Siga o OTD

Ginástica Artística

Após ano brilhante, Rebeca Andrade celebra superação e garante foco em Paris

Em entrevista exclusiva ao OTD, Rebeca falou sobre superação, reconhecimento e como concilia a nova agenda com o sonho de Paris

Rebeca Andrade celebra superação e garante foco em Paris-2024
(Miriam Jeske/COB)

O ano de 2021 será inesquecível na vida de Rebeca Andrade e no esporte brasileiro. As duas medalhas históricas conquistadas nos Jogos Olímpicos de Tóquio fizeram a ginasta virar uma verdadeira estrela e referência aos 22 anos. E entre novos trabalhos e uma fama crescente, ela faz questão de manter a gratidão e os sonhos mais vivos do que nunca. 

Isso porque chegar até aqui não foi nada fácil. De forma resumida, foram três lesões graves e uma pandemia que colocaram em cheque a participação de Rebeca na Olimpíada. A mais recente das lesões foi em 2019, meses antes do Mundial que classificaria os atletas para os Jogos. E desistir de tudo foi sim uma opção. 

+Conheça mais sobre a história de Rebeca

“Já pensei em desistir sim. Nas três vezes que me lesionei, falei para minha mãe que ia voltar para casa, que não queria mais. Mas ela, meu treinador, minha equipe estavam lá, segurando minha mão. Era uma coisa do momento, porque para um atleta de alto rendimento é muito difícil quando você se lesiona. Na minha primeira vez eu não sabia, mas nas outras duas eu sabia como era difícil, uma recuperação demorada… Então assim que você se machuca, o primeiro pensamento é parar mesmo, porque você fica desolada, não sabe o que vai acontecer e fica de mãos atadas”, contou em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. 

“Se eu tivesse desistido, eu não estaria vivendo o que estou vivendo hoje. E por isso sou tão grata”

Rebeca Andrade

A volta por cima

Mas Rebeca persistiu. Com muita fé e dedicação, ela superou os desafios e conseguiu a vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio em junho deste ano, na última oportunidade que tinha de classificação. O resto é história. E hoje, toda essa superação é motivo de orgulho para ela. 

“Eu estava muito feliz só de estar lá [Tóquio], porque tive n chances de não estar. Eu lembro que só de chegar na vila [olímpica] eu já pensei: ‘caraca, você está aqui! Você conseguiu’. Eu só olhei para o céu e pedi para sair de lá mais grata do que eu já estava. E foi o que aconteceu”. 

“É sempre muito bom lembrar, mesmo os momentos mais difíceis, porque foram onde eu tive um crescimento enorme na minha vida. Todas as vezes, eu voltei melhor do que estava. Então por isso é muito bom relembrar, porque vejo a minha força e que realmente tudo valeu a pena. Se eu tivesse desistido, eu não estaria vivendo o que estou vivendo hoje. E por isso sou tão grata”, completou. 

Rebeca Andrade foi ouro no salto nos Jogos Olímpicos de Tóquio
Rebeca foi ouro no salto nos Jogos Olímpicos de Tóquio (Miriam Jeske/COB)

Reconhecimento e representatividade

As conquistas de Rebeca Andrade, no entanto, vão muito além. Além dos quatro pódios aos olhos do mundo – dois na Olimpíada e dois no Mundial -, a ginasta ganhou muito mais do que isso: reconhecimento. 

“Quando eu saio na rua, de máscara ou sem máscara, as pessoas reconhecem, é um carinho! A forma como eu sou inspiração, tudo que eu represento… Sinto que é uma valorização do meu trabalho, de toda a minha equipe, desde criança até agora. Porque as pessoas só me viram dos Jogos para cá, mas eu sei de toda a minha trajetória e tudo que fiz para chegar até aqui. Por isso é tão importante. E o fato de mais pessoas quererem saber do esporte e praticar também é muito bom, porque a gente está aqui para isso, para incentivar, ser inspiração. Estou feliz que está dando tudo certo”. 

+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM, NO FACEBOOK E NO TIKTOK

E se em um passado recente, Rebeca Andrade era inspirada por Daiane dos Santos a dar os primeiros passos na ginástica e a sonhar alto, hoje ela é a inspiração para tantas outras crianças. Um legado que vale ouro.

“Eu sempre tive a Dai [Daiane dos Santos] como minha referência e hoje eu estou sendo referência para várias crianças pretas, de periferia assim como eu. De acreditar que vai ser difícil, mas que tem aquela luz no fim do túnel, que vai dar certo. Sempre quis ser medalhista olímpica, mundial, mas eu ganhei muito mais que isso. Eu entrei na vida das pessoas e por isso é tão incrível. Eu só falo o que eu sinto, o que penso e isso está fazendo a diferença para elas. É bem inocente e se transforma em uma coisa muito grande. Então tenho muito orgulho”. 

Conciliando trabalhos e sonhos

Rebeca Andrade e as duas medalhas olímpicas em Tóquio
Rebeca Andrade e as duas medalhas olímpicas em Tóquio (Ricardo Bufolin)

Desde que subiu ao pódio duas vezes em Tóquio, a vida de Rebeca Andrade virou uma loucura. Para ela, o que mais mudou foi justamente a agenda, que ficou mais agitada, tendo a necessidade de aliar os treinos aos novos trabalhos publicitários. 

“É bem diferente, porque minha vida inteira foi totalmente voltada para o esporte. E hoje fazer um trabalho com a Ivete [Sangalo] e essas coisas diferentes, que não são do meu dia a dia, é muito empolgante. O pessoal me dá várias dicas, me deixa tranquila, porque eles entendem que essa não é a minha realidade e que eu estou entrando nisso agora. E na minha cabeça eu sou a mesma pessoa, mas para eles é algo muito grande e é muito legal. Então hoje está tudo bem mais agitado. Meu treinador cuida da agenda e a gente vai tentando conciliar os treinos com esses trabalhos novos”. 

Mas apesar da empolgação com as novas oportunidades, a dedicação à ginástica continua a mesma. Conciliando o início da faculdade de psicologia e a tentativa de tirar carta de motorista, ela segue no ginásio, evoluindo ainda mais aquilo que já deu tão certo. E tudo isso por um único objetivo: o sonho de estar em Paris-2024. 

“[A dedicação] na ginástica não vai mudar. O foco mesmo é continuar treinando muito, porque o sonho é ir para Paris com a equipe. O resultado é consequência, mas quero muito que a gente esteja preparada. Então esse é meu objetivo principal, manter os treinos, ficar saudável e estar bem. O foco está lá, firme e forte”, concluiu.

Confira a entrevista:

Mais em Ginástica Artística