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Assunção 2022

Brasil vence Jogos Sul-Americanos 2022, mas não bate recorde

Com força quase-máxima em Assunção, Brasil vence Jogos Sul-Americanos pela terceira vez na história

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Giovanna Diamante com suas dez medalhas conquistadas em Assunção 2022 (Foto: Wander Roberto / COB)

O Comitê Olímpico do Brasil pediu para as confederações enviarem delegações principais para os Jogos Sul-Americanos de Assunção 2022. Apesar do COB ainda não ter feito um balanço oficial, pode-se considerar que a campanha do Brasil foi um sucesso. Com a liderança do quadro de medalhas assegurada, e após a Cerimônia de Encerramento neste sábado (15), o esporte brasileiro olha para o futuro. A expectativa agora é saber se o desempenho do país no Paraguai contribuirá com o sucesso do esporte brasileiro em torneios maiores, como mundiais e etapas de copa do mundo, mas principalmente os Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e Jogos Olímpicos de Paris 2024.

+ Quadro de medalhas dos Jogos Sul-Americanos de Assunção

Enquanto alguns campeões mundiais e medalhistas olímpicos sobraram em quadra, como Abner Teixeira, no boxe, e Ana Marcela Cunha, na maratona aquática, outros não levaram o ouro, ainda que tenham subido no pódio. Foi o caso de Isaquias Queiroz, na canoagem, e Nathalie Moellhausen, na esgrima, por exemplo.

Brasil vence Jogos Sul-Americanos pela terceira vez na história

O Brasil conseguiu, com bastante folga, a melhor campanha da história, liderando o quadro de medalhas com 133 ouros, 100 pratas e 86 bronzes. Foram 319 pódios no total. O país ficou muito à frente da Colômbia, com suas 255 medalhas, sendo 79 ouros, 78 pratas e 98 bronzes. Outra meta alcançada em parte foi a conquista de vagas para o Pan-Americano de Santiago, ainda que algumas tenham ficado pelo caminho.

O Brasil chegou muito perto de um terço das medalhas de ouro em disputa: foram 133 das 404 provas, ou seja, 32,92%. Foi apenas a terceira vez que o Brasil liderou o quadro de medalhas dos Jogos Sul-Americanos, repetindo os feitos de 2002, quando sediou em Belém, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo – única edição a não ter apenas uma sede -, e em Santiago 2014. 

Porém, o Brasil não conseguiu sua melhor campanha na competição. Em 2002 levou 148 ouros e 333 medalhas, competindo em casa. Em Assunção, o Time Brasil conseguiu igualar os 133 ouros vencidos em Medellín, que segue sendo a melhor campanha de um país fora de casa: na Colômbia, em 2010, o Brasil saiu com 119 pratas e 103 bronzes, totalizando 355 medalhas. Apesar de tantas conquistas, o Brasil ainda perdeu para o país-sede. A Colômbia venceu 144 ouros, 124 pratas e 104 bronzes.

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Enquanto a Argentina dominou as seis primeiras edições (entre La Paz 1978 e Cuenca 1998) e ainda venceu em casa (Buenos Aires 2006), a Colômbia tem sido a principal rival do Brasil no torneio recentemente, vencendo o maior número de ouros em Medellín 2010 e Cochabamba 2018. Tanto que em Assunção 2022, só a Colômbia chegou perto do Brasil, nos primeiros dias.

Dos 15 países que participaram, o único que não conseguiu subir ao pódio foi o Suriname. O atleta do pequeno país que chegou mais perto foi Tosh van Diik, do taekwondo. Ele ficou a uma luta da medalha de bronze. Ele venceu na estreia o boliviano Jorge Eliseo Copa, mas perdeu nas quartas para o brasileiro Henrique Marques, que seria vice dos 80kg.

Com sete ouros e 42 medalhas, o Paraguai bateu o seu recorde, que era de Cochabamba 2018, com seis ouros e 30 pódios. Ainda que os atletas tenham conquistado muitas medalhas, o maior destaque foi da torcida que fez muito barulho durante as duas semanas. Porém, não conseguiu igualar a sétima posição, alcançada em La Paz 1978. Na primeira edição dos Jogos, quando ainda era oficialmente Jogos do Cruzeiro do Sul, apenas oito países competiram.

