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Tóquio 2020

Mayssa deseja defender outro país na Olimpíada de Tóquio

Em live com a goleira Chana Masson, Mayssa Pessoa revelou que tentará se naturalizar por “um país que possa lhe dar uma medalha olímpica” no Japão

A goleira Mayssa Pessoa pretende defender a bandeira de outro país em Tóquio (Instagram/mayssa84pessoa)

A tarde desta terça-feira (12) marcou o encontro de duas gigantes do handebol brasileiro. Em live realizada no instagram, as goleiras Mayssa Pessoa e Chana Masson conversaram sobre a admiração que tem uma pela outra, relembraram os tempos juntas na seleção brasileira durante os Jogos Olímpicos de Londres 2012 e falaram sobre a vida na Rússia, país onde jogam atualmente, por clubes distintos. Com direito a uma revelação bombástica: Mayssa admite a possibilidade de se naturalizar por outro país para disputar a Olimpíada de Tóquio, no ano aque vem.

Mayssa foi questionada por uma fã se tem interesse em voltar a defender a seleção brasileira, algo que não faz desde o Mundial de 2017, realizado na Alemanha. A goleira afirmou que não, além de revelar o desejo de jogar por outro país que lhe possa dar uma inédita medalha olímpica, algo que o Brasil, em sua opinião, não é capaz de fazer.

“Eu não quero ir mais para a Olimpíada só para participar. Eu não quero botar a camisa, perder e jogar a bola de dentro do gol para o centro de campo. Pra mim, isso não é mais interessante. Eu quero uma equipe em que eu possa lutar, chegar longe e ganhar uma medalha olímpica”

Mayssa Pessoa, em live no Instagram

“A equipe atual [do Brasil] não tem condições de fazer um bom campeonato mundial ou uma Olimpíada. Ainda está em construção. Tem algumas jogadoras antigas, mas é apenas uma por posição com experiência. Não tem condições de elas jogarem dez jogos seguidos no mesmo nível. É impossível,” acrescentou.

Confira na íntegra a resposta de Mayssa Pessoa sobre voltar a atuar pelo Brasil

Pedido para não estar na lista de Dueñas

Mayssa não revelou um país específico que deseja defender. Disse, entretanto, que pediu recentemente ao técnico da seleção brasileira, o espanhol Jorge Dueñas, para que não a convoque mais daqui para frente.

“Em 2019, ele me convocou para o Pan [Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru] e para o Mundial. Fizeram meu visto e tudo. Mas em nenhum momento eu senti vontade de ir. A gente sabe que é uma nova equipe, uma nova geração. Mas eu não gosto de como as coisas são realizadas lá dentro [da seleção brasileira].”

Da onde veio a decisão

Mayssa contou que a ideia de não atuar mais pela seleção brasileira surgiu após a derrota nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, algo que “levou-a um estado depressivo”. Na ocasião, o Brasil foi eliminado pela Holanda, após ter passado a fase de classificação na primeira colocação do grupo.

Segundo ela, a decisão foi repensada após o anúncio de Jorge Dueñas como o novo técnico da seleção, em 2017. O espanhol teria pedido para que a goleira voltasse ao menos a treinar com a seleção e decidisse sobre sua futura participação no Mundial de 2017 depois. A atleta optou pelo regresso contra a sua vontade, acatando a pedidos de pessoas próximas a ela.

Mayssa Pessoa deseja jogar o handebol dos Jogos Olímpicos de Tóquio por outro país. Jogadora foi campeã mundial com a seleção brasileira
Mayssa em sua última atuação pela seleção brasileira, em 2017 (arquivo)

“Eu não queria ir. O maior erro que fiz foi escutar algumas pessoas. Até mesmo minha mãe, minha irmã, meu pai e algumas amigas minhas. Fui para o Mundial. A gente jogou e foi horrível. E eu não senti mais vontade de defender a seleção. Teve outra convocação e ele [Jorge Dueñas] me convocou. Falei que não estava bem e precisava descansar.”

Compreensão de Chana Masson

A decisão de Mayssa foi apoiada por Chana Masson, goleira da seleção brasileira em quatro edições de Jogos Olímpicos (de Sydney-2000 até Londres 2012) e que atualmente também joga na Rússia.

“Eu entendo você totalmente. Acho que jogar com a seleção brasileira é inexplicável, mas chega uma hora que a gente cansa. Sempre os mesmos problemas, as mesmas dificuldades. É difícil mesmo,” declarou Chana Masson.

Em live com goleira Chana Masson, Mayssa Pessoa diz desejar jogar os Jogos Olímpicos de Tóquio por outro país. Rússia é opção
Mayssa Pessoa e Chana Masson

Mayssa concordou com a opinião da experiente goleira e uma de suas maiores inspirações no handebol.

“Quem não ama jogar pelo seu país e ganhar uma medalha? Aconteceu isso comigo né? Joguei com o Brasil, a gente ganhou medalha [De ouro, no Campeonato Mundial de 2013, na Sérvia]. Foi uma coisa inesquecível. Conseguir alguma coisa grande com o handebol brasileiro, que a gente sabe que não é profissional, é algo inexplicável. Mas chega um ponto em que a gente cansa.”

Elegibilidade para defender outro país

De acordo com o artigo VI do código de elegibilidade da Federação Internacional de Handebol (IHF), um atleta pode jogar por um outro país desde que possua a cidadania local e que não tenha atuado com outra nacionalidade nos últimos três anos.

Mayssa não revelou um país pelo qual tenha o desejo de atuar. Disse, porém, que gostaria de disputar o próximo campeonato europeu, marcado incialmente para ocorrer em dezembro desse ano, na Dinamarca e na Noruega, caso ele seja adiado por conta do coronavírus.

“Eu ainda não sei [se poderá jogar o próximo campeonato europeu], porque eu joguei o último Mundial com o Brasil em 2017. Mas se eles colocarem mais pra frente, por causa do vírus, talvez eu jogue o Europeu e a Olimpíada por uma seleção em que possa ganhar medalha.”

Por que país Mayssa jogaria?

A goleira brasileira não disse que nação gostaria de defender nos Jogos Olímpicos de Tóquio ou no campeonato europeu. Uma possibilidade seria atuar pela Rússia, atual campeã olímpica e local onde a goleira joga atualmente.

Uma outra ideia seria se naturalizar holandesa. Classificada para os Jogos de Tóquio, a Holanda é a atual campeã mundial e é o país natal de sua noiva, Nikita Ramona.

Mayssa e sua noiva, a holandesa Nikita Ramona. Holanda pode ser um possível país para a goleira defender no handebol em Tóquio. Rússia também é opção.

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