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Ginástica Rítmica

Babi revela motivo que quase a fez se aposentar aos 24 anos

Saiba o motivo que quase fez Bárbara Domingos, uma das principais ginastas do Brasil, a se aposentar com apenas 24 anos

No domingo de carnaval, 2 de março, Barbara Domingos completa 25 anos. Para a maioria das profissões, uma idade jovem. Mas, para a ginástica rítmica, não é! Trata-se de um esporte em que é necessário começar muito cedo e que maltrata muito do corpo ao longo do tempo. Por conta disso, Bárbara Domingos, principal atleta individual do país, pensou em se aposentar o ano passado. A Olimpíada de Paris-2024 poderia ter sido sua última competição, mas a mudança de código da modalidade a fez decidir continuar. Alguns movimentos obrigatórios que a faziam sofrer foram retirados e ela está pronta para disputar o Mundial, que vai acontecer no Rio de Janeiro.

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“Antes de Paris, eu tinha esse pensamento (de me aposentar), mas teve a mudança do código. De quatro em quatro anos ele modifica. E eu vejo que ele mudou por uma forma melhor. Eu tenho uma cirurgia no quadril direito e o ano passado o código judiava um pouco da gente nas dificuldades mistas porque rotacionava muito em cima do mesmo quadril”, explica.

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O que a fazia sofrer?

Babi e Márcia posam para foto ao lado dos aros olímpicos
Babi Domingos ficou em décimo lugar nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

Mas o que eram as dificudaldes mistas que tanto a atrapalhavam? A própria Barbara Domingos explica: “Era praticamente quando a gente fazia duas dificuldades em uma só. Por exemplo, a gente faz um batimento de equilíbrio, que são vários chutes altos com uma prancha. Então, era tudo em cima do mesmo quadril, ficava rotacionando sempre em uma perna só. Era algo que forçava muito em todos os aparelhos”, explica.

“E, pra chegar na perfeição, querendo ou não é todo dia treinando a mesma coisa. Muitas vezes eu tinha que ficar duas, três semanas sem poder fazer as dificuldades da série por conta da dor no quadril. Como atleta, a gente sempre quer dar o nosso melhor todos os dias. Eu falava: ‘Meu Deus, como eu vou chegar na competição sem treinar?’ Então, isso também me deixava um pouco angustiada, ansiosa. Por isso, muitas vezes, vinha esse pensamento de aposentar depois da Olimpíada”.

Tudo isso, no entanto, faz parte do passado. Com o novo código aprovado, Barbara Domingos ganhou uma sobrevida na ginástica rítmica. E não foi só ela. “Realmente era um código que judiava muito no dia a dia. Eu acho que foi até uma pauta que algumas ginastas levaram (para a federação internacional)  pra ter essa troca. Muitas atletas, no ciclo, foram se lesionando e eles resolveram mudar, sabe? E isso foi muito bom porque eles pensaram na longevidade do esporte. A gente sempre fala que a ginástica rítmica judia por conta disso. É um esporte lindo, mas com uma carreira muito curta. E essa mudança de código é muito bom porque leva a gente a ter uma vida maior dentro do esporte”, comemora.

Foco no Mundial em casa

O foco agora é o Mundial de ginástica rítmica, que vai acontecer no Rio de Janeiro em agosto. “É um ano que a gente esperou por muito tempo. Sempre quisemos muito um Mundial em casa e agora a vamos realizar esse sonho. Acho que o Mundial em casa vai ser surreal porque a gente sabe como o povo brasileiro é caloroso e vai ter muita torcida. Não tem nem palavras para descrever isso”, afirma.

E quem for assistir ao Mundial no Rio de Janeiro, vai ver uma Barbara Domingos diferente. No ciclo até Paris-2024, ela acumulou conquistas importantes, ganhou medalhas em Copas do Mundo, chegou em final de Mundial, mas o que a mudou mesmo fora os Jogos Olímpicos.

Bárbara Domingos no Mundial de Ginástica Rítmica. Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Bárbara Domingos no Mundial de Ginástica Rítmica de 2023. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

“É a maturidade que eu obtive pós-Olimpíada. Eu falo que a Babi Domingos da Olimpíada não é a mesma, né? Agora, eu vi que eu tive uma mudança muito grande. Isso é muito bom, foi de uma forma positiva. Eu sei que a gente passa muitas coisas pra estar ali na Olimpíada. Acho que todo atleta olímpico precisa daquilo. E estar entre as dez melhores, acho que foi algo que me modificou também, de pensar, poxa, eu posso estar ali entre as dez, entre as oito”, acredita.

Legado com tão pouca idade

Barbara Domingos sabe que tudo o que fez já deixou um legado. Ela, óbvio, quer mais e sonha com Los Angeles-2028. Mas um objetivo foi cumprido com louvor: abrir portas pra nova geração.

“Outras meninas também fizeram isso para eu estar onde eu tô hoje. Eu acredito que o Brasil daqui uns anos numa Olimpíada por ser campeão, ter uma medalha. No conjunto, é mais real, é mais palpável, né? Mas eu acho que o individual também está criando a sua história. Eu acredito que estou criando a minha história. E acredito que, daqui a uns anos, o individual, sim, é possível (estar ali entre os três melhores numa Olimpíada ou num Mundial. Acho que isso é bem real porque a gente está tendo uma evolução muito grande e está tendo investimento também. Isso é muito fruto do investimento que a gente está tendo”, comemora a ginasta, que espera poder viver esse momento do Brasil realmente entrar numa competição do tamanho de uma Olimpíada ou de um Mundial com chances de pódio no individual.

“Acredito que sim. Acho que com muito trabalho, dedicação e resiliência, a gente consegue nossos objetivos. E eu tô fazendo isso, tô trabalhando ali no meu cantinho, ali no meu dia a dia. E eu tenho os meus sonhos ainda. A Olimpíada foi um deles, lógico. E o Mundial agora é um próximo sonho, ainda mais, igual eu falei, em casa. Então, acredito que sim. Com muita resiliência, trabalho ali, fazendo o que eu faço todos os dias. É possível, sim”.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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