Siga o OTD

Paralimpíada Todo Dia

Jovane Guissone conquista a medalha de prata na esgrima em cadeira de rodas

Jovane Guissone fez a final paralímpica na categoria B da espada contra o russo Andrei Kuzyukov, que levou o ouro

Jovane Guissone esgrima de cadeira de rodas esgrima de CR espada Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Guissone vibra após vencer a semifinal e garantir a medalha (Takuma Matsushita/CPB)

Tóquio – O brasileiro Jovane Guissone conquistou a medalha de prata na categoria B da espada no torneio de esgrima de cadeira de rodas dos Jogos Paralímpicos. Ele enfrentou Andrei Kuzyukov na final, que terminou com o placar de 15 a 8 para o russo. O torneio foi disputado entre a noite de quarta (26) e a madrugada de quinta (27), pelo horário de Brasília, no Makuhari Messe Hall, em Chiba, provincia vizinha de Tóquio. Ele dedicou a medalha ao filho Jovane Júnior, que completou dez anos no mesmo dia.

A campanha do brasileiro, campeão paralímpico em Londres-2012, foi praticamente impecável. Classificou-se na chave das poules com o quarto melhor desempenho dentre os 13 competidores, vencendo quatro dos cinco combates que fez. Venceu o chinês Hu Daoliang por 5 a 3 na estreia, depois perdeu por 5 a 2 para o ucraniano Oleg Naumenko, e fechou a campanha com vitórias por 5 a 2, 5 a 4 e 5 a 1 sobre o húngaro Istvan Tarjanyi, o bielorrusso Andrei Pranevich e o russo Alexander Kurzin, pela ordem. Com essa campanha, entrou na fase eliminatória direto pelas quartas de final, sem precisar jogar nas oitavas.

Jovane Guissone esgrima de cadeira de rodas esgrima de CR espada Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Brasileiro foi o quarto melhor na fase de classificação (Takuma Matsushita/CPB)

Só pedreira

Na disputa pela vaga na semifinal, o brasileiro enfrentou o iraquiano Ali Ammar, campeão mundial em 2015, prata na Rio-2016 e que fechou a classificatória na capital japonesa com a quinta melhor campanha. Guissone começou melhor e abriu 3 a 0, mas Ammar reagiu e encostou no 3 a 2. O brasileiro voltou a colocar frente no 5 a 3, porém Ammar não desistiu e buscou a igualdade no 8 a 8. Guissone não se abalou e cresceu na reta final do combate. Deu três toques seguidos para fazer 11 a 8, depois abriu 13 a 9 até fechar no 15 a 10.

Jovane Guissone esgrima de cadeira de rodas esgrima de CR espada Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Guissone controlou todo o jogo contra Ammar nas quartas de final (Takuma Matsushita/CPB)

A semifinal foi contra o britânico Dimitri Coutya, um duelo do número dois do ranking mundial, Jovane Guissone, contra o líder. E foi o europeu que começou melhor, comandando um apertado placar até que o brasileiro empatou no 6 a 6 e virou no 7 a 6. Dali em diante, como nas quartas, Guissone cresceu na reta final e foi abrindo vantagem até ficar a um ponto da vitória no 14 a 10. Coutya não se entregou, reagiu e encostou no 14 a 12, mas a seguir o brasileiro fez o ponto que garantiu a final para depois vibrar demais na pista amarela do Makuhari Messe Hall.

Jovane Guissone esgrima de cadeira de rodas esgrima de CR espada Jogos Paralímpicos Tóquio-2020
Duelo entre o primeiro e o segundo do ranking mundial (Takuma Matsushita/CPB)

Russo foi melhor

A final foi toda de Kuzyukov, que chegou a Tóquio como o sétimo do mundo na categoria B da espada na esgrima em cadeira de rodas. Ficou à frente do placar desde o primeiro toque, chegou a abrir 11 a 3 e não perdeu o controle em nenhum momento, conseguindo, inclusive, barrar as tentativas de reação do brasileiro. “Ele é um atleta que trabalha muito dentro da medida, eu sou acostumado a jogar na longa distância. Agora é trabalhar em cima disso para que a próxima corra tudo certo. Mas foi um combate bom, bem pegado, errei bastante. Paris-2024 tá aí”, disse o Jovane Guissone, minutos após deixar a pista da final paralímpica.

Jovane Guissone
Guissone sorri após a final paralímpica (Takuma Matsushita/CPB)

Inspirada no Rio

No feminino da categoria A, Carminha Oliveira representou o Brasil na esgrima em cadeira de rodas dos Jogos Paralímpicos. Foi a primeira edição dela, que se inspirou na Rio-2016 para começar na modalidade. “Eu iniciei no esporte paralímpico depois de assistir aos Jogos da Rio-2016. Foi onde eu senti interesse para conhecer algumas modalidades e ingressei na esgrima. Comecei ter resultados, fui convocada para a seleção brasileira e logo veio a vaga (nos Jogos Paralímpicos). Por isso hoje estou aqui”, contou, assim que deixou a pista.

+ No sabre, Brasil não avança na abertura da esgrima em CR

Carminha Oliveira
Cinco anos após se inspirar na Rio-2016, Carminha vive sua experiência Paralímpica (Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br)

Ela fez cinco jogos e perdeu os cinco, 5 a 2 para a húngara Zsuzsanna Krajnayak e Yu Chui Yee, de Hong Kong, nas duas primeiras. Depois 5 a 3 contra a ucraniana Nataliia Mandryk e 5 a 0 para a russa Iuliia Maya. “É a primeira Paralimpíada, estou um pouco nervosa, mas mais para frente vou poder desenvolver mais a minha esgrima, a que eu pratico. Hoje infelizmente não deu, mas não é aqui que acaba. É experiência incrível que eu estou tendo, com certeza é um aprendizado”, disse. “Eu estou satisfeita com os resultados que eu ando fazendo ao longo desse período de cinco anos. É tudo muito novo ainda. Tem de trabalhar, trabalhar, trabalhar”.

+ SIGA O OTD NO YOUTUBETWITTERINSTAGRAMTIK TOK E FACEBOOK

Carminha Oliveira disputa ainda o torneio do florete feminino categoria A na esgrima em cadeira de rodas dos Jogos Paralímpicos. Não é a principal arma dela, essa era a espada, mas como todo atleta, não baixa a guarda. “A gente sempre entra para disputar com as melhores expectativas”, disse. A próxima competição começa às 23h de sexta-feira (27) com a presença também de Monica Santos. No masculino, além de Jovane Guissone, o Brasil será representado por Vanderson Chaves. O torneio masculino começa antes, às 21h.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

Mais em Paralimpíada Todo Dia