos é considerada a mais bela sede de todos os tempos. Mesmo ganhando inúmeros adeptos, a modalidade seguiu de forma amadora e vista apenas como objeto de lazer por muitos anos. 

A virada de chave aconteceu a partir do ano de 1986, quando Copacabana, no Rio, e Santos (SP) sediaram o torneio Hollywood Volley, com a participação de atletas estrangeiros. A partir do ano seguinte, a FIVB (Federação Internacional de Vôlei), oficializou e passou a gerir a modalidade, onde organizou o Aberto Internacional do Rio, na época também chamado de Campeonato Mundial – o torneio não é reconhecido como tal nos registros da Federação- , realizado em Ipanema (RJ).

O primeiro torneio organizado pela FIVB foi o Hollywood Volley, no Rio de Janeiro e em Santos, em 1986. Os americanos Smith e Stoklos ficaram com o ouro, Kiraly e Powers com a prata e os brasileiros Renan e Montanaro, com o bronze (Reprodução)

O ouro ficou para a dupla americana Sinjin Smith e Randy Stoklos, prata para a lenda do vôlei indoor Karch Kiraly, em dupla com Pat Powers e bronze para o Brasil, com dupla formada por dois atletas da famosa geração de prata, Montanaro e Renan dal Zotto, atual técnico da seleção brasileira masculina de vôlei. Não houve torneio feminino. 

Cinco anos depois, nos jogos de Barcelona-1992, a modalidade se fez presente na categoria “esporte demonstração”, onde os resultados são não-oficiais e não contam para o quadro de medalhas. Em dezembro daquele mesmo ano, o Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou o esporte como modalidade olímpica, a partir de Atlanta-1996. 

Primeiramente realizado exclusivamente em praias, e antes disputado também com equipes de quatro atletas e duplas mistas, as regras atuais do vôlei de praia olímpico partem da disputa em uma quadra em formato retangular medindo 16 x 8 m, com uma zona livre de no mínimo cinco metros laterais e seis de fundo. 

A areia, seja em uma praia ou não, deve ter no mínimo 40cm de profundidade e a rede que divide as duplas deve ser colocada na altura de 2,43 m para homens e 2,24 m para as mulheres. Assim como no vôlei indoor, a disputa é dividida em sets, mas ao contrário do outro, na praia a disputa é em uma melhor de três sets de até 21 pontos, sendo necessário no mínimo dois pontos de diferença para que uma dupla feche um set.

Caso haja a necessidade de um set desempate, este dá a vitória para a dupla que fizer 15 pontos primeiro, contanto que também abra dois de diferença no mínimo. Desde sua inserção em Atlanta 96, o esporte tem, além dos Jogos Olímpicos , outros dois torneios importantes, o Campeonato Mundial, que ocorre a cada dois anos e dura algumas semanas, e o Circuito Mundial, torneio disputado em várias etapas ao longo da temporada, vencido pela dupla que somar mais pontos de acordo com suas posições em cada uma delas.