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Stefania Constantini: “Não vejo a hora de conhecer o Brasil”

Em entrevista exclusiva, italiana Stefania Constantini fala da expectativa de visitar o Brasil e das mudanças após ganhar o ouro olímpico no Curling em Pequim 2022

Stefania Constantini curling Brasil
Stefania Constantini ficará três dias no Brasil para falar sobre experiência no Curling (Stephen Fisher-WCF)

A vida da italiana Stefania Constantini nunca mais foi a mesma depois de fevereiro de 2022. De atleta desconhecida em seu próprio país, hoje ela é requisitadíssima em eventos, entrevistas, palestras, etc. Em agosto, o Brasil é um dos destinos da disputa agenda da atual campeã olímpica de duplas mistas no Curling.

A competidora da Itália foi confirmada pela Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) e Federação Mundial de Curling (WCF) como estrela convidada do programa Olympic Celebration Tour, A iniciativa, realizada pela entidade internacional, traz grandes nomes do esporte para compartilhar sua experiência e contribuir com os valores do esporte.  

“Infelizmente não vou ficar mais do que alguns dias no Brasil, mas não vejo a hora de conhecer, nem que seja uma pequena parte”, comentou a atleta com exclusividade ao Brasil Zero Grau e Olimpíada Todo Dia.

Stefania Constantini ficará apenas três dias no país: de 4 a 6 de agosto. Portanto, a ideia é aproveitar ao máximo essa oportunidade. “Já temos um rascunho do programa com as atividades que iremos fazer”, admite. Entre as iniciativas estão visitas em escolas e um dia de “portas abertas” na Arena Ice Brasil.

O objetivo é justamente inspirar uma nova geração de possíveis atletas aqui no Brasil. Afinal, ela sabe muito bem o que é praticar um esporte com pouco (ou nenhum) apoio. O Curling não era popular na Itália e tinha menos de 500 praticantes no país. Mesmo assim, ela e Amos Mosaner surpreenderam e ganharam o ouro olímpico nos Jogos Olímpicos de Pequim.

“Nos encontramos em uma dimensão completamente nova: agora, toda Itália conhece o Curling, muitas pessoas se apaixonaram por ele e nos seguiram e apoiaram mesmo após os Jogos Olímpicos. Isso também é uma vitória para nós: finalmente nosso esporte é respeitado e começa a ser entendido”.

Estrutura, paixão e profissão: os segredos de acordo com a italiana

Mas será que o Brasil pode seguir os passos de Stefania Constantini e do curling italiano nos próximos anos? Esse é o objetivo da CBDG, que vai usar o Olympic Celebration Tour para finalmente “inaugurar” a Arena Ice Brasil e iniciar um projeto de desenvolvimento de longo prazo para a modalidade, focando em jovens de 12 a 18 anos.

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Para a italiana, o sonho é possível. “Ter estruturas adequadas, atletas com paixão e ambição que tenham a oportunidade de praticar o esporte como profissão, patrocinadores que apoiam as atividades e staff técnico competente são as chaves para ter um bom nível em qualquer modalidade”.

Até porque o crescimento do Curling depende do sucesso de mais países. Hoje é a Itália, amanhã pode ser o Brasil. É bom que o nosso esporte esteja se espalhando gradualmente em todo o mundo e, acima de tudo, cada vez mais nações se tornem competitivas, elevando o nível internacional”, complementa.

Stefania Constantini já trabalha para 2026

O ouro olímpico em 2022 foi surpreendente, mas agora vem a parte mais difícil para Stefania Constantini: manter o alto nível por mais quatro anos. A missão é ainda mais complicada porque a Itália vai sediar a próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2026, nas cidades de Milão e Cortina d’Ampezzo – local em que a atleta mora, inclusive.

“Poder participar dos Jogos Olímpicos já é motivo de satisfação e orgulho. Competir em casa é ainda mais especial”, afirma.

A Itália já tem vaga garantida por ser país-sede, mas o objetivo dos atletas é conseguir a vaga direta nos critérios pré-olímpicos para se preparar melhor. Stefania quer estar presente novamente. Não só nas duplas, mas também com o time feminino – ela é a principal skip do país entre as mulheres.

Para isso, o Curling italiano está se estruturando para profissionalizar seus atletas. Entidades como Polícia e Aeronáutica criaram projetos que recrutam esportivas para que eles possam “transformar sua paixão em trabalho”, segundo a campeã olímpica. Ela, aliás é a primeira mulher da modalidade inscrita nesses programas – e espera que o número aumente nos próximos anos.

Kate Caithness, presidente da WCF, também estará no Brasil

Stefania Constantini não vai ser a única personalidade do Curling presente no Brasil em agosto. Kate Caithness, presidente da Federação Mundial da modalidade, também estará no país durante o Olympic Celebration Tour. Ela, inclusive, foi convidada para fazer o lançamento simbólico da primeira pedra do Campeonato Brasileiro.

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“O Brasil é uma das maiores audiências televisivas do Curling. Com a inauguração da nova arena, agora o esporte pode ser experimentado pelo público em geral. Trazer a Stefania foi estratégico. Entendemos que há uma grande presença italiana no Brasil e, ao visitar escolas, ela pode inspirar os jovens a sonhar grande”, explica Scott Arnold, chefe de desenvolvimento da WCF.

O objetivo da federação internacional é transformar esse interesse em novos praticantes. “Acreditamos que o esporte é tão divertido jogar quanto assistir”, afirma o executivo, para depois completar. “A nossa experiência mostra que quando uma instalação do esporte é aberta em nossos membros, o crescimento é exponencial e o país começa a ter mais sucesso internacional”.

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