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Tóquio 2020

Entre o lucro e preservar vidas, Tóquio-2020 optou pela sensatez

Decisão de vetar público estrangeiro nos Jogos aumentará o buraco nas contas finais, porém era necessário para salvar o próprio evento

Estádio Olímpico de Tóquio
Vista aérea do Estádio Olímpico de Tóquio, que não terá público estrangeiro durante a Olimpíada e Paralimpíada (Tokyo 2020)

Como era absolutamente previsível, foi confirmado neste sábado (20) o veto oficial à presença de público estrangeiro para acompanhar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020, a partir de 23 de julho. O anúncio apenas referendou aquilo que o blog havia antecipado no último dia 9: o governo do Japão entendeu que seria uma loucura permitir a entrada de pessoas dos mais diversos países, no atual estágio da pandemia do coronavírus.

Felizmente, prevaleceu o bom senso. Inclusive do próprio COI (Comitê Olímpico Internacional), ao entender que por mais prejuízos decorrentes desta decisão, não existia outro caminho a seguir. A declaração de Thomas Bach, presidente da entidade, foi exatamente neste caminho.

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“Compartilhamos a decepção de todos os torcedores olímpicos entusiasmados de todo o mundo e, claro, das famílias e amigos dos atletas, que planejavam vir aos Jogos. Por isso eu realmente sinto muito. Sabemos que este é um grande sacrifício para todos. Dissemos desde o início desta pandemia que ela exigirá sacrifícios”, disse o alemão, no comunicado oficial do COI sobre a decisão.

Sobre “sacrifícios”, entenda-se também lucros menores. Sim, o fato de não contar com os torcedores de outros países causará impacto nas contas de todos os envolvidos na organização dos Jogos.

Estima-se que cerca de um milhão de ingressos já tinham sido comercializados para o exterior. Seriam pouco mais de 600 mil da Olimpíada e algo em torno de 300 mil na Paralimpíada. Em números não confirmados, a receita estimada pela venda de ingressos, local e no exterior, estava prevista em R$ 5 bilhões, relativos a 7,8 milhões de bilhetes dos eventos de Tóquio-2020.

Prejuízo à vista

A óbvia promessa de reembolso destes ingressos, contudo, irá trazer um outro problema que o COI e o comitê organizador terão que encarar em breve. Informação publicada pelo “Inside the Games” mostrou que os revendedores autorizador de ingressos para os comitês nacionais, os ATRs, fizeram um pesado lobby para que os organizadores mantivessem a presença de visitantes estrangeiros. Enviaram cartas para Thomas Bach e Seiko Hashimoto, presidente do comitê organizador, pedindo para que o veto não fosse aprovado. “Decisão desnecessária”, escreveu a carta de uma destas agências.

Os próprios torcedores terão uma dor de cabeça já programada, porque se o reembolso dos ingressos é certeza, o mesmo não se pode dizer de reservas de hotéis e passagens aéreas. Como muitos compraram pacotes incluindo tudo, é quase certo que não receberão 100% dos valores já investidos.

Tudo isso, no final, acaba sendo mais um ingrediente indigesto, mas necessário, para que Tóquio-2020 possa de fato acontecer. Com tanta rejeição popular a respeito da realização da Olimpíada e Paralimpíada, diante da uma pandemia sem solução à curto prazo, insistir na permissão da entrada de visitantes estrangeiros iria causar um transtorno sem fim.

Não tenho como cravar 100%, por falta de dados conclusivos de outras edições, mas os Jogos de Tóquio alcançaram mais umas marca inédita (infelizmente) de ter apenas 100% de torcida local. Isso vai contra o espírito da própria Olimpíada, da confraternização de pessoas das mais diversas nações.

Mas é que o será possível para tempos tão difíceis como estes que estamos vivendo. Resta apenas torcer para que estes Jogos tão conturbados possam acontecer sem maiores problemas.

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