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Conheça Bia Haddad! A tenista que ganhou 115 posições em 2017

Divulgação

Bia Haddad é a realidade brasileira no tênis feminino. Só neste ano, subiu 115 posições no ranking. Conheça a história da paulista, em entrevista exclusiva ao OTD!

2017 foi o melhor ano da vida da jovem Bia Haddad Maia! A paulista, disputou 21 torneios, começou na 173ª posição do ranking mundial e terminou na 58ª colocação, subindo assim 115 posições. Com apenas 21 anos, a canhota atingiu o top 100 no dia 15 de maio, repetindo o feito de apenas outras sete brasileiras, como Maria Esther Bueno ou Teliana Pereira.

Seus principais feitos durante a temporada foram: o título do ITF 100K de Cagnes-Sur-Mer, o vice-campeonato do WTA de Seul, o título do ITF 25K de Clare, o título de duplas do WTA de Bogotá, as quartas do WTA de Praga. Além disso, participou de Roland Garros, US Open e conquistou sua primeira vitória em um Grand Slam, em Wimbledon.

Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Bia Haddad contou que começou a jogar tênis aos 3, 4 anos, por incentivo da mãe, que tem uma escola da modalidade. Fora isso, no clube praticava futebol, judô e natação. Gostava de competir e se aproximou mais do tênis. Decidiu que seguiria como profissão com apenas 14 anos.

Com 1,85 de altura, sempre foi destaque: “eu comecei a jogar nos torneios paulistas em São Paulo. Eu tinha uma diferença de força muito grande, porque eu era muito grande. Então, realmente eu me destacava, eu ganhava muito torneio, mas acho que muito pela minha natureza. Eu assustava porque eu era muito maior. Então, querendo ou não, nessa idade, nove ou dez anos, conta muito um ano de diferença. E eu acabava sendo muito mais forte. Então, acho que muito por isso que eu tinha muitas vitórias e acabava me destacando mais”, contou.

A curiosidade vem da formação da família. Apesar da mãe ser do tênis, toda a família do pai é do basquete. Até os avôs continuam praticando. Pela aparência, todo mundo apostaria em Bia Haddad nessa modalidade ou no vôlei. Contrariando os estereótipos, a tenista saiu nova nova de casa em busca do sonho.

“(Aos 14 anos) foi quando eu sai de SP e fui pro Sul (Camburiú). Em São Paulo não tinha mais onde treinar. E aí eu decidi, eu falei: não, vou abrir mão de familia, amigos, festas, tudo que a gente… Da mordomia de casa para ir atrás do meu sonho que era jogar. Não larguei os estudos, continuei estudando, o que é muito difícil para o tenista. Porque você só treina um período. A carreira do tenista quando você tá no colégio e já é profissional é muito difícil conciliar. Mas a gente conseguiu levar bem, meus pais sempre estiveram muito os pés no chão de que o estudo é importante. Inclusive, hoje eu faço faculdade, não parei a faculdade, faço (Administração) a distância. E, poxa, sou muito, sempre fui muito feliz no que eu faço. Eu acho que é o ponto principal de tudo”, revela.

Sair de casa cedo trouxe muitas responsabilidades para a tenista: “Na época eu já tava preocupada em ter a minha casa, em como eu ia pro colégio a pé, como que ia ser minha volta do treino, como eu ia fazer minha janta, lavar a roupa, limpar o chão, tudo isso fazia parte do meu dia a dia. Então eu aprendi muito, acho que ali eu amadureci muito, foi um momento que eu comecei a perceber coisas que eu não percebia. Querendo ou não uma criança, às vezes…Eu lembro que a primeira vez que acabou o detergente eu fiquei pensando, que eu que tenho que comprar. Tipo, ‘mãe, não tem detergente’, não, eu que tinha que ir lá e comprar o detergente. Sabe coisas que a gente está acostumado dos pais? Chegar em casa e ter a janta pronta, e eu tinha que cortar cebola, alho, botar na frigideira, queimava, ai o arroz dava ruim e eu fazia miojo. Todo esse lado. Mas entre aspas ‘mais chatinho’, que o adulto tem, eu tive que ter muito cedo, e acho que isso foi algo primordial para minha maturidade”.

Hoje em dia, Bia Haddad pegou gosto por cozinhar, mesmo ainda achando difícil. Todos os afazeres e responsabilidades da época eram divididos com os treinos e também com os estudos. “Meio que acumulava tudo e às vezes me dava até um ‘meu deus do céu, o que eu faço?’. Eu lembro que eu dormi na mesa, eu estava cansada do treino, eu tinha prova, eu estava tentando estudar. E meu olho nem abria, ai eu falei: vai assim mesmo. Eu sempre fui muito nerd, eu queria fazer a melhor prova, queria treinar da melhor maneira, eu nunca quis falar não. Sempre fui muito certinha. Acho que foi uma coisa que eu peguei dos meus pais, eu sempre me cobrei muito com tudo. Então eu acho que por esse lado no começo pra mim também foi difícil, porque eu queria fazer tudo muito bem”.

