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Salto em distância masculino

Salto em distância masculino – Atletismo – Jogos Olímpicos Tóquio 2020

Calendário

Recordes do salto em distância masculino

OlímpicoMundialBrasileiro
8,90m / Bob Beamon (USA) / Cidade do México (MEX) – 18/10/1968
8,95m / Mike Powell (USA) / Tóquio (JPN) – 30/08/1991
8,40m / Douglas de Souza / São Paulo (BRA) – 15/02/1995

Chances do Brasil no salto em distância masculino

São dois brasileiros na prova, Samory Uiki e Alexsandro Melo. Samory conquistou a vaga batendo o índice por 1 cm, cravou 8,23 m. Foi o único salto dele além dos oito metros na carreira. Ocupa o 61º lugar no ranking mundial e tem como resultado internacional mais expressivo o quarto lugar no sul-americano deste ano. O atleta tem o nome inspirado num herói africano e Uiki significa mel em urubá, dialeto nigeriano. Os pais, gaúchos, Dalmir e Carla, quiseram resgatar a ancestralidade africana ao dar o nome ao filho. Alexsandro, apesar de ter se classificado somente pelo ranking, tem uma carreira mais consistente. É o 13º do mundo, já foi 12º, e já saltou algumas vezes além dos 8 metros. A melhor marca é 8,19m em 2018. Foi bronze no sul-americano deste ano e quarto colocado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Chances remotas de medalha.

O Brasil nos Jogos

A estreia brasileira no salto em distância foi em Los Angeles-1932. Três brasileiros estavam inscritos: Clóvis Raposo, João da Costa e Carlos Woebcken. Mas apenas Clóvis Raposo realmente competiu, ficando em 8º com 6,43 m. Márcio de Oliveira competiu em Berlim-1936 ao lado de Jesse Owens e terminou em 15º no geral com 7,05 m. Geraldo de Oliveira foi mais um que estava inscrito e acabou não competindo em Londres-1948.

O melhor resultado da história do Brasil na prova viria na edição seguinte, em Helsinque-1952. Ary de Sá fez uma ótima qualificação conquistando o 6º lugar com 7,24 m e, na decisão, acabou na excelente 4ª colocação com 7,23 m, a apenas 7 cm do pódio. Geraldo de Oliveira também competiu na Finlândia, terminando em 23º na quali com 6,71 m. Ary voltou a competir em Melbourne-1956, mas parou na qualificação com 7,00 m e a 20ª colocação.

Bronze no salto em altura em 1952, José Telles da Conceição competiu no salto em distância em Roma-1960, mas não participou da quali. O mesmo aconteceu com Luiz Carlos da Silva, em Munique-1972.

Na edição canadense em Montreal-1976, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, foi 6º na quali com 7,87 m e terminou a final na ótima 5ª posição com 8,00 m, um dia antes de sua medalha de bronze no salto triplo. Ele voltou a competir na prova em Moscou-1980, fazendo a 12ª marca na qualificação com 7,78 m, mas não competiu na final.

Três brasileiros competiram em Atlanta-1996, mas nenhum se classificou para a final. Nelson Ferreira foi 27º com 7,76 m, Douglas da Souza foi 33º com 7,61 m e Márcio da Cruz terminou em 42º com 7,12 m. Nelson Ferreira voltou a competir em Sydney-2000, mas foi mal, terminando e 43º com 7,32 m.

Especializado no salto triplo, Jadel Gregório também competiu no salto em distância em Atenas-2004, ficando em 32º na quali com 7,50 m. Mauro da Silva esteve em Pequim-2008, mas foi 26º na quali com 7,75 m, fora da final. Já em Londres-2012, Mauro foi o melhor na qualificação com 8,11 m, mas na final fez 8,01 m e acabou em 7º. No Rio-2016, Higor Alves foi o único a competir, ficando em 28º com 7,59 m.

