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+100 kg masculino

Chances do Brasil

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 na categoria +100 kg masculino do judô, o Brasil terá Rafael Silva na categoria do peso-pesado. O judoca vai para sua terceira edição olímpica de olho em uma terceira medalha. Em Londres-2012, Baby conquistou um bronze, na Rio-2016, outro bronze.

+ Confira um perfil completo de Rafael Silva e todos os seus resultados no ciclo olímpico

Durante o ciclo para Tóquio, Rafael Silva foi ao pódio em 14 competições, uma regularidade impressionante. Por outro lado, desses 14 pódios apenas dois foram no lugar mais alto, ambos no Pan-Americano (2019 e 2021).

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para a Olimpíada

Diante desse currículo, Baby é bem favorito ao pódio e ponto final. Agora, a categoria tem outros nomes mais favoritos ao ouro.

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Rafael Silva disputará sua terceira Olimpíada em Tóquio (divulgação IJF)

Favoritos +100 kg masculino

Apesar de não ter o mesmo favoritismo dos dois ciclos olímpicos passados, o francês Teddy Riner segue sendo o principal nome da categoria pesado. Bicampeão olímpico e oito vezes campeão mundial na categoria, o francês originário da Ilha de Guadalupe decidiu tirar um período sabático nesse ciclo e só voltou a competir no final de 2019. Antes da parada Teddy ainda conquistou o ouro no mundial de 2017. 

O retorno do francês ao circuito de competições não foi tão simples quanto o esperado. No Grand Slam de Paris, o mais tradicional do calendário do judô, disputado em fevereiro de 2020, pouco antes da paralisação das competições devido à pandemia do Covid-19, Teddy acabou sendo superado pelo japonês Kokoro Kageura, e deu adeus a uma invencibilidade que durava 10 anos e 154 lutas na categoria. Meses depois o judoca voltaria a ser derrotado no campeonato francês. Essas raras derrotas de Teddy mostram que ele pode sim não aparecer no topo do pódio da Olimpíada de Tóquio 2020, ainda que seja o maior favorito.

Teddy Riner racismo FIJ
Tedy Rinner vai atrás do tri na Olimpíada de Tóquio (Gabriela Sabau/FIJ)
Quem pode impedir o tri de Rinner?

Hoje quem aparece como um dos maiores rivais do francês é o tcheco Lukas Krpalek. Campeão olímpico na categoria meio-pesado na Olimpíada do Rio-2016, o judoca subiu de categoria para esse ciclo, chegando ao seu auge na temporada de 2019, com o título do Campeonato Mundial em Tóquio.

Apesar de ter sido o primeiro a derrotar Teddy Riner, o escolhido japonês para representar o país nos Jogos Olímpicos não foi Kokoro Kageura. Devido aos melhores resultados no ciclo olímpico, como a prata no mundial de 2019 e o bronze no mundial de 2018, o escolhido pelo país sede da Olimpíada foi Hisayoshi Harasawa. O judoca nipônico é ainda o atual vice-líder do ranking mundial, atrás apenas do russo Tamerlan Bashaev, e foi campeão do Grand Slam de Dusseldorf de 2019 e do Masters de Qingdao, também em 2019.

Outros bons nomes

E falando no russo, Bashaev chega embalado para Tóquio: prata no Mundial de 2021, prata no Grand Slam de Tel Aviv, ouro no Grand Slam de Kazan e no de Antalya.

O georgiano Guram Tushishvili foi outro judoca que aproveitou a ausência do francês para se tornar campeão mundial. O judoca ganhou a edição de 2018 disputada em Baku e é um dos nomes mais constantes no Circuito Mundial, tendo vencido o Grand Slam de Dusseldorf 2020, e os Grand Prix de Tashkent de 2019 e Zagreb 2018. 

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Henk Grol, da Holanda, vem com grande destaque nos últimos anos. Ele desbancou o compatriota Roy Meyer e isso já diz muito sobre sua capacidade.

Medalhista de bronze nas duas últimas olimpíadas, Rafael Silva conquistou a medalha de bronze no Mundial de 2017 e quinto nos mundiais de 2019 e 2021.

O sul-coreano Min-jong Kim, medalhista de bronze no mundial de 2019, o israelense Sasson Or, e o azeri Ushangi Kokauri, prata no mundial de 2018, correm por fora.

