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África do Sul ‘peita’ Iaaf ao colocar Semenya em pré-lista do Mundial

Atleta sul-africana aparece em convocação provisória para competir em Doha, enquanto a Justiça ainda decide sua liberação

Caster Semenya foi incluída na pré-lista da África do Sul para o Mundial de Doha  (Crédito: Iaaf/Divulgação)

A federação de atletismo da África do Sul resolveu comprar uma briga com a Iaaf, entidade que comanda a modalidade. O motivo foi a presença do nome de Caster Semenya na pré-lista de convocados para o Mundial de Doha (QAT), que acontecerá em setembro.

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Em maio, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) decidiu a favor da Iaaf em um processo que pedia limitação para atletas com altas taxas de testosterona. A decisão tinha como endereço certo atingir Caster Semenya, bicampeã olímpica dos 800 metros. A CAS aceitou um estudo da Iaaf que proíbe atletas com 5 nanomols por litro de sangue de participarem de provas de 400 m até a Milha.

Semenya é portadora de hiperandrogenismo, anomalia natural que aumenta os índices de testosterona em seu organismo.

Atletas que quiserem participar destas provas terão que se submeter a um controle hormonal para baixarem este índice durante seis meses. Quem não quiser fazer o tratamento, só poderá correr em distâncias acima de 3.000 m.

Indignada com a decisão, Semenya decidiu recorrer à Suprema Corte da Suíça. Em 3 de junho, atendeu ao pedido e suspendeu temporariamente a sentença. A Iaaf terá até o próximo dia 25 para se pronunciar a respeito. Segundo os advogados da sul-africana, a defesa apelou para “direitos humanos básicos”.

Diante deste quadro, a federação sul-africana, que já havia dado total apoio para Semeneya, não pensou duas vezes para colocá-la na lista provisória do Mundial de Doha, no início desta semana.

Longa batalha

Embora tenha respalda jurídico, Caster Semenya deve ter consciência de que ainda está longe de vencer esta batalha. A Iaaf tem interesse absoluto neste caso, tanto que patrocinou o estudo sobre o impacto do hiperandrogenismo. A alegação é de defesa da igualdade em relação a outras competidoras. Mas há especialistas também contestam esse decisão.

Em uma entrevista que fiz sobre o caso Semenya para o Yahoo Esportes, o médico português Luiz Horta, ex-presidente de comissão da Wada (Agência Mundial Antidoping) e ex-consultor da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) mostra-se reticente. Segundo ele, o estudo tem pontos obscuros e por isso, merece ser visto com cuidado.

“É estranho, na minha opinião, que mulheres com hiperandrogenismo tem um rendimento superior no lançamento de martelo e não tem no arremesso de peso ou lançamento de disco. Ou tem um aumento no salto com vara e não tem no salto em altura. Do ponto de vista científico, é difícil explicar isso”, afirmou Horta.

Enquanto a polêmica não chega a um final, Caster Semenya segue sonhando com um lugar no próximo Mundial de atletismo.

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