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Dia do Voluntário: a história de quem está por trás dos Jogos

Desde 1912, os voluntários têm papel fundamental nas Olimpíadas e Paralímpiadas. Conheça a história e evolução do trabalho

Voluntários dos Jogos Olímpicos - Voluntários dos Jogos Paralímpicos
Número de voluntários cresce a cada edição dos Jogos (Divulgação)

Há mais de um século, a cada quatro anos, os holofotes se voltam para os maiores atletas do mundo competindo pela mais alta glória esportiva. As Olimpíadas e Paralimpíadas reúnem a elite do esporte mundial, mas não é só dos astros que os megaeventos vivem. Por trás das câmeras, estão aqueles que fazem tudo acontecer, e por puro amor: os voluntários dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.  

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Ao longo da história, o trabalho voluntário foi ganhando cada vez mais espaço nos eventos esportivos, tendo como alguns fundamentos o altruísmo e a contribuição social. E hoje, ele já é mais do que tradição. Por isso, no Dia do Voluntário, celebrado neste sábado (5), o OTD resolveu contar um pouco da história de quem faz os Jogos acontecerem. 

Os pioneiros

A primeira Olimpíada da Era Moderna aconteceu em 1896, em Atenas, mas não contou com trabalho voluntário. Os primeiros apareceram apenas nos Jogos de 1912 em Estocolmo e eram escoteiros, responsáveis pela entrega de mensagens, manutenção da ordem e segurança e atendimento ao público. 

A cada edição olímpica posterior, o número de escoteiros no voluntariado aumentava. Até que em Berlim-1936, eles foram substituídos pelo Movimento da Juventude Nazista, o que perdurou até o fim da Segunda Guerra Mundial. 

No pós-Guerra, a iniciativa alemã não foi para frente e os escoteiros voltaram a ser voluntários dos Jogos Olímpicos em Helsinki-1952. E foi nesta edição das Olimpíadas que foi feita a primeira menção ao trabalho voluntário das mulheres, representando 574 de um total de 2.191.

Evolução do trabalho

Entre os anos 50 e 60, o número de atividades do voluntariado cresceu e ele passou a ser integrado ao comitê organizador, desempenhando tarefas além da segurança, como preparação e manutenção dos locais de competição e das cerimônias e transporte.

A Olimpíada Lake Placid-1980, entretanto, foi um marco para a história dos voluntários dos Jogos Olímpicos. Foi lá que apareceram os voluntários como conhecemos hoje e que não faziam parte de nenhuma associação. Um total de 6,7 mil pessoas cederam força de trabalho para os Jogos Olímpicos em troca de certificado oficial, alojamento e uniforme.

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O número de voluntários não parava de crescer e se consolidou de vez em Barcelona-1992, com quase 35 mil pessoas inscritas, seguindo também o crescimento dos próprios Jogos e da complexidade de sua organização. 

Até hoje, o recorde foi em Pequim-2008, com 70 mil voluntários nos Jogos Olímpicos e mais 30 mil para os Paralímpicos, somando 100 mil pessoas. 

Experiências únicas

Voluntários dos Jogos Olímpicos - Voluntários dos Jogos Paralímpicos
Grupo de voluntários em Atenas-2004 (Arquivo Pessoal/Marcelo Orchis)

Os voluntários dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos proporcionam aos organizadores uma mão de obra gratuita, reduzindo os custos do evento. Do outro lado, eles vivem uma experiência multicultural única que pode ser até um diferencial profissional.  

“Eu sempre gostei muito dos Jogos, mas nunca tive condições financeiras de ir. Então decidi juntar dinheiro e fui selecionado para a área de serviços de linguagem. E lá eu tive a chance de ver o que é um evento esportivo. Isso prestou muito também para a minha carreira, porque depois de um ano, eu comecei a trabalhar no Comitê Olímpico do Brasil”, contou Marcelo Orchis, voluntário em Atenas-2004. “É fantástico. Você encontra pessoas do mundo inteiro, as bandeiras, a interação cultural. Viva o voluntariado”, completou.

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As funções do voluntariado são agrupadas em nove áreas de atuação: atendimento ao público, esportes, imprensa e comunicação, apoio operacional, produção de cerimônias, protocolo e idiomas, serviços de saúde, tecnologia e transportes. 

“Foi uma experiência incrível, umas das melhores que já tive na vida. Ainda mais porque eu pratico tiro com arco. Então poder ver os atletas que são referência para mim de perto, treinando, competindo, e até ter a oportunidade de conversar com alguns deles foi realmente sensacional. Com certeza pretendo fazer isso em outros eventos também. Para quem tiver a oportunidade, eu recomendo, porque vale muito a pena”, contou Rafael Marcos, voluntário na Rio-2016, ao Olimpíada Todo Dia. 

Voluntários dos Jogos Olímpicos - Voluntários dos Jogos Paralímpicos
Rafael Marcos, voluntário na Rio-2016, com a bicampeã paralímpica Zahra Nemati (Instagram/rafaelwsmarcos)

Voluntariado em Tóquio-2020

As inscrições para ser voluntário dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 já estão encerradas. Inclusive, as sessões de treinamento para os voluntários escolhidos já começaram. Mas, dessa vez, estão sendo realizadas de modo virtual. 

A expectativa é de que, até dezembro, cinco mil voluntários do Japão e de outros países participem dos treinos virtuais. Mais de 200 mil aplicações foram feitas por candidatos de todo o mundo e, destas, 80 mil foram selecionadas para trabalhar em Tóquio.

*Com Mariana Moreto

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