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Tóquio 2020

Ana Marcela e técnico buscam coroação das carreiras em Tóquio

Depois de tantas conquistas juntos, Ana Marcela Cunha e Fernando Possenti querem o pódio em Tóquio para coroar suas brilhantes carreiras

Ana Marcela Cunha e Fernando Possenti buscam medalha em Tóquio
Fernando Possenti conversa com Ana Marcela Cunha a beira da piscina (Jonne Roriz/COB)

Algumas das definições de dupla são “conjunto de dois seres de igual natureza” e “associação de duas pessoas orientadas para uma mesmo propósito”. Ambas podem explicar a parceria entre Ana Marcela Cunha, nadadora mais vitoriosa das maratonas aquáticas, e Fernando Possenti, treinador que conduziu a atleta baiana ao mais alto nível competitivo.

Ana Marcela Cunha está indo para a terceira edição de Jogos Olímpicos. Esteve em Pequim com apenas 16 anos e conquistou um quinto lugar nos 10km. Na Rio 2016, ficou na décima colocação depois de superar o que considera a maior dificuldade da carreira, a doença auto-imune que a levou a uma operação para a retirada do baço.

Em 2020, busca a coroação de uma carreira que começou aos dois anos de idade, quando nadou pela primeira vez na piscina da creche em Salvador, e ganhou vida na primeira prova e primeira vitória, os 800m na praia do Porto da Barra, aos 10 anos. Ao lado de Fernando Possenti e com os pés no chão.

“Ana Marcela é um exemplo para as novas gerações em termos de superação, de concentração, de dar a volta por cima, de disciplina, e, mais importante que tudo isso, é um exemplo de que trabalhar duro e sério dá resultado”, disse o treinador.

“Quando penso em Tóquio, penso em realização, penso em conquistar o que falta no nosso currículo, tanto meu como dela, penso em colocar em prática, em executar tudo que foi planejado, treinado. Vamos encarar os Jogos Olímpicos com muita seriedade, sabendo o que a gente tem que fazer. Espero que a gente chegue lá e realize”, completou Possenti.

O mesmo foco é visto em Ana Marcela Cunha. “Estou escrevendo meu nome, do meu técnico e do Brasil no mundo das Maratonas Aquáticas. Mas quero fazer muito mais. Em Tóquio, penso em tornar realidade a subida ao pódio olímpico. Certamente é um desejo que todo atleta de ponta deve ter, mas que apenas alguns conseguem. Quero muito isso, luto diariamente para chegar em Tóquio no melhor de minha forma física e psicológica e poder dar essa alegria ao Brasil”.

O fim da oscilação

O trabalho em conjunto começou a ser moldado em 2012 e entrou efetivamente em ação em 2013. A partir daí começou uma história de sucesso que ajudou a colocar o Brasil como protagonista na modalidade.

“Quando começamos, a Ana Marcela já era uma realidade. Mas oscilava bons e maus resultados, como não ter se classificado para Londres e ser campeão do Circuito Mundial dois anos depois. O que a gente fez foi subir as expectativas, deixar as metas bem altas, e fazer com que ela realizasse. Uma vez realizado, ela se tornou esse ícone que ela é dentro da modalidade Falta a medalha olímpica, mas não tem ninguém que atinja o que ela atingiu”, contou Fernando Possenti.

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“Tudo foi uma questão de evolução mesmo. O tempo foi mostrando as dificuldades, os caminhos, as alternativas de crescimento profissional e tratamos de abraçar todas as oportunidades. O Fernando tem um papel muito importante na minha carreira. Ele é muito detalhista, determinado e crítico, assim como eu. A gente sempre acha que pode melhorar e, quando alcança um objetivo, já está pensando no próximo. Nunca estamos totalmente satisfeitos. Chegar no topo foi um longo caminho, agora é tratar de se manter nele”, analisou Ana Marcela Cunha.

A melhor do mundo há anos

Juntos eles conquistaram 10 medalhas em Mundiais (quatro de ouro, duas de prata e quatro de bronze), o bicampeonato do Circuito Mundial (com 32 pódios e 17 títulos em diferentes etapas), e, no ano passado, ouros nos Jogos Pan-americanos de Lima, nos Jogos Mundiais de Praia Doha 2019 e nos Jogos Mundiais Militares de Wuhan. Além disso, foram eleitos melhores do mundo nas maratonas aquáticas pela Federação Internacional de Natação (FINA) seis vezes (10, 14, 15, 17, 18 e 19) e melhores do ano no esporte brasileiro pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2018 juntos.

Ana Marcela Cunha
Ao lado de Fernando Possenti, Ana Marcela Cunha teve 2019 dourado (Divulgação COB)

E a dupla, que treina no Centro de Treinamento Time Brasil desde julho de 2018, já sabe o que tem que fazer mirando um bom desempenho nos próximos Jogos Olímpicos.

“Nosso planejamento é dinâmico no sentido de agregar mais e mais conhecimentos. O COB representa um porto seguro, fazer parte do Time Brasil nos dá maior suporte científico, material, humano e até logístico para chegarmos no mínimo em igualdade de condições com as adversárias top mundiais. Com isso, passamos de competidores a protagonistas da modalidade”, completa a atleta.

“O caminho que vem sendo traçado está dando certo há algum tempo. Então, a parte técnica, tática e física, vamos manter a filosofia de trabalho que tem dado resultado. O que a gente vai focar é nas adaptações, nas aclimatações ao fuso e à temperatura ambiente e da água no local da prova que são bem quentes no verão do Japão”, explica técnico.

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