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Dança é esporte ou atividade cultural?

Passei boa parte da manhã sem olhar o celular. Abri o WhatsApp e tinha mais de 300 mensagens no grupo. Não era por menos, a discussão era sobre a sugestão da entrada do breakdance nos Jogos Olímpicos de Paris 2014. Não me segurei e passei o dia viajando na maionese, pensando como seria a preparação brasileira para os Jogos.

Podemos considerar que temos uma boa safra de atletas oriundos do Passinho de funk dos morros cariocas. O Fly, ex-dançarino do Planeta Xuxa e eternizado no grupo You Can Dance, poderá ser o técnico do Time Brasil no breakdance. O coreógrafo Carlinhos de Jesus tem todos os atributos para ser o auxiliar técnico, responsável em dar uma pitada de remelexo brasileiro nas coreografias.

Os dançarinos, quero dizer, atletas, usarão a tecnologia no aperfeiçoamento esportivo. O comitê olímpico adquirirá diferentes fliperamas, iguais aquelas máquinas de dança de shopping. Os atletas poderão passar o dia treinando nos jogos Pump It Up, Samba ou Dance Dance Revolution.

A inovação também poderia ser levada para a seletiva olímpica. No lugar de um ginásio esportivo, ela pode ser disputada ao vivo no programa do Faustão, bem ao estilo Dança dos Famosos. Além de popularizar a dança, será uma oportunidade para divulgar o movimento olímpico. A escolha dos dançarinos será por votação, de jurado e de público, na plateia e em casa.

Eu ainda tenho dúvidas se dança é esporte ou atividade cultural. O movimento do comitê de Paris é para transformar uma dança em esporte. Corri para o Twitter e fui ler os comentários sobre o assunto. Eles defenderam que continuasse como dança e não querem ser classificados como acrobacia, além de considerar que a entrada da dança nos Jogos vai tirar a essência da cultura hip hop.

Claro, o breakdance só vai virar esporte olímpico se o Comitê Olímpico Internacional (COI) apoiar a inclusão dos esportes proposta pelos organizadores da olimpíada francesa. O COI precisa aceitar os termos antes que eles possam ser formalmente adicionados ao programa esportivo de Paris.

Nas novas regras da entidade, válidas a partir dos Jogos de Tóquio, as cidades-sede da Olimpíada podem escolher os esportes e propor sua inclusão de novos se forem populares naquele país e se ampliarem o apelo do evento. Um esporte que agrega para uma determinada cidade-sede pode não agregar da mesma forma para outra. Caratê tem a cara do Japão 2020. Os dirigentes acreditam que o break tem a cara de Paris 2024, que conta com uma cultura de hip hop bem forte.

É bem verdade que a entidade máxima olímpica vive momento de esquizofrenia. Coloca e retira esportes depende do humor, ou interesses, dos engravatados. Se continuar assim, os Jogos Olímpicos irão se encaminhar para se firmarem como uma grande gincana mundial. COI deixou de ligar para as tradições e, cada vez mais, passa a se preocupar com a grana e a audiência.

Breno Barros, 33 anos, gosta de olhar os diferentes esportes olímpicos de forma leve. Participei da cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, dos Jogos Olímpicos da Juventude de Argentina 2018 e da China 2014, dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, de Toronto 2015 e de Guadalajara 2011. Estive também nas coberturas dos Jogos Sul-Americanos da Bolívia 2018 e do Chile 2014.

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