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Remo paralímpico vai à Tóquio com expectativa de medalhas

Com duas vagas já garantidas a um ano do evento, Brasil briga por segunda medalha na modalidade

Renê Pereira no Mundial de Remo da Áustria
Esperança de medalha, Rene Pereira conquistou vaga no Single Skiff Masculino PR1 (FISA Igor Meijer/arquivo)

Daqui a exatamente um ano, a raia do Sea Forest Waterway receberá barcos de todo o planeta para a disputa do remo paralímpico nos Jogos de Tóquio-2020. O Brasil já possui duas vagas garantidas no evento: no Double Skiff Misto PR2 (PR2 Mix2x) e Single Skiff Masculino PR1 (PR1 M1x).

Como boa parte dos esportes paralímpicos, o remo não concede as vagas aos atletas, mas sim ao país. No entanto, vale dizer que quem garantiu as duas classificações do Brasil para a edição dos Jogos Paralímpicos adiados para 2021 foram Josiane Lima e Michel Pessanha nas duplas mista e Renê Pereira no individual. As vagas foram carimbadas no Campeonato Mundial de Remo e Remo Paralímpico 2019, realizado na Áustria.

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Em Jogos Paralímpicos, o remo possui quatro competições, em que os atletas são divididos em classes conforme sua capacidade motora. As disputas englobam o individual masculino e feminino na categoria AS (braços e ombros), duplas mistas na categoria TA (tronco e braços) e a da categoria LTA (pernas, tronco e braços) numa prova mista de quatro remadores.

As disputas paralímpicas são todas realizadas em percursos de 1000 metros. O país mais vencedor no remo paralímpico é a Grã-Bretanha, que soma seis medalhas de ouro e duas de bronze.

Josiane Lima e Michel Pessanha

Josiane Lima é um daqueles casos de atletas que a sua trajetória se confunde com a da modalidade no país. Com o remo sendo disputado pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de 2008, em Pequim, a atleta de Florianópolis, Santa Catarina, participou de todas as três edições paralímpicas do esporte.

Remadora desde 2006, Josiane começou no esporte dois anos depois de ter sofrido um grave acidente de moto, em que perdeu a mobilidade da perna esquerda. O início sem grandes expectativas rapidamente virou a chave e no ano seguinte a atleta já demonstrava o seu talento com a conquista do mundial na Alemanha.

Josiane Lima e Elton Santana foram bronze em 2008 na estreia do remo paralímpico (CPB)
Josiane Lima e Elton Santana foram bronze em 2008 na estreia do remo paralímpico (CPB)

Sofrendo com a sinusite

Disputando a categoria de duplas, Josiane Lima estreou em Jogos Paralímpicos já em 2008, ao lado de Elton Santana. Na ocasião, novamente a atleta surpreendeu pela performance e conquistou a única medalha do Brasil nesse esporte até o momento, mesmo tendo sofrido com crises de sinusite.

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“A edição de 2008 foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Nós tínhamos uma equipe boa, que gostava de treinar e competir juntos. No dia da final eu acabei ficando muito mal. Estava ansiosa, não consegui dormir direito e nem me adaptar ao clima da China. Estávamos liderando a prova (de 1000 m) até os 750 m, mas eu comecei a ver estrelas e minha visão começou a embaçar nos 250 m finais. Conseguimos cruzar a linha de chegada graças ao esforço de Elton e minha tentativa de manter a coordenação do barco”, declarou a medalhista de bronze à WR (Federação Internacional de Sociedades de Remo).

Josiane Lima é parceira de Michel Pessanha desde 2014
Josiane Lima é parceira de Michel Pessanha desde 2014 (Instagram/limarowing)

Aos 45 anos, Josiane Lima participará de sua quarta Paralímpiada ao lado de Michel Pessanha, com quem divide barco desde 2014. Atleta do Flamengo, o carioca iniciou no Remo em 2013 e disputará a sua segunda edição paralímpica ao lado da parceira. Em 2016, no Rio de Janeiro, a dupla encerrou a participação na sétima colocação.

Renê Pereira

Formado em medicina, Renê Pereira mudou drasticamente seus planos em 2006, quando perdeu os movimentos da perna após ser diagnosticado com um abscesso na medula. Sempre muito ligado ao esporte, Renê utilizaria desta ferramenta para o trabalho de três anos de reabilitação dos movimentos. Após conhecer o remo através de um simulador em 2012, não demorou muito para que o atleta tomasse gosto pelo esporte e iniciasse uma nova vida em cima do barco.

Renê Pereira na semifinal do Mundial de Remo paralímpico
Além da vaga olímpica, conquistou a prata na 2ª Etapa da Copa do Mundo de Remo (Detlev Seyb/MyRowingPhoto.com)

Após um planejamento de carreira, Renê Pereira iniciou os seus treinamentos no remo paralímpico em 2015 e chegou na seleção brasileira ainda no mesmo ano. O empenho lhe rendeu uma classificação aos Jogos Paralímpicos de 2016, quando acabou com a sexta colocação no Single Skiff PR1.

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Trabalhando firme desde então, Renê Pereira viveu uma ótima temporada em 2019. Além de ter conseguido a sua classificação para a Paralimpíada de Tóquio através do Mundial de Remo Sênior 2019, em que encerrou na quinta colocação, o remador conquistou a medalha de prata na 2ª Etapa da Copa do Mundo de Remo, realizada em julho, na Holanda. Este foi o primeiro pódio do baiano na Copa do Mundo. Até então, seu melhor resultado havia sido a 4ª posição em 2018.

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