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Chapa da situação vence eleição polêmica na CBBd

Na eleição da CBBd, oposição diz que situação só cumpriu regras após saber que venceria. Caso deve ir pra Justiça

CBBd - Eleição CBBd - Hilton dos Santos - Badminton
Chapa vencedora conta com Wendel de Oliveira, Beto Santini e Ricardo Pina (Divulgação/CBBd)

Após a polêmica envolvendo a participação dos atletas na votação para presidência da CBBd (Confederação Brasileira de Badminton), a eleição aconteceu nesta sexta-feira (4), em Brasília, e elegeu a chapa da situação, encabeçada por José Roberto Santini Campos. A votação, no entanto, foi mais uma vez polêmica, gerando críticas da oposição e dos atletas. 

A confusão começou quando a CBBd anunciou que apenas cinco atletas poderiam votar. No entanto, segundo a Lei Pelé e o próprio estatuto da Confederação, para que as entidades esportivas recebam repasse de recursos públicos, é necessário que o colégio eleitoral seja constituído “de todos os filiados no gozo de seus direitos, observado que a categoria de atleta deverá possuir o equivalente a, no mínimo, 1/3 dos votos”.

Os cinco atletas, mais 15 federações filiadas à CBBd, somariam 20 votantes. Assim, por estas proporções, os votos dos atletas correspondem a somente 1/4 dos votos e não 1/3 como exigem o estatuto e a Lei Pelé. Para que as regulamentações fossem respeitadas, seriam necessários mais três atletas votando, somando oito entre um total de 23 votantes.

+Manobra da Confederação diminui peso dos atletas em eleição

Maquiagem?

Em contato com a reportagem do Olimpíada Todo Dia, Hilton Fernando dos Santos, candidato da oposição, explicou que num primeiro momento votaram as 15 federações e cinco atletas e, na sequência, houve a apuração dos votos. “Quando viram que já tinham ganho e que os votos de mais atletas não mudaria o cenário, autorizaram os outros três a votarem”. 

Os cinco primeiros atletas a votarem foram Francisco Brandão, presidente da Comissão de Atletas do badminton, Felippe Cury, Fabiana Silva, Marta Lopes e Rômulo Junio Soares. Na sequência, com a autorização, votaram também Vinícius Enzo Sugiura, Bianca Oliveira Lima e Adriane Avila.

Além disso, foi autorizado o voto à federação capixaba de badminton, que havia sido desfiliada, mas conseguiu na Justiça o direito de participar.

Assim, no final das contas, foram 24 votos, sendo oito de atletas, precisando o requisito mínimo de 1/3, previsto na Lei Pelé e no estatuto da CBBd. “Como confirmaram que iam ganhar, deixaram os três atletas que estão aqui votar para completar oito e ficar tudo certo”, pontuou Hilton dos Santos.

“Estou totalmente decepcionado. Não me sinto representado por uma gestão que para se manter no poder, age de forma irregular. Como respeitar uma gestão que, já na eleição demonstra esse tipo de atitude?”, questionou Eduardo Oliveira, atleta da seleção brasileira de badminton, que confirmou ter sido bloqueado das redes sociais da CBBd, pela própria entidade.

Resultado final

Desta forma, segundo nota oficial da CBBd, a chapa “Badminton Sustentável”, da situação, recebeu 15 votos, enquanto a chapa “Novos Rumos Badminton”, da oposição, recebeu nove.

A reportagem tentou contato também com Beto Santini, mas não teve resposta até o momento da publicação desta matéria.

Federações irregulares e processo judicial

Além da questão de querer barrar a representatividade dos atletas, houve polêmica com as federações. Segundo Hilton e Eduardo Oliveira, algumas irregulares puderam votar, enquanto outras, igualmente irregulares, não puderam.

“A federação do Rio de Janeiro estava irregular e não pôde votar. Mas outras que também estavam irregulares, puderam… Coincidência ou não, as federações que entraram depois do prazo, são todas federações que votaram para a chapa A”, pontuou Hilton. 

Em uma enquete realizada pela CAPb (Comissão de Atletas do ParaBadminton), 94,2% dos atletas votaria na chapa “Novos Rumos”, de Hilton, enquanto apenas 5,8%, seriam a favor da chapa “Badminton Sustentável”, de Beto Santini. 

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Com isso, o próximo passo da oposição será entrar na Justiça. “Eu acho que poderia ter sido uma coisa mais justa, cumprindo o que está escrito no estatuto. Fizeram algo que não está no estatuto. Mas abriram brecha para que a gente vá buscar nossos direitos na Justiça, que é o que vamos fazer a partir de agora. Nosso advogado vai iniciar o processo. Temos todos os documentos, que mostram que as federações não poderiam estar votando aqui, baseado no estatuto da CBBd”, explicou Hilton.

“Eu não me importo em perder, desde que seja um processo justo, respeitando o estatuto. Se tivesse feito tudo certinho, dentro da lei, perfeito. Mas não dá para ser do jeito que foi”, concluiu. 

Para Ygor Coelho, principal atleta do badminton do Brasil, o resultado da eleição traz um sentimento de tristeza. “Eu jogo badminton porque amo, tenho orgulho de ser atleta deste esporte. Mas esta eleição não deveria ter ocorrido agora. Nem todas as federações tiveram a possibilidade de votar. A chapa vencedora [Badminton Sustentável] tem tudo a ver com o atual presidente. E os atletas, na minha visão, não estão satisfeitos com a atual gestão. Fico triste por nós atletas, que iremos pagar por tudo isso”, afirmou Ygor ao Olimpíada Todo Dia.

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