+ Veja a lista dos brasileiros classificados para os Jogos

Os Favoritos

O jamaicano Tajay Gayle fez uma grande prova na decisão do Mundial de 2019, vencendo com 8,69 m, o melhor salto do mundo desde 2009. Com esta marca, Gayle se tornou o 10º melhor saltador da história. Um pouco antes do Mundial, ele havia ficado com a prata nos Jogos Pan Americanos de Lima-2019, perdendo para o cubano Juan Miguel Echevarría, outro fortíssimo candidato a medalha em Tóquio. Echevarría foi bronze no Mundial e ouro no Pan, além de ter vencido o Mundial Indoor de 2018. Seu melhor salto em 2019 foi de 8,65 m e ele saltou seis vezes acima dos 8,30 m neste ano.

A África do Sul tem dois grandes nomes para brigar por pódio na prova. Luvo Manyonga foi campeão mundial em 2017 e prata no Rio-2016 e Ruswahl Samaai foi bronze no Mundial de 2017 e é bicampeão africano. Ouro no Rio, o americano Jeff Henderson segue bem, vindo da prata no Mundial de 2019.

Os chineses Wang Jianan e Huang Changzhou, o grego Miltiadis Tentoglou, campeão europeu em 2018, e o sueco Thobias Montler são outros fortes nomes que podem brigar por medalha.

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Histórico do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos

O salto em distância masculino está presente no programa dos Jogos desde a sua primeira edição em Atenas-1896, quando a vitória ficou com o americano Ellery Harding Clark com 6,35 m. Clark usava seu chapéu como marcador, mas Constantino I, futuro rei da Grécia e que servia como árbitro da competição, removeu o chapéu por duas vezes, declarando que era uma competição amadora. Já em Paris-1900, a marca da qualificação valeria para a final. O americano Myer Prinstein havia feito a melhor marca e fez um acordo com seu compatriota Alvin Kraenzlein para não competirem na final, que seria num domingo, mas Kraenzlein competiu e ainda superou a marca de Prinstein, que ficou muito irritado e ameaçou bater no concorrente. Kraenzlein foi o grande nome dessa edição olímpica, vencendo quatro provas: 60 m, 110 m com barreiras, 200 m com barreiras e o salto em distância. Os americanos seguiram vencendo a prova nas edições seguintes, que iam batendo o recorde olímpico a cada edição antes da 1ª Guerra Mundial.

O sueco William Petersson quebrou a sequência americana ao vencer na Antuérpia-1920 após a Guerra com 7,15 m. Mas em seguida veio mais um longo domínio dos Estados Unidos. Um desses americanos a vencer foi ninguém menos que Jesse Owens, em Berlim-1936. Owens já tinha chocado Adolf Hitler quando venceu os 100 m no dia anterior e ele era novamente o favorito para o salto em distância, tendo se tornado o primeiro atleta a saltar acima dos oito metros no ano anterior, batendo o recorde mundial com 8,13 m. Ele bateu o recorde olímpico por três vezes durante a competição até vencer com 8,06 m, o primeiro a passar da marca de 8 m em uma Olimpíada e deixando o favorito da casa, o alemão Luz Long, em segundo lugar com 7,87 m. Longo foi o primeiro a parabenizar Owens pela vitória, abraçando-o na frente de Hitler. Os dois se tornaram grandes amigos e seguiram se comunicando após os Jogos, até o falecimento de Long durante a 2ª Guerra Mundial. Owens seria mais tarde o padrinho de casamento do filho do alemão. Long receberia postumamente a Medalha Pierre de Coubertin em 1964 por sua atitude.

Desde a vitória de Owens que ninguém conseguia saltar acima dos 8 m em uma Olimpíada. Isso mudou em Roma-1960 com quatro atletas alcançando a marca na decisão, vencida pelo americano Ralph Boston com 8,12 m contra 8,11 m de seu compatriota Bo Roberson. Boston voltou em Tóquio-1964 como grande favorito, tendo batido o recorde mundial com 8,34 m um mês antes dos Jogos, mas foi surpreendido pelo britânico Lynn Davies, campeão com 8,07 m contra 8,03 m do americano.

