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Tóquio 2020

Sexto do mundo aos 22 anos, Cargnin busca medalha olímpica

Campeão mundial em 2017 na categoria júnior, Daniel Cargnin está praticamente garantido na próxima olimpíada

Em outubro do ano passado, Daniel Cargnin foi ouro no Grand Slam de Brasília. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Quando o Brasil sediou os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, ele ainda estava atingindo a maioridade. A data de nascimento recente, contudo, não retrata a experiência nos tatames. Ainda na categoria júnior, Daniel Cargnin acumulava títulos de destaque, e em 2017 tornou-se campeão mundial em Zagreb, na Croácia. Era o prenúncio da boa fase que viria também entre os adultos. Campeão pan-americano e do Grand Slam de Brasília no ano passado, o judoca gaúcho de 22 anos é o sexto do mundo entre os meio-leves (66kg) e presença praticamente certa nos Jogos de Tóquio.

“Eu fico feliz pelo ciclo que venho fazendo, pelas competições. Acho que meus resultados foram evoluindo ao longo dos anos”, comenta o judoca em entrevista para Ana Cláudia Felizola*, da Rede do Esporte.

Na temporada 2020, Daniel Cargnin estreou com um bronze no Grand Prix de Tel Aviv, em janeiro. Já no Grand Slam de Dusseldorf, no mês seguinte, terminou em sétimo. Ele lidera com folga a categoria em relação aos outros brasileiros que poderiam pleitear a vaga. William Lima está na 34ª colocação, enquanto Charles Chibana, representante do país nos Jogos Rio 2016, aparece em 57º.

“Como se fosse a última”

“Ainda sou bem novo, mas me espelho bastante em outras pessoas”, conta, mencionando como ídolo o ex-judoca e também gaúcho João Derly, bicampeão mundial (2005 e 2007) na mesma categoria de Cargnin. “Isso que me faz levantar todos os dias pensando ‘eu quero mais’. Esses quatro anos são bem cansativos. É preciso acordar todos os dias disposto a ser melhor”, afirma.

Mesmo ciente da pouca idade, o judoca prefere não pensar que pode ter outros ciclos olímpicos pela frente: quer chegar à medalha este ano, em Tóquio. O conselho veio de um colega de seleção. “Convivo muito com o (Felipe) Kitadai, temos ficado no mesmo quarto. Em um ciclo, muita coisa muda. Batendo na madeira, mas há lesões, o peso que pode atrapalhar, outros atletas que chegam e brigam por vaga. Ele sempre me aconselhou a pensar na Olimpíada como se fosse a última, porque pode mesmo ser a última. Então o foco é na medalha agora”, avisa. Kitadai (60kg), bronze em Londres 2012 e que também disputou o Rio 2016, está atrás de Eric Takabatake na disputa pela vaga em Tóquio.

“Eu fico ansioso com as Olimpíadas. A gente treina bastante para estar bem no dia, mas acho que junta muita coisa. Tento ficar o mais tranquilo possível e estar perto das pessoas de que gosto. Isso me deixa mais tranquilo e feliz porque acho que a chave para tudo é estar feliz com o que está fazendo”, ensina. “Durante uma competição há muitas emoções. Tem atleta mais bem ranqueados, atleta favoritos. Isso às vezes desconcentra, mas tento manter a cabeça focada para a competição e para as adversidades também”.

Quimono ou chuteira?

O amadurecimento precisou vir cedo. Ainda aos 17 anos, Daniel Cargnin saiu da casa da mãe para morar mais perto do clube, a Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa). “Gosto de ter a minha responsabilidade, privacidade, as minhas coisas. Acho que isso para a vida, não só para o judô, está sendo bem positivo”.

Ainda na infância, Daniel abriu mão do futebol pelo judô. Hoje é o sexto melhor do mundo. Foto: Ana Cláudia Felizola/ rededoesporte.gov.br
Ainda na infância, Daniel abriu mão do futebol pelo judô. Hoje é o sexto melhor do mundo. Foto: Ana Cláudia Felizola/ rededoesporte.gov.br

O encontro com o judô foi aos seis anos, mas por pouco a arte marcial não perdeu o atleta para os gramados. “Eu tinha um amigo com quem jogava futebol, a gente era do mesmo colégio. Ele fazia judô em um lugar bem humilde, e fui junto porque aonde um ia, o outro ia também. A minha mãe foi junto e ela sempre gostou muito de esporte, até mais do que eu”, brinca o judoca.

“Vou ser bem sincero, eu gostava de jogar futebol. Um dia ela me perguntou se eu queria continuar no futebol ou ir para a Sogipa. Até hoje não sei por que escolhi ir para a Sogipa! Ali as coisas começaram a ficar mais sérias, comecei a gostar das pessoas, a ir todos os dias, a fazer preparação física. Fui começando a ter um sonho no judô”.

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Calendário

A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças no calendário de Cargnin e de todo o judô. O Grand Slam de Ecaterimburgo, na Rússia, previsto para este mês, foi cancelado, assim como todos os eventos do mês de abril. Com isso, o fechamento do ranking mundial de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio foi estendido para 30 de junho.

A princípio estão mantidos o Grand Slam de Baku e o Masters de Doha, ambos em maio. Já o Grand Prix de Budapeste, em junho, foi transformado em Grand Slam. O Campeonato Pan-Americano Sênior, em Montreal, também foi adiado.

*com edição do OTD

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