Além disso, a Cerimônia de Abertura foi bem empolgante, apesar de um calendário estranho, com dias praticamente sem disputas de medalha e um formato em que as cerimônias de abertura e encerramento foram no sábado.

Giovanna Diamante é a maior multi-medalhista de Assunção 2022

O domínio do Brasil fica claro quando olhamos para as medalhas. Os sete maiores campeões da natação vieram do Brasil. Giovanna Diamante foi a principal medalhista dos jogos, com dez pódios: oito ouros e duas pratas. Stephanie Balduccini foi a segunda maior medalhista, com oito: sete ouros e um bronze. Guilherme da Costa, o Cachorrão, ganhou quatro provas, assim como Evandro Vinicius, uma das principais revelações dos Jogos para o público que não é especialista em natação. Guilherme Basseto, Vinicius Assunção, Gabriel Santos e Leonardo de Deus foram os outros nadadores com três ouros. Todos brasileiros.

Na ginástica Caio Souza saiu com cinco medalhas, sendo quatro de ouro e uma prata. Júlia Soares dominou as provas femininas com quatro ouros. Carolyne Pedro também subiu ao pódio quatro vezes, levando dois ouros e duas pratas. Mas nas duas pratas, ela só ficou atrás de Júlia. As duas estarão no Mundial de Liverpool daqui a duas semanas e serão fundamentais nas pretensões brasileiras em conquistar um pódio inédito por equipes e assegurar a vaga olímpica em Paris 2024.

E na ginástica rítmica, quem foi a maior medalhista? Uma brasileira, claro! Bárbara Domingos levou quatro ouros e uma prata. Aliás, só deu Brasil, com oito ouros no esporte.

Os maiores campeões sem ser brasileiros foram uruguaios: Felipe Kluver e Bruno Cetaro, cada um com quatro ouros no remo. Já em número de medalhas foram três nadadores, com sete pódios: a argentina Macarena Ceballos e o venezuelano Alfonso Mestre com um ouro, três pratas e três bronzes cada; e o colombiano Omar Pinzón, com quatro pratas e três bronzes.

Quem será a revelação de Assunção 2022?

A expectativa era que com a competição, que foi transmitida gratuitamente pelo Canal Olímpico do Brasil e PanAm Sports Channel, o torcedor brasileiro fique mais próximo dos atletas e acompanhe melhor o ciclo olímpico adiante. Nesse sentido, outros bons resultados do Brasil chamam a atenção. A equipe de levantamento de peso obteve apenas um ouro, mas fez boas marcas em um esporte em que os países da América do Sul são potência.

Geovana Meyer levou um ouro e um bronze, sendo que a marca que lhe valeu o título de campeã sul-americana lhe credencia a conquistas maiores. Ainda que todo o time de natação não estava polido para a competição, Luiz Gustavo Borges ficou próximo de bater a melhor marca de sua carreira rumo ao ouro nos 50m livre

Quase que ao apagar das luzes, já na tarde deste sábado (15), Alice Melo e Wellyda Rodrigues levaram bronze no Madison. Foi a primeira e única medalha do ciclismo de pista do Brasil em Assunção 2022. Ainda que o esporte pareça crescer a passos de formiga no Brasil, a dupla é considerada a aposta mais forte do país para disputar uma vaga olímpica em Paris 2024. Mirelle Silva, prata nos 3.000m com obstáculos, foi a primeira de uma indígena representando o Brasil. A atleta, de 20 anos, e que tornou-se mãe aos 15, quer se tornar a primeira indígena brasileira a estar nos Jogos Olímpicos.

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Até nas desilusões, vem as esperanças. Os Jogos Sul-Americanos marcaram a campanha de vários atletas, seja nas vitórias e nas derrotas. É o caso do atirador Hussein Daruich, de apenas 14 anos, que obteve bons resultados no circuito internacional este ano. Apesar da má campanha em Assunção, a experiência nos Jogos pode lhe ajudar no desenvolvimento de sua carreira.

Para Luca Kumahara, um dos destaques do tênis de mesa na competição, com um ouro e três bronzes, os Jogos Sul-Americanos pode ser o propulsor em sua nova fase da carreira. Dono de quatro medalhas, sendo uma de ouro, no individual feminino, esta foi a primeira competição que ele participou depois do anúncio público que é homem trans.

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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