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Tóquio 2020

Jessica Yamada sente estreia e cai na primeira partida em Jogos Olímpicos

Brasileira contou que sentiu o braço travado no duelo contra a suíça Rachel Marot. “Eu realmente estava bem desconfortável, com certeza muito por causa da estreia”

Jessica Yamada
Brasileira ainda joga o torneio por equipes (Gaspar Nóbrega/COB/arquivo)

Tóquio – A estreia olímpica pesou na derrota de Jessica Yamada para Rachel Marot na primeira rodada da chave de simples do tênis de mesa dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A brasileira caiu para a suíça em seis games, com parciais de 11/6, 6/11, 11/4, 7/11, 11/5 e 14/12, na madrugada deste sábado (24) no Brasil, tarde do mesmo dia no Japão. A partida foi marcada por altos e baixos dos dois lados. A brasileira ainda não encerrou sua participação na capital japonesa, volta à quadra ao lado de Bruna Takahashi e Caroline Kumahara para o torneio de duplas.

“Eu tentei preparar bem a cabeça para estar aqui bem tranquila, mas acho que do começo ao fim o braço estava um pouco duro. Estava um pouco nervosa e demorei um pouco para conseguir controlar a mente e entender o que estava acontecendo. Eu geralmente percebo rápido, para poder mudar a tática, mas desta vez parecia que eu não estava sabendo muito bem o que estava acontecendo. Eu realmente estava bem desconfortável, com certeza muito por causa da estreia. Eu também sentia que ela estava, que podia aproveitar isso, mas não consegui.” O técnico Hugo Hoyama teve uma avaliação parecida. “Ela entrou um pouco travada, pelo nervosismo, depois, a partir do segundo set eu falei que era importante ela ficar pulando para soltar.”

Mesma mesa, mesma bola, mas…

“Eu sei que Jogos Olímpicos é um evento totalmente diferente dos outros, apesar de ser a mesma mesa, a mesma bola, as mesmas pessoas. Eu esperei muito e sabia que essa parte do psicológico seria muito importante para mim. Saio feliz da torcida da galera, mas ao mesmo tempo frustrada porque poderia ter jogado melhor. Esse aqui não é o meu nível atual. Então eu fico um pouco triste. A gente tem de ganhar no dia bom e no dia ruim e hoje eu não consegui. Isso me deixa bem chateada”.

Ela detalhou um pouco onde que esse desconforto pela estreia apareceu no jogo. “A chave era que eu tinha de acertar nas primeiras bolas e isso foi uma coisa que eu não consegui fazer. Eu sabia que se eu conseguisse eu ganharia. Tanto que todos os sets do lado de lá eu consegui fazer isso e sempre ganhava o ponto. A chave era eu conseguir receber em um lugar que ela não gostava, de um jeito que ela não gostava. Foi outra coisa que eu demorei muito para perceber. Essas coisas fizeram muita falta, uma percepção mais rápida para conseguir mudar o jogo. Foi uma pena.”

A brasileira aproveitou para mandar um recado ao Brasil. “Queria aproveitar para agradecer todo mundo que me mandou mensagem, que tava torcendo. Eu sei que tem muita gente que estava acordada para me ver. Eu senti a vibração de todo povo brasileiro então queria agradecer a torcida de todos.”

União da equipe

Hugo Hoyama avaliou que a brasileira fez um bom jogo, apesar do nervosismo, e destacou também o aprendizado que da estreia em Jogos Olímpicos. “A gente aprende muito nessa hora, foi a primeira Olimpíada e com certeza esse jogo vai ficar guardado na memória. Ela fez de tudo para estar aqui”, falou, já vislumbrando um eventual novo ciclo. “Vamos ver o que vai decidir, mas a gente vai poder contar com ela por um tempo ainda”.

Jessica Yamada volta à mesa, ao lado de Bruna Takahashi e Caroline Kumahara, para enfrentar a seleção de Hong Kong no torneio por equipes do tênis de mesa dos Jogos Olímpicos. O duelo será no dia 1º de agosto do Japão, mas como ainda não há definição do horário, não dá para saber quando será no Brasil. O mais provável é que seja na madrugada do dia 31 para o dia 1º. “É uma equipe bem forte, geralmente as equipes da Ásia são bem fortes. Mas eu acredito na minha equipe, até porque a gente está com uma atmosfera muito boa, nós estamos muito unidas, já faz algum tempo que essa união tem trazido muitas vantagens e vitórias para o nosso jogo e é um diferencial”, disse a brasileira.

Hoyama concorda. “Temos que jogar com a cabeça erguida, positiva. Se tiver uma chance, agarrar. A gente sabe que elas têm um nível mais alto, mas…” O técnico também destacou a união como um ponto positivo do time. “Desde lá do Brasil, os treinos lá em Hamamatsu. Elas estão preparadas para entrar no jogo bem preparadas e fazer o melhor resultado possível.”

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O jogo

Jessica Yamada começou o duelo tendo dificuldade e vendo a adversária abrir 3 a 0 no marcador. Logo na sequência, a brasileira reagiu e deixou a diferença em apenas um ponto, com 3 a 2. Em seguida, a atleta da Suíça voltou a ser melhor, aproveitou alguns erros da brasileira e saiu com a vitória com relativa tranquilidade no primeiro set, com 11 a 6. No segundo, a brasileira cresceu. Conseguindo atuar bem na definição e na defesa, abriu 4 a 0 no placar. Na sequência, Rachel Moret melhorou e buscou o empate em 5 a 5. No momento de definição da parcial, Jessica foi melhor, abriu vantagem e devolveu o 11 a 6. Na terceira parcial, deu quase tudo errado para Jessica. Sem conseguir dar sequência nos pontos e errando muito, viu Rachel Moret abrir vantagem e acabou superada por 11 a 4. Como resposta, melhorou o nível de jogo na parcial seguinte e fez 11 a 7, empatando o jogo em 2 a 2.

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Definição

No quinto set, Rachel Moret voltou melhor para a mesa. Conseguindo colocar Jessica Yamada em dificuldade, a suíça abriu vantagem logo nos primeiros pontos e fechou em 11 a 6, ficando a um set da próxima fase. Na sexta parcial, Rachel começou melhor e chegou a abrir 8 a 2, mas Yamada reagiu. Buscando a definição rápida, a brasileira cortou a diferença para 8 a 7 e forçou a parada.

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Na volta, Rachel abriu 10 a 7, tendo três match points. Mesmo pressionada, Jessica Yamada cresceu e igualou o placar em 10 a 10. Na série de vai a dois, a brasileira e a suíça se alternaram no placar e cada uma das atletas teve a chance de vitória. Com isso, quem errasse menos sairia com a vitória, e foi o caso de Rachel Marot. Aproveitando uma casquinha, fez 14 a 12 e fechou o duelo em 4 a 2.

*com Paulo Chacon

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

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