No último domingo, no segundo jogo da seleção brasileira de rugby de 15 na Copa do Mundo, na Inglaterra, um momento histórico marcou o jogo contra a França: o primeiro try do Brasil em Mundiais. A protagonista foi Bianca Silva, ponta da equipe, que atravessou a defesa adversária para garantir seu lugar na história do rugby nacional.
“Eu entrei no jogo pensando em mudar a cara da partida. Quando recebi a bola, só pensei em avançar e ganhar campo. Tudo aconteceu muito rápido, mas como costumo visualizar os movimentos nos treinos, acabou sendo automático. A sensação foi de satisfação por estar fazendo o que amo, que é jogar rugby”, contou Bianca.
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De Paraisópolis ao rugby mundial
A trajetória de Bianca começa em 2011, no Instituto Rugby Para Todos, em Paraisópolis (SP). Aos 11 anos, ela recebeu o convite de vizinhos para experimentar a modalidade, sem imaginar que aquele primeiro contato mudaria o rumo de sua vida. “Não passou pela minha mente que conseguiria ser atleta profissional, até porque tinha outros planos e o esporte era somente um hobby”, lembra.
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O Rugby Para Todos, criado em 2004 por Maurício Draghi e Fabrício Kobashi, nasceu como um projeto voluntário que transformou o rugby em ferramenta de cidadania e inclusão. Hoje, atende cerca de 250 jovens em Paraisópolis, com treinos, acompanhamento nutricional e psicológico, além de atividades educativas. O programa expandiu-se também para Guarulhos, com 200 participantes, e para o Rio de Janeiro, onde atua em quatro polos. Ao longo da história, mais de 5 000 jovens já foram impactados, sendo 2 000 atendidos de forma contínua, com uma média de 300 beneficiados por ano.
Foi nesse ambiente que Bianca deu os primeiros passes, construiu sua base e iniciou a caminhada que a levaria à Seleção Brasileira. A primeira convocação veio em 2017, no torneio de Dubai, contra a França. Mas a virada de chave aconteceu em 2018, quando decidiu mudar hábitos e adotar de vez a rotina de uma atleta de alto rendimento. “Passei a ter mais responsabilidades dentro da equipe, e isso me transformou.”
Experiência internacional
Além da trajetória com as Yaras, Bianca tem no currículo passagens importantes no rugby internacional. Em 2023, foi a primeira brasileira a atuar profissionalmente no Japão, onde conquistou o campeonato nacional de forma invicta. “No Japão, aprendi a trabalhar ainda mais duro porque precisava mostrar meu valor e conquistar respeito. Consegui construir uma amizade incrível com as meninas de lá e mostrei o lado honesto e trabalhador do brasileiro”, relembra.
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A atleta também defendeu um clube nos Estados Unidos, ao lado de outras brasileiras como Mariana Nicolau, Luiza Gonzales e Rafaela Zanellato. “Foi um desafio físico e mental. Cada jogo era eliminatório, então a pressão era enorme. Mas foi uma experiência única.”
Inspiração para a nova geração
Com apenas 25 anos, Bianca já se tornou referência para jovens jogadoras brasileiras — especialmente para aquelas que, assim como ela, sonham em transformar a realidade através do esporte.
“Quero agradecer a todos que estão nos apoiando e acreditam em nós. Às meninas que estão começando, digo para acreditarem no sonho, buscarem pessoas que as façam evoluir como atletas e como pessoas, e se entregarem ao rugby para crescer cada vez mais.”
O próximo jogo do Brasil será contra a Itália, neste domingo, às 10h do horário de Brasília e será transmitido pela ESPN e Disney+.