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Por carta, seleção masculina amplia a crise no handebol

Jogadores criticam cancelamento de treinos na Missão Europa e dizem que na confederação “não existe projeto esportivo, mas projeto de poder”

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Atletas da seleção masculina publicaram carta criticando duramente a CBHb (Foto: Divulgação/Cbhb)

A novela interminável sobre a crise no handebol do Brasil teve mais um capítulo nesta quarta-feira (13). Desta vez, tendo como personagens principais os jogadores da seleção brasileira masculina. Em carta aberta em suas redes sociais, eles culparam a crise política que envolve a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) pelo cancelamento da semana de treinos que a equipe faria em Portugal, integrando a Missão Europa do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

O cancelamento ocorreu como resposta do COB à permanência de Ricardo Souza, o Ricardinho, como presidente da confederação, apesar de ele ter sido suspenso pelo Comitê de Ética do COB por assédio sexual e moral a uma funcionária da própria CBHb.

Com a confederação sendo impedida de receber verbas federais, era o COB quem bancava viagens e estágios de treinamento das seleções brasileiras. A princípio, enquanto mantiver um presidente suspenso por dois anos do movimento olímpico, a CBHb não receberá mais recursos da entidade.

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Isso impacta diretamente na seleção masculina, que já sofria com as trocas constantes de treinador da equipe. Aliás, a perda da semana de treinos em Portugal é mais um problema na preparação para o Mundial do Egito, em janeiro de 2021, além do Pré-Olímpico, marcado para março.

Foi essa decepção com o estado de coisas na modalidade que motivou a publicação da carta aberta, em praticamente todos os perfis abertos dos jogadores da seleção masculina. Entre eles, o capitão Thiagus Petrus, Diogo Hubner, Felipe Borges e César Bombom.

“Ao contrário do que nos foi comunicado, a concentração não foi cancelada por razões sanitárias. O real motivo foi que o COB, que atualmente é o único parceiro da CBHb, teve que indisponibilizar o orçamento correspondente a esta atividade. Isto porque o Comitê Olímpico não reconhece como Presidente da Confederação uma pessoa julgada e punida pelo seu conselho de ética e, consequentemente, tampouco o corpo técnico incorporado por ela”, diz um dos trechos da carta.

Críticas pesadas

A CBHb alega que foi ela, e não o COB, quem desistiu de fazer a semana de treinos em Portugal, pelo aumento no número de casos positivos de coronavírus no país.

Contudo, os atletas não pegaram leve, pelo contrário. “A política está completamente judicializada, enquanto a parte técnica, que deveria atender apenas a critérios puramente esportivos, está totalmente subordinada à instabilidade política da instituição”, diz um dos trechos.

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Na sequência, a pancada foi ainda mais forte. “É evidente que hoje não existe nenhum projeto esportivo na CBHb, mas sim um projeto de poder. A ambição pessoal dos atores políticos da nossa Confederação chegou ao nível da completa abdicação do fundamento da existência da instituição, que é o desenvolvimento da nossa modalidade em nosso país, sem esboçar sequer incômodo com isso. A Seleção é a maior representação desta razão de ser e encontra-se desemparada sem nenhum constrangimento”.

Outro lado

Procurada pelo blog, a confederação disse que não faria nenhum comentário a respeito do teor da carta publicada pelos atletas da seleção. Apenas reforçou que o motivo do cancelamento dos treinos em Portugal foi em razão das condições sanitárias do país. Além disso, diz que tem documentos que comprovam isso.

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A Assembleia Geral Extraordinária, que poderá definir a antecipação das eleições da CBHb, está prevista para acontecer nesta sexta-feira (6). O encontro virtual era para ter ocorrido na terça (3), mas a pedido de algumas federações, teve a data alterada.

Será que só a antecipação da eleição já servirá para trazer um pouco de paz e acabar com a crise no handebol brasileiro?

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