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Crise do doping no esporte do Brasil merece um tratamento de choque

Explosão de casos positivos no esporte brasileiro nas últimas semanas expõe a gravidade com que a situação merece ser tratada pelas autoridades do país

Rafaela Silva exibe a medalha de ouro no Pan de Lima, que perdeu por causa do doping (Crédito: Wander Roberto/COB)

Na última quarta-feira (25), a Panam Sports oficializou a situação de sete dos 15 casos positivos de doping nos Jogos Pan e Parapan-Americanos de Lima. Dos sete anunciados, dois são brasileiros e tiveram suas respectivas medalhas retiradas. São eles o ciclista de pista Kacio Freitas, que havia conquistado o bronze por equipe, e a judoca campeã olímpica Rafaela Silva, ouro nos 57 kg no Pan.

A eles, somam-se outros dois casos que ainda não foram anunciados de forma oficial pela Panam, que são o de Andressa Morais, prata no lançamento de disco, e Rodriguinho, que integrou a seleção masculina de vôlei, bronze em Lima.

Com o anúncio, no começo desta semana, de mais três casos positivos no ciclismo nacional (estrada e mountain bike), o quadro, que já era grave, tornou-se devastador em minha opinião.

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Já passou da hora para que as entidades responsáveis pelo esporte olímpico nacional se reúnam e façam uma ampla discussão sobre o tema. COB (Comitê Olímpico do Brasil), ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), Secretaria Especial do Esporte, todos eles precisam entrar de cabeça neste combate ao doping. Ou o Brasil começará a sofrer prejuízos que vão além dos resultados esportivos, passando a imagem de ser um paraíso do doping.

Ótima série de reportagens feitas pelo LANCE! nos últimos dias mostra o quanto é caso é grave. Segundo dados da Wada (Agência Mundial Antidoping), foram 55 violações ocorridas no Brasil em 2016. Só este ano, contudo, foram 12 casos em modalidades olímpicas e uma no paralímpico, incluindo os flagrados no Pan-Americano.

O que torna todo este quadro mais grave é que a maior parte dos casos, pelo que se sabe, ocorreu por descuido do atleta. Seja no consumo de algum suplemento alimentar, contaminação cruzada ou até por situações inusitadas, como o de Rafaela Silva. Ela teria sido infectada por um contato com uma bebê de sete meses, que havia consumido um remédio com substância proibida.

O fato é que a legislação antidoping não permite vacilos. A menos que a defesa do atleta esteja altamente embasada, com provas consistentes, ele dificilmente escapará de uma punição. Mesmo que não tenha ocorrido intenção de buscar alguma vantagem esportiva.

O COB diz que já vem fazendo diversas campanhas e palestras para atletas. O objetivo é compartilhar informações sobre os riscos do doping. Talvez seja preciso fazer mais. O risco de o Brasil não ver grandes ídolos como Rafaela Silva competir por um vacilo que muitas vezes não tem perdão, é cada vez maior.

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