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Tóquio 2020

Além da pandemia, Tóquio encara clima de pessimismo pré-Jogos

Aumento da Covid-19, proibição de estrangeiros no país até fevereiro e redução na cerimônia de abertura criaram uma “onda negativa” nos últimos dias

Tóquio-2020 - Vacina - Coronavírus
Declarações de dirigentes colocam em dúvida a realização da Olimpíada (Divulgação/Tóquio 2020)

A seis meses para a abertura da Olimpíada de Tóquio-2020, é incrível que uma nuvem de pessimismo parece ter pairado de vez sobre o Japão. Verdade que não faltam motivos para isso. O crescimento preocupante da pandemia da Covid-19 neste começo de ano talvez seja a principal. Outros fatores também contribuíram para deixar todos com uma pulga atrás da orelha. Mas de forma prática, há uma “onda negativa” exagerada a respeito da realização (ou não) dos Jogos.

O aumento de casos de coronavírus no Japão ajudou a inflar esta sensação. Não sem razão, é óbvio. Desde o início da pandemia, já são quase 340 mil casos. Nas últimas 24h, foram mais de 6 mil. No total, são 4.548 mortes no país. Com a proibição da entrada de estrangeiros no país até fevereiro, a preocupação aumentou.

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Até anúncios esperados trazem um sentimento estranho. Por exemplo, quando foi divulgado que a cerimônia de abertura terá uma drástica redução de participantes. Deverão desfilar no dia 23 de julho no Estádio Olímpico cerca de 6 mil atletas, mais ou menos metade dos participantes dos Jogos, que serão perto de 11 mil competidores. O motivo, mais uma vez, é a preocupação com possíveis surtos de Covid-19.

Assim, não surpreende que tenham começado a pipocar declarações desastradas e que só servem para criar este clima de incerteza.

Há cerca de duas semanas, o canadense Dick Pound, decano membro do COI (Comitê Olímpico Internacional), deu uma entrevista à rede britânica “BBC” e deixou no ar que existe um risco da Olimpíada não acontecer. “Não posso ter certeza porque o grande problema são os contínuos surtos do vírus”, afirmou o dirigente. Pound, para quem não se lembra, foi o primeiro cartola do meio olímpico a admitir que a Olimpíada seria adiada no ano passado, assim que a pandemia foi decretada.

Plano B?

Nesta última terça-feira (19), o tom pessimista sobre os Jogos de Tóquio prosseguiu, e com cores mais fortes. Vice-presidente do comitê organizador dos Jogos de Londres-2012, o inglês Keith Mills falou à mesma “BBC” que considera improvável que a Olimpíada possa ser realizada.

“Pessoalmente, de onde me encontro, vendo a epidemia no mundo, na América do Sul, na América do Norte, na África, na Europa, me parece improvável. E, se eu estivesse no lugar dos organizadores, faria planos para uma anulação”, comentou.

A despeito das declarações dos dois dirigentes, é bom reforçar que, neste momento, não há nada indicando qualquer risco para um novo adiamento ou cancelamento da Olimpíada de Tóquio-2020.

Tanto o COI quanto o governo do Japão já declararam, mais de uma vez, que estão comprometidos a fazerem os Jogos acontecerem. Nem mesmo uma exigência de vacina contra a Covid-19 seria feita para os atletas que forem competir em Tóquio.

É compreensível que em tempos como os que estamos vivendo, há quem veja mais o copo vazio do que cheio. Só não se pode querer impor a narrativa menos otimista como uma verdade absoluta.

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