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Seleção Brasileira

‘Chegaremos mais confiantes para Tóquio-2020’, diz Ney Wilson

Queda de rendimento do judô brasileiro, carro-chefe do esporte olímpico nacional, não preocupa gestor de alto rendimento da CBJ

Ney Wilson, gerente de Alto Rendimento da CBJ (Crédito: Divulgação)

Modalidade com maior número de medalhas em Olimpíadas (22), o judô brasileiro vive uma fase de incertezas.

O carro-chefe do esporte olímpico nacional decepcionou no Mundial de 2018, quando conquistou apenas uma medalha de bronze, com a aposentada Érika Miranda (52 kg). A temporada de 2019 começou e o quadro segue nebuloso. Embora a equipe feminina venha mantendo uma certa regularidade, o time masculino vem decepcionando com os últimos resultados. Para piorar, a equipe vem passando por uma profunda renovação.

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Este  cenário de indefinições, contudo, não abala a confiança de Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). A pouco mais de um ano e meio para a Olimpíada de Tóquio-2020, ele acredita que se trata de uma fase. “Um resultado pontual não é preocupante. Quando são constantes, aí podemos ficar preocupados. Mas acho que faremos uma correção destes resultados em 2019 para chegarmos confiantes na Olimpíada”, disse Wilson.

Neste final de semana, o judô brasileiro voltará a entrar em ação, em um importante torneio para a corrida olímpica de 2020. O Grande Slam de Ekaterimburgo, que distribuí importantes pontos na corrida olímpica, contará com a participação de 24 judocas brasileiros (13 no masculino e 11 no feminino).

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Blog Laguna Olímpico – O ano começou com uma participação ruim da equipe feminina no Grand Slam de Paris, mas depois houve a recuperação no Grand Slam de Dusseldorf. Já o masculino segue longe do pódio. Como a CBJ vem encarando esta atual situação irregular do judô brasileiro?

Ney Wilson – O resultado que tivemos em Paris com o feminino não foi algo que nos preocupasse. Na verdade, fazia parte do nosso planejamento. O calendário da Europa é muito diferente do nosso. Enquanto lá no final de novembro já estão se preparando para as competições do início do ano, nós temos a cultura da parada de Natal e Ano Novo, tudo isso acaba atrapalhando bastante. A verdade é que temos hoje duas equipes diferentes no Brasil. A feminina, onde você tem atletas bem experientes e com resultados consistentes, como a Mayra Aguiar e a Rafaela Silva. E a masculina, onde temos uma renovação muito grande, ao contrário do feminino. Todas as categorias no masculino estão em processo de renovação, com exceção do pesado. São equipes bem distintas que precisam de trabalhos diferentes, por isso também estamos fazendo este trabalho diferente e individualizando as necessidades de cada categoria.

Em relação ao masculino, o que mais preocupa vocês?

O leve (73 kg) é a categoria nossa mais preocupante. É uma categoria que não estamos trabalhando só com dois atletas, mas com seis. E vamos fazer treinamentos específicos dentro do Brasil com estas categorias, chamando todos os atletas, observando e intensificando os trabalhos para superar as dificuldades. Os que estão mais à frente nesta corrida por uma vaga são o Marcelo Contini e o Eduardo Katsuhiro.

Além do Mundial, qual é o grande objetivo da CBJ em 2019?

O foco principal do ano é o Campeonato Mundial. Se formos estabelecer uma segunda meta, diria que é o Campeonato Pan-Americano, que será em abril, em Lima, e será um caminho para chegar aos Jogos Pan-Americanos. O Pan de Lima é um evento à parte, pois não faz parte do ranqueamento olímpico. Para nós, não tem tanta importância. Por outro lado, é um evento multiesportivo semelhante à Olimpíada e como temos muitos atletas que não tem experiência olímpica, o Pan seria um evento importante para estes atletas debutarem.

Como a  CBJ está tratando a questão da categoria 52 kg, após a aposentadoria da Érica Miranda e o doping da Jéssica Pereira?

A situação é até animadora. Temos a Larissa Pimenta, de 19 anos, que fez uma ótima competição em Paris, ficando em 5º lugar, foi bronze em um torneio na Áustria e depois em Dusseldorf fez uma ótima competição. É uma opção muito boa. Temos também a Eleudis Valentim, que é a melhor no ranking depois da Érika e a Jéssica. E ainda nessa categoria teremos também a Sarah Menezes, que subiu de peso após decisão conjunta da comissão técnica e a atleta. Ela também estará brigando por uma vaga.

Vocês ainda contam com a Jéssica ou ela está descartada?

O caso dela tem que esperar o julgamento. Se tiver uma punição de até seis meses, é uma atleta que volta para a corrida atrás de uma vaga. Se tiver maior do que este prazo, não contaremos com ela para Tóquio.

Um levantamento dos resultados do Brasil apenas nos principais torneios deste ciclo mostra uma queda de pódios em 2018, em relação a 2017. Existe uma preocupação de que esteja ocorrendo uma tendência de queda da equipe?

Nós não fazemos uma análise olhando só para dentro do Brasil e para este ciclo. Se pegarmos o ciclo Rio-2016, tivemos também decréscimos entre um resultado e outro. Isso se deve a um processo de renovação, experimentação de novos atletas e desta maneira nem sempre tem bons resultados num primeiro momento. Quando observamos estes números, vemos a França, Alemanha, Holanda, Rússia, que são times equivalentes ao Brasil na briga pelas posições de 2º a 8º, vai ver que os resultados também tiveram um decréscimo. Acredito que a gente fará uma correção destes resultados em 2019 para chegarmos mais confiantes para a Olimpíada de 2020.

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