Boston novamente era o favorito na Cidade do México-1968 ao lado do soviético Igor Ter-Ovanesyan, ambos recordistas mundiais com 8,35 m. Boston tinha batido o recorde olímpico na qualificação com 8,27 m, mas ninguém no mundo estava pronto para o que aconteceria na final. Logo em seu primeiro salto, o americano Bob Beamon voou longe, quase chegando ao fim da caixa de areia. O aparelho ótico que mediria o salto não alcançava a marca e uma trena foi solicitada. Beamon havia saltado inacreditáveis 8,90 m, 55 cm melhor que o recorde mundial.

Com pouca familiaridade com o sistema métrico, Beamon não tinha entendido o seu feito e a ficha só caiu após Boston avisá-lo que ele tinha quebrado a marca por mais de dois pés. Beamon não acreditou, caiu de joelhos e ficou em estado de choque. Ninguém chegou nem perto da sua marca. Após os Jogos, Beamon foi draftado para a NBA, mas nunca jogou uma partida e também encerrou sua carreira no atletismo.

Los Angeles-1984 foi o início do domínio de uma lenda, o americano Carl Lewis. O seu primeiro ouro em casa havia vindo nos 100 m dois dias antes. No salto em distância, Lewis dominou desde a quali, quando marcou 8,30 m. Na decisão, foi ouro com 8,54 m, 30 cm melhor que o vice-campeão, o australiano Gary Honey. A segunda vitória de Lewis na prova veio em Seul-1988 com um excelente 8,72 m em pódio todo americano.

Em Barcelona-1992, Lewis novamente chegou como favorito, mas seu compatriota Mike Powell havia surpreendido o mundo batendo o recorde mundial com 8,95 m no ano anterior. Lewis abriu a final com 8,67 m e a emoção foi até o último salto, quando Powell chegou muito perto, fazendo 8,64 m. Carl Lewis fecharia sua imbatível sequência vencendo aos 35 anos a prova em Atlanta-1996 com 8,50 m, se tornando apenas o segundo atleta da história olímpica a vencer a mesma prova individual pela 4ª vez.

Sem Lewis, a vitória em Sydney-2000 ficou com o cubano tetracampeão mundial Ivan Pedroso com 8,55 m. Esta foi a primeira vez que um americano não subiu ao pódio, sem contar com o boicote em Moscou. O americano Dwight Phillips venceu em Atenas-2004 com 8,59 m. Phillips também vencera o Mundial no ano anterior e levaria mais três nos anos seguintes.

O panamenho Irving Saladino, treinado pelo brasileiro Nélio Moura, foi campeão em Pequim-2008 com 8,34 m, numa prova que pela primeira vez não teve um americano na final (excluindo-se o boicote em Moscou-1980). Em Londres-2012, Saladino queimou as três tentativas na quali e não pôde defender seu título na final. A vitória ficou com o britânico Greg Rutherford, brilhando em casa com 8,31 m. A vitória no Rio-2016 ficou com o americano Jeff Henderson, campeão com 8,38 m, apenas 1 cm melhor que o sul-africano Luvo Manyonga.