O Brasil no +100 kg masculino do Jogos Olímpicos

Presente no programa olímpico desde a primeira edição do judô nos Jogos, a categoria pesado masculina, ao lado da categoria ligeiro, foi a última a dar ao Brasil um pódio no maior evento esportivo do planeta.

A medalha só chegou na edição de Londres-2012, através de Rafael Silva. O Brasil estreou na categoria apenas na edição de Moscou-1980, mas desde então não ficou de fora de nenhuma edição. No total são duas medalhas de bronze em 10 edições disputadas.

O primeiro representante do Brasil foi Oswaldo Simões Filho, em Moscou-1980. Natural de Recife o brasileiro perdeu logo em sua primeira luta na segunda rodada para Kim Myong Gyu. Nas duas edições seguintes o Brasil teve como judoca Frederico Flexa. Em Los Angeles-1984 o carioca perdeu logo na primeira luta. Já em Seul-1988 o brasileiro venceu suas duas primeiras lutas, mas acabou caindo nas quartas de final para o soviético Grigory Verichev, terminando a olimpíada em 11º lugar.

José Mário Tranquilini disputou a Olimpíada de Barcelona-1992 e foi outro a se despedir logo na estreia, sendo derrotado pelo mongol Bat-Erdene Badmaanyambuugiin. Em Atlanta-1996 o carioca Frederico Flexa voltou a ser o representante do Brasil após se ausentar em 1992. 

Batendo na trave

O primeiro brasileiro a avançar até as quartas de final foi o paulistano Daniel Hernandes em Sidney-2000. Entretanto, o paulistano foi eliminado por Indrek Pertelson, da Estônia. Na repescagem o brasileiro perdeu para Ernesto Pérez, da Espanha, terminando a olimpíada em nono lugar, o melhor resultado brasileiro até então. 

Quatro anos depois, em Atenas-2004, Daniel novamente foi o representante brasileiro, vencendo na primeira luta e sendo derrotado na segunda. Na repescagem Daniel venceu sua luta contra Gabriel Munteanu, mas em seguida foi eliminado novamente por Indrekk Pertlson, assim como foi em Sidney-2000.

João Gabriel Schiliter desembarcou em Pequim como medalhista mundial no peso-pesado no mundial anterior, em 2007, e bem cotado para estar no pódio. Na repescagem, perdeu a segunda luta para a jovem estrela francesa Teddy Riner. João terminou em sétimo lugar.

O pódio, finalmente

As duas edições seguintes renderam ao Brasil suas duas medalhas de bronze através de Rafael Silva. Em Londres-2012 o brasileiro fez história pela primeira vez conquistando o primeiro pódio dos pesados brasileiros. 

Competindo em casa na Rio-2016, Rafael Silva contou com a força da torcida para conquistar sua segunda medalha olímpica. Assim, o brasileiro conquistou seu segundo bronze olímpico, entrando para a seleta lista de brasileiros do judô com duas medalhas olímpicas no currículo.

Histórico +100 kg masculino nos Jogos Olímpicos

O peso-pesado masculino está presente nas olimpíadas desde a estreia da modalidade em Tóquio-1964. O peso exigido inicialmente para a categoria era acima de 80 kg, passando para 93 kg nas edições de Munique-1972 e Montreal-1976, 95 kg entre Moscou-1980 e Atlanta-1996, até chegar nos atuais 100 kg iniciado em Sidney-2000. 

Em 13 edições disputadas, o domínio de Japão e França é gigantesco, com cada um dos países levando cinco medalhas de ouro. No desempate, o Japão leva a melhor com três pratas contra uma dos franceses. Holanda, Equipe Unificada e União Soviética completam os países que já foram campeões entre os pesados.

O primeiro campeão olímpico foi o japonês Isao Inokuma, em Tóquio-1964, assegurando o quarto ouro japonês no judô naquela edição, marcando os 100% de aproveitamento dos donos da casa. 

Veio do Japão o primeiro bicampeão olímpico no peso pesado. Hitoshi Saito conquistou as medalhas de ouro das edições de Los Angeles-1984 e Seul-1988. Na final de Los Angeles, o japonês derrotou o francês Angelo Parisi, campeão quatro anos antes. Em Seul-1988 a vitória foi contra o judoca da Alemanha Oriental, Henry Stohr. 

Excessão à regra

Barcelona-1992 marcou a última edição em que um país sem ser a França ou o Japão conquistou a medalha de ouro no peso-pesado do judô. De origem georgiana, David Khakhaleishvili competiu em Barcelona como parte da Equipe Unificada, após a dissolução da União Soviética, conquistando a medalha de ouro.

