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Tóquio 2020

Após doping e série de lesões, Ana Cláudia Lemos volta com foco em Tóquio

Depois de sofrer com contaminação que resultou em doping e uma série de lesões, Ana Cláudia Lemos volta disposta a fazer de 2021 o melhor ano de sua carreira

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No revezamento 4 x 100 m, Ana Cláudia Lemos foi reserva em Pequim e fez parte do time que ficou em sétimo em Londres (Wagner Carmo/CBAt)

A velocista Ana Claudia Lemos da Silva (Mampituba/Criciúma-SC) participou do camping do revezamento do 4×100 m feminino realizado em Bragança Paulista, no último final de semana pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). A atleta está otimista com as suas possibilidades e as chances das provas de velocidade para a temporada olímpica de 2021. A cearense volta para a seleção brasileira depois de uma ausência de três anos atrapalhados por lesões e quer retomar o nível do último ciclo, conseguindo índices nas provas individuais e a vaga no revezamento.

“Foi um ciclo olímpico bem complicado e minha última participação na seleção em 2017, no Mundial de Londres. Minha expectativa é obter o índice nas provas individuais, estar dentro do revezamento e concretizar um sonho: ir para a quarta Olimpíada com chances e em busca da medalha. Se eu chegar a minha melhor forma, contando com a Rosangela Santos e a Vitoria Rosa, que têm resultados bem expressivos, e com o potencial das mais novas é possível, mas também não é fácil. É necessário trabalho duro e estou fazendo a minha parte”, resumiu Ana Claudia.

A história olímpica de Ana Cláudia Lemos começou em Pequim-2008, quando ela foi reserva do revezamento 4 x 100 m que herdou a medalha de bronze com a eliminação da Rússia por doping. Em Londres-2012, foi eliminadas nas eliminatórias dos 200 m rasos e fez parte da equipe de revezamento que terminou em sétimo lugar no 4 x 100 m.

Foi no ciclo para a Rio-2016 que Ana Cláudia Lemos obteve seus melhores resultados. Em 2013 chegou a correr os 100 m rasos em 10s93, mas o vento estava acima do permitido. Se melhor tempo oficial foi obtido em 2015, quando ela fez 11s01. No mesmo ano, no entanto, foi vítima de um doping, que segundo ela, foi causado por contaminação por oxandrolona.

A versão de Ana Cláudia Lemos foi comprovada e ela pegou “só” cinco meses de suspensão, tempo suficiente para que ela pudesse disputar os Jogos do Rio de Janeiro. Mas um desconforto no joelho fez com que ela fosse cortada da competição quando já estava na Vila Olímpica. Ela participaria dos 100 m rasos, 200 m rasos e do revezamento 4 x 100.

Em 2017, Ana Cláudia Lemos representou o Brasil no Mundial de atletismo de 2017, mas depois disso teve muitas lesões musculares nas pernas – posterior e panturrilha – e em 2018 rompimento do tendão de Aquiles esquerdo, sem conseguir dar sequência aos treinamentos. Quando voltava à boa forma viu a paralisação da temporada de 2020 por causa da COVID-19 e na semana do Troféu Brasil, em dezembro, enfrentou uma contratura muscular. 

Por essas e outras, Ana Cláudia Lemos, aos 32 anos, aposta todas suas fichas em 2021 e nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O objetivo principal dela no momento é buscar os índices nos 100 m e nos 200 m, 11.15 e 22.80 são os números que persegue. “Tenho de voltar a competir e voltar ao meu nível do ciclo passado. E depois pensar em avançar um degrau a mais, mas primeiro é competir e competir pelo índice.”

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Ana Cláudia (primeira da esquerda para direita) posa com atletas da seleção em Bragança

O treinador Katsuhico Nakaya aposta na volta da Ana Claudia Lemos, que é treinada por ele individualmente, ao revezamento 4×100 m do Brasil que busca vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio. “O único empecilho que tivemos nos anos anteriores foram as contusões que se sucederam após a lesão grave que ela teve no tendão de Aquiles”, comenta. Observou que nesta temporada a velocista está treinando muito bem, está forte e conseguindo se recuperar de um treino para o outro. “Estamos otimistas. Em condições normais, se não houver nenhum contratempo com lesões, tem tudo para estar na equipe.”

Nakaya já vislumbra um revezamento muito forte com Ana Claudia correndo pelo menos para 11.15, 11.20, integrado ainda pela experiente Rosangela Santos, que está fazendo a temporada indoor na Europa, e por Vitoria Rosa – que também está qualificada para a Olimpíada nos 200 m – e mais uma outra velocista da jovem geração. Lorraine Martins e Ana Carolina Azevedo são candidatas para a vaga, assim como Bruna Farias, Andressa Moreira Fidélis, Gabriela Mourão e Vida Aurora Caetano. “E se eu tiver esse grupo podemos fazer ‘alguma graça’”, diz Nakaya com otimismo.

O treinador entende que o Brasil tem duas boas oportunidades de qualificação olímpica, o Mundial de Revezamentos de Silesia, previsto para 1 e 2 de maio, na Polônia, e o Sul-Americano, ainda sem data e local confirmados. “Temos tudo para sermos finalistas no Mundial de Revezamentos. Estou preocupado com a performance individual de cada uma. Pelo que tenho observado, se tudo transcorrer bem, essa geração tem a possibilidade de bater o recorde sul-americano”, afirma Nakaya.

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O treinador observa que apesar dos contratempos no último Mundial o Brasil correu 42.64 e com as performances individuais aquém do que cada uma pode fazer. “Se em 2021 o grupo tiver cada uma em seu nível ideal pode correr abaixo de 42.29 (recorde da equipe do Brasil obtido em Moscou-2013, com Ana Claudia e Rosângela, mais Evelyn Santos e Franciela Krazucki)”, completa Nakaya.

Ana Claudia Lemos concorda com o treinador e acha que o grupo tem condições de conseguir melhorar a marca continental. “Não tenho dúvida que isso é possível, se estivermos em nosso melhor. É questão de encaixar uma boa competição. É um grupo que mescla atletas como eu e a Rosangela e jovens de duas gerações.”

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