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Tóquio 2020

‘Vovô’ da seleção, Baby exerce liderança dando exemplo a estreantes do judô

Aos 34 anos e com duas medalhas olímpicas já conquistadas, Rafael Silva usa o que aprendeu com grandes nomes do passado para ajudar novatos a competir em uma das mais singulares edições da história

Rafael Silva seleção de judô Eric Takabatake
Rafael Silva em treino com Eric Takabatake na cidade de Hamamatsu (Gaspar Nóbrega)

Tóquio – Apesar do apelido de Baby, Rafael Silva é o atleta mais experiente da seleção brasileira de judô que está no Japão para disputa dos Jogos de Tóquio. Tanto por conta da idade, é o mais velho entre os 13 judocas, quanto por participações olímpicas, é o único que já competiu no maior evento esportivo do mundo dentro do grupo que ele integra na reta final de preparação. Naturalmente, portanto, torna-se a referência para os demais e, para exercê-la, faz o que aprendeu com aqueles que eram os mais velhos na época em que ainda era, de fato, um ‘bebê’ na seleção.

O desafio dos atletas da seleção de judô fica ainda mais ‘pesado’ quando lembramos que o torneio será na terra natal da modalidade, disputado no solo sagrado da Budokan. Tudo em meio a um ciclo olímpico de cinco anos por conta do adiamento inédito de uma edição de Jogos Olímpicos, a serem realizados sob fortes protocolos de segurança sanitária gerados por conta da pandemia da covid-19.

Exemplo de tranquilidade e foco

“Para mim ser o mais experiente é um grande privilégio. Nas outras duas Olimpíadas eu tive Tiago Camilo, Leandro Guilheiro como grandes referências e o que mais me cativou na época era a liderança pelo exemplo. Sempre cumprindo os treinamentos, estando na rotina, dando o melhor que tinha em cada treino. Eu tento passar um exemplo”, diz o atleta de 34 anos da categoria pesado. Rafael Silva, integrante do Time Ajinomoto, tem duas medalhas de bronze, uma conquistada em Londres-2012 e a outra quatro anos depois, no Rio de Janeiro.

“É tranquilidade e focar na rotina. Um evento como os Jogos Olímpicos tem grande influência externa, de muita coisa acontecendo, inclusive nessa época em que estamos vivendo. Então é focar no que interessa mesmo, no treinamento, descanso, fisioterapia e no dia de competição, que é o mais importante de nossas vidas. A gente fala que o ciclo tem quatro anos, mas é uma vida toda se preparando. É único, mágico, muita coisa pode acontecer e eu acho que a gente não pode se perder com o que está em volta”, acrescentou, em entrevista coletiva remota realizada nesta quinta-feira (15), no Japão.

Vivendo um sonho

Ao lado dele estavam Eric Takabatake e Gabriela Chibana, ela também do Time Ajinomoto, e ambos estrantes em Jogos. Os três fazem parte, junto com mais três atletas, do primeiro grupo da seleção de judô que chegou ao Japão. Eles desembarcaram no domingo (11) na cidade de Hamamatsu, onde fazem aclimatação. Um segundo grupo chegaria ainda na quinta, mas, por questões de segurança sanitária, não vai se misturar com o primeiro. Ainda mais após a confirmação de casos de covid-19 entre funcionários do hotel onde está a delegação. “Eu estou vivendo um sonho, participar de Jogos Olímpicos para mim sempre foi um sonho desde que eu comecei a pensar em ser um atleta de alto nível. Estou muito feliz e quero muito completar. Participar já é um grande feito, mas acredito que não trazer medalha sai pela metade. Estou me preparando bastante e muito esperançoso”, disse Takabatake.

Eric Takabatake seleção de judô
Eric Takabatake vivendo seu sonho de judoca (Gaspar Nóbrega)

A situação é tão singular, que até Rafael Silva tem seus momentos de ‘novato’. “As vezes me pego vendo as fotos lá de 1964, quando teve a estreia do judô (no programa olímpico) aqui no Japão. Ter a oportunidade de lutar onde tudo começou, para mim, é muito importante. Teve umas competições que aconteceram nesse ginásio que a gente assistia naquelas VHS antigas. É um baita privilégio ter lutado no Rio e agora aqui no Japão. Estou com a mesma sensação de quem está estreando, é uma Olimpíada muito especial. Foi um ciclo olímpico bastante logo, foram cinco anos. Estou ansioso, com muita vontade e desejo de conquistar mais um sonho igual a essa galera que está competindo na primeira Olimpíada.”

Seleção completa

Rafael Silva, Chibana e Takabatake estão no Japão desde o início da semana, ao lado de Daniel Cargnin (66kg), Larissa Pimenta (52kg) e Eduardo Katsuhiro Barbosa (73kg). Os outros sete atletas da seleção de judô que chegariam nesta quinta-feira (15) são Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg), Rafael Buzacarini (100kg), Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg). A aclimatação em Hamamatsu vai até o dia 28 de julho, quando os últimos atletas seguem rumo à Vila Olímpica de Tóquio. Larissa e Katsuhiro são mais dois do judô que integram o Time Ajinomoto.

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As disputas da modalidade serão realizadas na Nippon Budokan, construída especialmente para receber a estreia da modalidade no programa olímpico, em 1964. Serão oito dias de lutas, com uma categoria por dia, no masculino e no feminino, começando pelos mais leves no dia 24 de julho. A inédita competição por equipes mistas encerra o torneio no dia 31. As lutas classificatórias começam às 23h pelo horário de Brasília e o bloco final, composto por repescagens, semifinais, bronzes e finais, tem início às 5h.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

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