Medalhistas do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos

Olimpíada
Atenas 1896Ellery Clark
USA
Bob Garrett
USA
James B. Connolly
USA
Paris 1900Al Kraenzlein
USA
Meyer Prinstein
USA
Pat Leahy
GBR
St. Louis 1904Meyer Prinstein
USA
Dan Frank
USA
Robert Stangland
USA
Atenas 1906Meyer Prinstein
USA
Peter O’Connor
GBR
Hugo Friend
USA
Londres 1908Frank Irons
USA
Dan Kelly
USA
Cal Bricker
CAN
Estocolmo 1912Albert Gutterson
USA
Cal Bricker
CAN
Georg Åberg
SWE
Antuérpia 1920William Petersson
SWE
Carl Johnson
USA
Erik Abrahamsson
SWE
Paris 1924DeHart Hubbard
USA
Ned Gourdin
USA
Sverre Hansen
NOR
Amsterdã 1928Ed Hamm
USA
Sylvio Cator
HAI
Al Bates
USA
Los Angeles 1932Ed Gordon
USA
Lambert Redd
USA
Chuhei Nanbu
JPN
Berlim 1936Jesse Owens
USA
Luz Long
GER
Naoto Tajima
JPN
Londres 1948Willie Steele
USA
Bill Bruce
AUS
Herb Douglas
USA
Helsinque 1952Jerome Biffle
USA
Meredith Gourdine
USA
Ödön Földessy
HUN
Melbourne 1956Greg Bell
USA
John Bennett
USA
Jorma Valkama
FIN
Roma 1960Ralph Boston
USA
Bo Roberson
USA
Igor Ter-Ovanesyan
URS
Tóquio 1964Lynn Davies
GBR
Ralph Boston
USA
Igor Ter-Ovanesyan
URS
Cidade do México 1968Bob Beamon
USA
Klaus Beer
GDR
Ralph Boston
USA
Munique 1972Randy Williams
USA
Hans Baumgartner
FRG
Arnie Robinson
USA
Montreal 1976Arnie Robinson
USA
Randy Williams
USA
Frank Wartenberg
GDR
Moscou 1980Lutz Dombrowski
GDR
Frank Paschek
GDR
Valery Podluzhny
URS
Los Angeles 1984Carl Lewis
USA
Gary Honey
AUS
Giovanni Evangelisti
ITA
Seul 1988Carl Lewis
USA
Mike Powell
USA
Larry Myricks
USA
Barcelona 1992Carl Lewis
USA
Mike Powell
USA
Joe Greene
USA
Atlanta 1996Carl Lewis
USA
James Beckford
JAM
Joe Greene
USA
Sydney 2000Iván Pedroso
CUB
Jai Taurima
AUS
Roman Shchurenko
UKR
Atenas 2004Dwight Phillips
USA
John Moffitt
USA
Joan Lino Martínez
ESP
Pequim 2008Irving Saladino
PAN
Godfrey Khotso Mokoena
RSA
Ibrahim Camejo
CUB
Londres 2012Greg Rutherford
GBR
Mitch Watt
AUS
Will Claye
USA
Rio 2016Jeff Henderson
USA
Luvo Manyonga
RSA
Greg Rutherford
GBR

Quadro de medalhas do salto em distância masculino nos Jogos Olímpicos

 PaísTotal
1Estados Unidos23151149
2Grã-Bretanha2125
3Alemanha Oriental1214
4Suécia1023
5Cuba1012
6Panamá1001
7Austrália0404
8África do Sul0202
9Canadá0112
10Alemanha0101
10Haiti0101
10Jamaica0101
10Alemanha Ocidental0101
14União Soviética0033
15Japão0022
16Finlândia0011
16Hungria0011
16Itália0011
16Noruega0011
16Espanha0011
16Ucrânia0011

A prova

Salto em distância é uma modalidade olímpica de atletismo, onde os atletas combinam velocidade, força e agilidade para saltarem o mais longe possível a partir de um ponto pré-determinado.

O salto deve ser dado após uma corrida numa raia marcada no chão, com o atleta saltando o mais longe possível dentro de uma caixa de areia ao fim dela. O salto é invalidado caso o atleta pise no final da tábua de impulsão, que geralmente é marcado por uma listra vermelha, colocada exatamente no início da caixa. Atualmente, o bordo da tábua é coberto por plasticina para facilitar a decisão dos juízes em casos dúbios. A distância é então medida do limite da tábua até a primeira marca na areia feita pelo corpo do atleta. A maioria dos eventos disputados é composto de seis saltos, sendo que alguns deles, que tem marcas mais baixas, constam de apenas três saltos. Se os competidores empatam no salto mais longo, é declarado vencedor aquele com a segunda marca mais longa.

Em eventos esportivos de grande magnitude, como os Jogos Olímpicos ou o Campeonato Mundial de Atletismo por exemplo, os doze melhores atletas dentre todos os que participam da primeira rodada de saltos, são classificados para a final; nela, todos dão três saltos mas apenas os oito primeiros colocados participam da rodada final de mais três saltos. Todos os seis saltos destes atletas finais valem para aferir o vencedor.

Como em diversas outras modalidades do atletismo, saltos dados com vento a favor acima de 2m/s não tem validade para a aferição de recordes.