Na escola, Bia sempre conseguiu se relacionar bem com todos, mas tinha maior afinidade com os meninos, principalmente na educação física. Muito por intimidar pelo tamanho. “Minha relação com os meus amigos era meio ET, eu era muito gigante. Eu já era do tamanho da professora com 12 anos.”

Também muito nova foi sua primeira viagem internacional, quando entre 10 e 12 anos foi ao Orange Bowl, um torneio dos Estados Unidos. “Nossa, você assusta! A primeira viagem a gente sempre pensa que lá fora é o bicho de 7 cabeças, que tudo é muito diferente, que todos são muito melhores, que sabe… A gente se sente uma estranha no ninho. E quando você vai começando a ver mais as meninas, e começa a jogar, e você ganha um joguinho aqui, e vê que pode jogar por aqui, e que ganhando aqui dá para jogar com essa. Você começa a acreditar em você. É até uma coisa que pouca gente sabe, mas o tênis é muito forte lá fora.”

Foi a experiência fora do país, vendo as meninas com mais bagagem, que fizeram Bia Haddad ter mais vontade de treinar e definir que seus objetivos de estar entre as melhores do mundo e competir em alto nível. Com o tempo aprendeu a falar inglês e foi se ambientando entre as meninas da sua idade na modalidade. Depois dos torneios paulistas, dos brasileiros, sulamericanos, era a hora de começar a desbravar o mundo. Bia se manteve em Camburiú até dois anos atrás, quando decidiu ir treinar no Rio de Janeiro, na Tennis Route.

Quem vê o bom ano de 2017 de Bia Haddad não pode se esquecer que ele foi adiado em um mês. No final de dezembro de 2016, a tenista sofreu um acidente doméstico, caiu em casa, escorregou e quebrou três vértebras. Conseguiu se recuperar mais rápido do que o previsto e ficou o mês de janeiro inteiro fora das quadras, perdendo assim o Australian Open.

“Como as coisas mudaram depois disso, como eu fiquei mais forte de cabeça e como eu aproveitei mais o presente querendo ou não. Eu sabia que era o meu primeiro Australian Open e eu tive que ficar em casa. Passei o Natal e Ano Novo com a minha família, que são coisas que não acontecem na vida de atleta. A gente acaba passando muito no avião, mas uma série de coisas acabam acontecendo. Por conta desses momentos a gente acaba fortalecendo, ficando mais forte.”

Depois disso, o ano deslanchou: é um ano muito positivo, eu estou muito feliz com todo o trabalho que eu venho fazendo. Eu acho que tudo não é da noite para o dia, acho que é muita coisa que eu já vivi. São experiências, são treinos, toda a dedicação, passar as operações de lesões, são muitas coisas que acabam envolvendo a nossa vida. Eu sempre acreditei que as coisas acontecem no tempo que tem que ser e nada é por acaso. Eu acho que é uma soma de fatores, uma boa alimentação, meditação, treinamento, minha cabeça, as minhas rotinas. Tem muita coisa que envolve muitas derrotas. As pessoas falam muito de vitória, mas o meu ano passado foi um ano completamente de derrotas. Eu sei que, claro, que a gente sente medo, dúvidas, e eu acho que é passar por esses momentos que fazem com que esses sejam muito bom.”

Desde Teliana Pereira, que chegou em 40 do mundo, o Brasil não tinha um nome tão forte no tênis feminino. “Eu sempre falo que é um momento muito legal, que eu estou melhorando. Estou conseguindo cada vez mais jogar com meninas desse nível, que é o nível que eu procuro estar nos próximos anos. Enfrentar e lutar cada vez mais, eu tenho os pés no chão. Eu estou muito tranquila de que eu tenho que melhorar muito. Eu estou muito tranquila é o que mais me motiva. Eu acredito muito que ainda tenho muito o que melhorar. Tecnicamente e taticamente, eu posso evoluir muito. São coisas que eu posso melhorar ainda mais. Foram feitos muito grandes de ganhar um Grand Slam, e participar nas quartas de finais do WTA. Foram ótimos resultados e conquistas que muitos ainda não conseguiram, mas eu quero sempre melhorar mais, sempre mais”.

Com os pés no chão, Bia procura pensar ponto a ponto, próximo game, set… Muito também pelo esporte que pratica. No tênis tudo depende de rankings, listas e nem sempre o planejamento de competições sai como se imagina. Mas a tenista canhota não esconde seu principal sonho: “Ser a número um do mundo.”

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Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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