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Falência na confederação de canoagem é alerta ao esporte brasileiro

Difícil acreditar que pouco mais de 40 dias após o emocionante ouro de Isaquias Queiroz, a canoagem do Brasil passe pela pior crise de sua história

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Isaquias Queiroz comemora a medalha de ouro inédita na Olimpíada de Tóquio, no C1 1000 m (Breno Barros/rededoesporte.gov.br)

No ano em que conquistou o maior resultado de sua carreira, a medalha de ouro de Isaquias Queiroz nos Jogos de Tóquio, a canoagem do Brasil passa por sua maior crise. A falência da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem), anunciado em nota oficial da entidade na última sexta-feira (17), mostra que o sucesso dos atletas muitas vezes não se reflete na gestão temerária das entidades.

A CBCa, que também era responsável pela canoagem paralímpica, precisou encerrar suas atividades por causa de uma execução judicial do Tribunal de Justiça-SP. O motivo são várias ações por dívida do ISS em São Paulo, ainda na época em que existia um bingo que pertencia à entidade. O valor de R$ 5,6 milhões é proibitivo para uma confederação sem patrocínios relevantes. Além de anunciar o fim das atividades, a CBCa também dispensou todos os funcionários.

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Não dá para acreditar que a mesma confederação que há pouco mais de um mês viu a consagração de Isaquias Queiroz, faturando a inédita medalha de ouro na prova do C1 1000 m da canoagem velocidade em Tóquio-2020, seja submetida a uma humilhação deste tamanho. Por enquanto, caberá ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) administrar a modalidade.

A CBCa é a segunda entidade do esporte olímpico do Brasil a fechar as portas neste século. Antes, a antiga CBVM (Confederação Brasileira de Vela e Motor) também foi à falência, pelo mesmo motivo: não conseguir pagar as dívidas deixadas pelo bingo que levava o seu nome. No lugar, foi criada a CBVela, que hoje é quem dá as cartas na modalidade.

Talvez a maior lição que este episódio deixa é que as entidades esportivas brasileiras precisam, de modo geral, melhorar seus processos de gestão. Várias estão atoladas em dívidas, algumas se encontram em processo de reestruturação mas pouquíssimas estão em situação saudável. Que o dinheiro anda escasso, todo mundo sabe. O problema é quando não se sabe administrar nem o pouco que tem.

No final, só para variar, a corda acaba estourando no lado mais fraco desta equação, o atleta. A conferir o quanto toda essa confusão irá afetar na largada para o próximo ciclo olímpico e paralímpico de Paris-2024.

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