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Política esportiva

Força feminina no esporte olímpico é cada vez maior. Mas há muito o que evoluir

O Dia da Mulher cria uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre o espaço dado às mulheres no esporte olímpico e o que precisa ainda melhorar

No Dia da Mulher, a ciclista suíça Nicole Hanselmann simboliza que ainda há muito machismo a se combater no esporte olímpico (Crédito: reprodução)

As comemorações do Dia da Mulher acabam obrigatoriamente provocando reflexões em todos os setores da sociedade. Não seria diferente se fizermos esta análise no universo do esporte olímpico. É simplesmente impossível imaginar o cenário esportivo atual sem uma ampla presença feminina. A tendência é que este espaço seja cada vez mais ocupado pelas mulheres, até que o grande objetivo seja alcançado: uma Olimpíada com igualdade de gênero entre os atletas.

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Aliás, vale aqui uma breve digressão.

Seria curioso ver o Barão de Coubertin nos dias atuais. Responsável pelo renascimento dos Jogos Olímpicos, o primeiro presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), se vivo fosse hoje, talvez fosse alvo de longos “textões” em redes sociais. Possivelmente precisaria gravar algum vídeo de Instagram se desculpando. Isto porque Coubertin não escondia sua contrariedade à presença da mulher na Olimpíada. Elas não estiveram em Atenas-1896, mas marcaram presença em Paris-1900. Foram 11 mulheres, disputando eventos de tênis e golfe.

Preso às tradições dos Jogos da Grécia Antiga, nos quais as mulheres nem poderiam acompanhar as disputas da arquibancada, o velho barão talvez se rendesse ao trabalho que seus sucessores vem fazendo em favor do esporte feminino nos últimos anos.

A Olimpíada de Tóquio-2020 tem tudo para ser uma das que terão o maior equilíbrio entre atletas homens e mulheres. Não chegará à proporção 50/50, mas ficará bem perto disso, possivelmente.

Mesmo que tenha sido por pressão do crescimento do esporte feminino, o COI acertou ao exigir de diversas modalidades um ajuste no programa esportivo. Vários esportes incluíram disputas mistas ou então abriram mais espaço para categorias femininas, tirando algumas vagas excedentes masculinas.

Essa onda também alcança o COB (Comitê Olímpico do Brasil). Na Olimpíada Rio-2016, o país apresentou sua delegação com maior presença feminina. Foram 209 mulheres na equipe, 45% da delegação composta por 465 atletas (estiveram presentes 256 homens). Foi a maior presença de atletas mulheres olímpicas do Brasil na história.

Integrantes da missão 100% feminina do Brasil que disputará os Jogos Sul-Americanos de Praia, em Rosário (Crédito: Rafael Bello/COB)

Neste sábado, o COB está enviando uma delegação com chefia de missão 100% feminina para disputar os Jogos Sul-Americanos de Praia, que acontecerão em Rosário (ARG). No evento, que acontece entre 14 e 23 deste mês, os 62 atletas serão comandados por nove mulheres. Sem dúvida, um marco na história do movimento olímpico brasileiro.

Ainda há o que melhorar

Mas nem tudo é perfeito neste cenário de evolução da presença feminina no esporte.

E por uma triste ironia, a semana que marcou o Dia da Mulher nos trouxe uma notícia bizarra, que só mostra o quanto ainda precisamos melhorar.

Uma prova de ciclismo estrada disputada no último domingo (3), na Bélgica, foi marcada por uma cena inacreditável. O pelotão masculino largou dez minutos antes do feminino. Só não contavam que uma das participantes, a suíça Nicole Hanselmann, conseguisse ser mais rápida do que os homens.

Quando Nicole estava prestes a ultrapassar os primeiros ciclistas do bloco masculino, a organização da prova resolveu intervir. Parou todo o pelotão feminino, dando uma boa vantagem para que os homens se distanciassem. A suíça, que tinha mais de dois minutos de vantagem sobre suas rivais, acabou perdendo ritmo, concentração e a própria prova. Terminou em 74º lugar.

Como se vê, ainda há muito o que melhorar para que a igualdade de gênero no esporte olímpico não sejam apenas palavras bonitas.

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