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Heróis Olímpicos

Kristin Otto é mulher com mais ouros em uma edição de Jogos

Kristin Otto superou o boicote da Alemanha Oriental aos Jogos, uma vértebra quebrada e acusação de doping para fazer história. Conheça sua história

Kristin Otto foi campeã mundial aos 16 anos (Wiki Commons)

Kristin Otto fez o que nenhuma outra mulher conseguiu até hoje. Vinda de uma geração brilhante de atletas da Alemanha Oriental, ela é a mulher com mais medalhas ouros em uma única edição de Jogos Olímpicos. Foi em Seul-1988, quando ela tinha 22 anos e foi campeã nos 50 m livre, 100 m livre, 100 m costas, 100 m borboleta e ambos os revezamentos. 

A trajetória de Kristin Otto, no entanto, não foi tão simples. Ela precisou superar o boicote alemão e uma fratura na vértebra antes de fazer história. E fez. 

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Ascensão meteórica

Nascida em Leipzig em 1966, quando o território pertencia à Alemanha Oriental (período da Guerra Fria), Kristin Otto começou a nadar aos 11 anos, em uma academia esportiva da região. Não demorou muito para os professores perceberem a versatilidade da jovem alemão, que tinha habilidade para nadar em diferentes provas de natação. 

Cinco anos mais tarde, quando tinha 16, Otto já participou de seu primeiro Campeonato Mundial, em Guayaquil (Equador), em 1982. E não só participou, como desbancou favoritas e voltou para casa com três medalhas de ouro. Dois deles foram no revezamento e talvez não chamaram tanta atenção. Mas o título nos 100 m costas certamente a colocou no holofote. 

Kristin Otto - Natação - Seul-1988
Kristin Otto disputou seis provas em Seul-1988 e foi ouro em todas elas (Divulgação/Olympics)

No ano seguinte, a alemã continuou evoluindo e chamando mais atenção, especialmente quando nadou abaixo de um minutos nos 100 metros costas, se tornando a primeira mulher a alcançar tal marca. Pouco tempo depois, Otto quebrou também o recorde mundial nos 200 m livre. 

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Todos esses resultados a credenciavam para chegar na Olimpíada de Los Angeles-1984 como uma das favoritas. E a expectativa para vê-la em ação era igualmente grande. No entanto, ela precisou esperar mais um ciclo olímpico para fazer história, uma vez que Alemanha Oriental e outros 13 países do bloco comunista boicotou e não participou da competição. 

A volta por cima

Como se não bastasse a frustração por não competir nos Jogos de 1984, Kristin Otto passou por um momento ainda mais complicado na vida. Em 1985, ela fraturou uma vértebra e ficou nove meses fora de competição, com vários especialistas dizendo que sua carreira como nadadora havia terminado. 

Mas Otto não se deu por vencida. Muito pelo contrário. Um ano depois, ela já estava de volta às piscinas e fazendo aquilo que ela mais sabe: vencer. Disputou o Mundial de Madrid em 1986,e conquistou seis medalhas, sendo quatro de ouro e duas de prata, e depois faturou mais cinco ouros no Campeonato Europeu, em 1987. E aí sim, no ano seguinte, ela pôde fazer a tão esperada estreia olímpica. 

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A capital sul-coreana acabou sendo o palco onde Kristin Otto escreveu seu nome na história das Olimpíadas para sempre. Aos 22 anos, ela disputou seis provas em Seul-1988 e conquistou a medalha de ouro em todas elas, se tornando a mulher com mais ouros em uma edição de Jogos Olímpicos. Um feito e tanto, que até hoje não foi superado. 

Kristin Otto se despediu da natação em grande estilo, já que no ano seguinte, optou por se aposentar das piscinas.

Mais ouros em uma edição de Jogos Olímpicos - Seul-1988
Kristin Otto e suas seis medalhas de ouro em Seul-1988 (Divulgação/Olympics)

A polêmica do doping

Três anos depois de Seul-1988, entretanto, ela viu sua carreira ser envolvida em uma polêmica, após as revelações do uso generalizado de substâncias proibidas pelos atletas da Alemanha Oriental para melhorar seus desempenhos. Sua ex-colega de equipe Petra Schneider, por exemplo, admitiu abertamente o doping. 

No entanto, Otto disse não saber se havia competido com substâncias proibidas, mas passou em todos os testes de anti-doping realizados durante a competição, conseguindo manter, assim, sua imagem intacta: “As medalhas são as únicas lembranças de como trabalhei duro. Nem tudo foram drogas”, afirmou.

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