O segundo bicampeão olímpico no peso-pesado foi o francês David Douillet na Olimpíada de Atlanta-1996 e na de Sidney-2000. Com o ouro de Douillet em Sidney, a França chegou a três ouros no total, se igualando ao Japão.

Os nipônicos voltaram a abrir vantagem nas duas edições seguintes. Primeiro com Keiji Suzuki, campeão em Atenas-2004. Depois, em Pequim-2008, foi a vez de Satoshi Ishii conquistar a medalha de ouro para o Japão. Foi a quinta medalha de ouro dos asiáticos em Jogos Olímpicos na categoria, abrindo uma vantagem momentânea sobre os franceses.

A chada da lenda

Entre os medalhistas de bronze em Pequim estava a jovem estrela Teddy Riner, que após a decepção de cair nas semifinais, conquistou sua primeira medalha olímpica no judô.

Foi justamente Teddy Riner, o maior nome da história na categoria, o terceiro judoca a conquistar um bicampeonato olímpico. Confirmando o seu enorme favoritismo, o francês venceu quatro lutas em Londres-2012, até derrotar na final o russo Aleksandr Mikhaylin.

No Rio de Janeiro, em 2016, o francês repetiu a dose, batendo na final o japonês Hisayoshi Harasawa. Em ambas as edições, o brasileiro Rafael Silva conquistou a medalha de bronze, fazendo parte do pódio. Foram as primeiras medalhas do Brasil em Jogos Olímpicos nessa categoria do judô.

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Outro local usado nos Jogos de. Tóquio 1964, o Nippon Budokan receberá as competições de judô e caratê (Crédito: Divulgação)

Medalhistas – judô +100 kg masculino – Jogos Olímpicos

JogosOuroPrataBronze
Tóquio-1964Isao Inokuma (JAP)Doug Rogers (CAN)Parnaoz Chik’viladze (URS)
Anzor K’ik’nadze (URS)
Munique-1972Wim Ruska (HOL)Klaus Glahn (FRG)Motoki Nishimura (JAP)
Givi Onashvili (URS)
Montreal-1976Sergey Novikov (URS)Günther Neureuther (FRG)Sumio Endo (JAP)
Allen Coage (EUA)
Moscou-1980Angelo Parisi (FRA)Dimitar Zapryanov (BUL)Vladimír Kocman (TCH)
Radomir Kovačević (IUG)
Los Angeles-1984Hitoshi Saito (JAP)Angelo Parisi (FRA)Jo Yong-Cheol (COR)
Mark Berger (CAN)
Seul-1988Hitoshi Saito (JAP)Henry Stöhr (GDR)Jo Yong-Cheol (COR)
Grigory Verichev (URS)
Barcelona-1992Davit Khakhaleishvili (EUN)Naoya Ogawa (JAP)David Douillet (FRA)
Imre Csősz (HUN)
Atlanta-1996David Douillet (FRA)Ernesto Pérez (ESP)Frank Möller (ALE)
Harry Van Barneveld (BEL)
Sydney-2000David Douillet (FRA)Shinichi Shinohara (JAP)Indrek Pertelson (EST)
Tamerlan Tmenov (RUS)
Atenas-2004Keiji Suzuki (JAP)Tamerlan Tmenov (RUS)Dennis van der Geest (HOL)
Indrek Pertelson (EST)
Pequim-2008Satoshi Ishii (JAP)Abdullo Tangriyev (UZB)Óscar Brayson (CUB)
Teddy Riner (FRA)
Londres-2012Teddy Riner (FRA)Aleksandr Mikhaylin (RUS)Andreas Tölzer (ALE)
Rafael Silva (BRA)
Rio-2016Teddy Riner (FRA)Hisayoshi Harasawa (JAP)Rafael Silva (BRA)
Or Sasson (ISR)

Quadro de medalhas – judô +100 kg masculino – Jogos Olímpicos

PaísOuroPrataBronzeTotal
Japão53210
França5128
União Soviética1045
Holanda1012
Equipe Unificada1001
Rússia0213
Alemanha Ocidental0202
Canadá0112
Bulgária0101
Alemanha Oriental0101
Espanha0101
Uzbequistão0101
Brasil0022
Estônia0022
Alemanha0022
Coreia do Sul0022
Bélgica0011
Cuba0011
Tchecoslováquia0011
Hungria0011
Israel0011
Estados Unidos0011
Iugoslávia0011