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Monocultura esportiva segue firme

Um documentário deverá ser exibido no final do ano para falar da inédita medalha de ouro do futebol do Brasil. Mas e os outros heróis olímpicos brasileiros?

Thiago Braz, ouro no salto com vara na Rio-2016

A história do ouro de Thiago Braz na Rio-2016 não renderia um belo filme? (Crédito: Alexandre Loureiro/Exemplus/COB)

Se por um acaso alguém me pedisse uma sugestão para fazer o roteiro de um documentário sobre os Jogos Olímpicos Rio-2016, certamente teria problemas para definir o tema. Momentos inesquecíveis não faltam.

Por exemplo, alguém vai discordar que não daria um belo especial a história da conquista do improvável ouro de Thiago Braz, no salto com vara? Ou a vitória que significou a ressurreição de Rafaela Silva, no judô, após ser destruída nas redes sociais pelo fiasco em Londres-2012?

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Será que não valeria a pena contar também a história do incrível Isaquias Queiroz? Claro que sim. O bom baiano que conquistou o Brasil com suas três medalhas (duas de prata e uma de bronze) na Olimpíada? Ou então relatar a saga do tricampeonato olímpico do vôlei masculino, quando muitos davam como certa a eliminação ainda na fase de grupos?

Ainda poderia citar o ouro inédito de Robson Conceição, no boxe, ou o primeiro ouro da vela feminina, com Martine Grael e Kahena Kunze. Sobram sugestões de temas para um documentário, não é verdade?

Só que estamos no Brasil, o país da monocultura esportiva. Por isso, não deveria me causar surpresa que fosse escolhido como tema uma outra conquista inédita: o ouro da Seleção Brasileira masculina, na decisão por pênaltis contra a Alemanha.

De acordo com o colunista de TV Flavio Ricco, do portal UOL, a TV Globo deverá exibir no dia 21 de dezembro um documentário, ainda sem título, sobre a conquista de Neymar e Cia, a primeira  medalha de ouro do Brasil em Olimpíadas.

Não questiono os motivos mercadológicos e de audiência que fizeram a principal emissora de tevê aberta do Brasil a optar por contar a história desta conquista. Assim como tenho certeza, pela capacidade e competência dos envolvidos, que o produto final será excelente.

Mas me parece que há uma miopia evidente em não enxergar que existe vida além do futebol no Brasil. A monocultura esportiva não acabou e nem mesmo uma Olimpíada no país foi capaz disso.

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