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Crise entre Sérvia e Kosovo no Mundial traz nova dor de cabeça para o boxe

Governo sérvio proibiu a delegação kosovar de competir com sua bandeira no Mundial, complicando a situação da Aiba diante do COI

Mundial de boxe Sérvia
O Mundial masculino de boxe foi aberto nesta segunda, sem a presença da delegação de Kosovo (Flickr/Aiba)

Depois de ter as mudanças em sua governança questionadas duramente pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e ver um relatório de auditoria escancarar um escândalo de manipulação de resultados na Rio-2016, o boxe olímpico volta a viver uma crise. Sede do Mundial masculino que começou nesta segunda-feira (25), a Sérvia vetou, por razões políticas, que Kosovo participasse da competição sob as cores de sua bandeira nacional. Nem a intervenção da Aiba (Associação Internacional de Boxe) conseguiu reverter o problema, que além de implicações na política internacional, pode respingar no futuro da modalidade no movimento olímpico.

Localizada nos Balcãs, Kosovo declarou sua independência em 2008, fato nunca aceito pela Sérvia, que reivindica o território como parte do país. Kosovo é reconhecido como nação independente pela ONU e mais 97 países, entre eles Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Japão e Austrália.

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Esportivamente, o COI também reconhece a independência de Kosovo, que participa dos Jogos Olímpicos desde a edição da Rio-2016. Em relação à Aiba, vale lembrar que ela admitiu a federação de boxe de Kosovo em 2014.

A mais recente crise envolvendo o boxe começou quando a pequena delegação kosovar foi barrada na fronteira com a Sérvia. As autoridades da alfândega disseram que eles não poderiam entrar no país com os uniformes trazendo a bandeira de Kosovo. Com o impasse criado, a Aiba entrou em ação para tentar contornar o problema e permitir que os atletas pudessem participar normalmente do Mundial.

Nesta segunda-feira (25), depois de buscar uma solução diplomática, a Aiba teve que emitir uma nota oficial lamentando a decisão do governo sérvio em barrar a equipe de Kosovo.

Além disso, lembrou que avisou à federação sérvia de boxe que esta situação poderia acontecer, quando concedeu a organização do Mundial ao país.

“Somos totalmente contra os políticos que tentam resolver seu debate na área esportiva. Isso precisa ser resolvido de forma diplomática, pela união, amizade e paz no mundo”, disse a Aiba em sua nota.

Clima ruim

É óbvio que a confusão não seria ignorada pelo COI. A entidade suspendeu a Aiba da organização do boxe na Olimpíada de Tóquio, em razão dos problemas de governança e suspeitas (agora confirmadas) de manipulação de resultados. Tanto que deixou em dúvida se a modalidade fará parte do programa dos Jogos de Paris-2024.

A crise trouxe na prática um bico na carta olímpica. Afina, uma competição sob a tutela da Aiba vetou o direito de uma nação independente competir com sua bandeira e símbolos nacionais.  

Segundo o site “Inside the Games”, o COI questionou até mesmo a decisão da Sérvia organizar este Mundial. “Parece que a Aiba não aplicou a diligência necessária este torneio a Belgrado, apesar do fato ter sido alertado pelo COI. Este incidente, que é prejudicial aos atletas de Kosovo, aumenta as preocupações que o COI tem em relação à governança desta federação”, afirmou a entidade.

Além da vergonha esportiva por não evitar uma indevida interferência política no Mundial masculino, a Aiba viu complicar ainda mais sua delicada situação diante do COI.

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