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Santiago 2023

Brasil ganha ouro histórico marcado por despedidas

Nathalie Moellhausen, Amanda Simeão e Victoria Vizeu quebraram tabu de 56 anos na esgrima, mas duas delas se despediram da equipe em Santiago

Equipe da espada conquista a medalha de ouro feminina da esgrima nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023
(Miriam Jeske-COB)

A esgrima do Brasil conquistou o segundo ouro de sua história nos Jogos Pan-Americanos. 56 anos depois de Arthur Cramer Ribeiro subir no lugar mais alto do pódio em Winnipeg-1967, Nathalie Moellhausen, Amanda Simeão e Victoria Vizeu foram campeãs por equipes da espada em Santiago-2023.

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Na decisão, o Brasil superou o Canadá por 45 a 40 com uma grande atuação de Victoria Vizeu, responsável por 15 toques a favor e apenas nove contra. “Eu estava com o sentimento de que eu precisava soltar porque eu senti que na competição individual eu estava um pouco travada e aqui eu consegui me soltar com essa força da equipe mesmo”, comemorou a atleta. Das outras integrantes da equipe, Nathalie Moellhausen teve 16 pontos a favor e 13 contra, enquanto Amanda Simeão marcou 14 e tomou 18.

Despedidas

Além de derrubar o tabu de 56 anos, foi a primeira medalha de ouro feminina da esgrima brasileira. Um título histórico, porém, marcado por despedidas de duas das três integrantes do time: Nathalie Moellhausen e Amanda Simeão.

A estrela da companhia, Nathalie Moellhausen, campeã mundial da espada em 2019, disputou a última competição por equipes da carreira. Prestes a completar 38 anos, a atleta vai focar a partir de agora em sua preparação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois do evento na França, vai se aposentar definitivamente da esgrima. Apesar da experiência, a esgrimista não conteve a emoção e chorou quando tentava responder à primeira pergunta feita pelos jornalistas. “Eu estou realmente super emocionada”.

Melhor, impossível

Nove anos mais jovem do que Nathalie Moellhausen, Amanda Simeão decidiu se antecipar e se aposentou logo após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023. A atleta de 29 anos foi, inclusive, homenageada antes da final por conta do fim de sua carreira. A partir de agora, ela vai largar o esporte para se dedicar aos negócios da família.

“Eu te juro que eu não pensei que a gente fosse conseguir o ouro. Eu esperava, era tudo o que eu mais queria, era um sonho meu aposentar com o ouro. Jamais pensei que eu fosse conseguir na última competição que eu participo”, comemorou Amanda Simeão, que fez questão de ressaltar o privilégio de ter Nathalie Moellhausen como companheira.

“Acho que a gente teve sorte de poder jogar com a Nathalie, campeã do mundo com toda a experiência que ela tem, tudo o que ela passa pra gente. A gente teve a sorte de poder compartilhar essa vitória com uma campeã e que a gente está sonhando com essa medalha de ouro todos os dias e que a gente vai continuar sonhando e torcendo muito para Paris porque acho que esse é o grande objetivo e a gente vai estar mandando toda energia porque acho que vem muita coisa linda por aí”, completou, falando do sonho de Nathalie Moellhausen em busca do pódio que falta na carreira dela.

Sonho do ouro olímpico

Se Amanda Simeão terminou a carreira com o ouro pan-americano, por que Nathalie Moellhausen não pode fazer o mesmo na Olimpíada? Pelo menos, é este o desejo da equipe de espada do Brasil. “Exatamente! Mas é por isso que tem tanta emoção. Eu vi a Amanda crescer, ela foi para Paris com 15 anos, agora é a Victoria que está na França também. Então, estou vendo que as meninas também seguiram o caminho. Para mim, isso é muito inspirador. Ela está se aposentando agora. Eu vou me aposentar daqui a nove meses. Então, tudo isso mexe com as pessoas. São muitos anos dedicados a essa arte. É muita emoção”, explicou Nathalie.

Agora é com a Victoria

Completa a equipe medalha de ouro a jovem Victoria Vizeu. Com apenas 19 anos, ela tem tudo para ser o grande nome da espada feminina do Brasil daqui para frente. “Com essas dicas e com tudo o que elas me ensinaram, estou mais do que pronta”, disse a atleta sobre assumir a responsabilidade na arma depois que as companheiras estiverem aposentadas.

Caminho para o pódio

Para chegar à histórica conquista da medalha de ouro na esgrima, o Brasil passou pela Colômbia por 45 a 34 nas quartas de final. Depois, bateu a Venezuela por 45 a 35 na semifinal. E, na decisão da medalha de ouro, derrotou o Canadá por 45 a 40.

“Todo mundo se doou demais. Eu só tenho que agradecer a equipe. Às vezes dá vontade de entrar para matar a adversária mesmo. Eu estava com uma raiva por causa de várias rivalidadezinhas. No começo, elas chegaram cantando vitória. Então a gente estava super séria. A gente sabia que ia ser um combate extremamente difícil. Então a gente estava muito focada”, contou Amanda Simeão.

Normalmente favoritos ao título da espada, os Estados Unidos não participaram da disputa por equipes dos Jogos Pan-Americanos. A equipe americana ficou de fora porque Anna Catherine van Brummen testou positivo para cocaína. O exame antidoping foi realizado durante o Campeonato Pan-Americanos de 2022, que era classificatório para os Jogos de Santiago.

Campanha histórica

A medalha de ouro conquistada pela equipe feminina da espada coroa uma campanha história da esgrima. Ao todo, foram cinco medalhas. Além do título deste sábado, o Brasil faturou bronzes com Alexandre Camargo, Mariana Pistoia, Guilherme Toldo e a equipe masculina do florete.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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