No próximo domingo (23), está marcada a Assembleia Geral da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) que irá eleger a nova gestão da entidade. Três chapas foram inscritas para a presidência do Conselho de Administração da entidade. Mas a chapa “O Atletismo Pode Mais”, encabeçada por Joel Lucas de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA), foi impugnada. O gestor paulista entrou com uma liminar na justiça para tentar impedir a realização da eleição, alegando que a exclusão de sua candidatura aconteceu de forma injusta e indo contra o estatuto da CBAt.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK, FACEBOOK E BLUESKY
Joel de Oliveira entrou com uma petição no Fórum de Bragança Paulista para que tentar reestabelecer sua candidatura. “Encaminhamos uma petição para o fórum de Bragança Paulista e agora estamos buscando providencias judiciais. Acreditamos que teremos respostas nos próximos dias. E tenho certeza que a justiça vai prevalecer e podermos concorrer nesse pleito”, afirmou o presidente da FPA através das suas redes sociais.
“Nosso pedido de tutela de urgência não foi aceito pelo juiz que entendeu que o caso precisa ser analisado no curso normal do processo. Ele será analisado com calma e o juiz deixou claro que o processo irá continuar e nosso pedido ainda pode ser aceito. A justiça não disse que estamos errados, apenas que não é possível decidir com urgência sem analisar todos os lado. A decisão não anula todos os nossos argumentos. Confiamos na justiça e temos ferramentas jurídicas que iremos utilizar e que são válidas. Temos convicção que estamos certo e vamos até o fim”, concluiu Joel.
Entenda o caso
Inicialmente, três chapas se inscreveram para o pleito. A “Somos Atletismo” é encabeçada pelo atual presidente Wlamir Motta Campos, junto do medalhista olímpico Edson Luciano. A “Por um Atletismo Melhor”, conta com o presidente da Federação Cearense Jerry Welton Gadelha e o medalhista olímpico Sandro Vianna. Por fim, a chapa “O Atletismo Pode Mais”, liderada por Joel Lucas de Oliveira, presidente da Federação Paulista, e Ethel de Menezes, presidente da Federação Sergipana.
No caso da terceira chapa, a candidatura foi impugnada após um recurso feito na Comissão Eleitoral por Clodoaldo Lopes, treinador do Esporte Clube Pinheiros, alegando que Joel não poderia concorrer por conta de problemas na prestação de contas da FPA. Lopes apresentou um documento que dizia que a FPA tinha uma dívida ativa de 14 milhões de reais, que não havia comprovação de pagamento ou parcelamento da quantia e que essa dívida não teria sido apresentada à assembleia da FPA.
Contestação
Joel Lucas de Oliveira contestou a situação em alguns pontos. Primeiramente, ele alega que Clodoaldo Lopes do Carmo não poderia entrar com o pedido de impugnação por não fazer parte da Assembleia Geral da CBAt. Seu clube, o Pinheiros, faz parte da AG, mas ele fez a denúncia de forma individual, sem atuar como procurador do clube. Sobre a dívida, Joel alega que ela tem sua exigibilidade suspensa porque a FPA contesta os valores. Ele também afirmou no documento que enviou à Comissão Eleitoral que, se fosse o caso, o atual presidente da CBAt, Wlamir Motta Campos, também deveria estar inelegível por conta das dívidas da entidade.
“A inscrição de qualquer contribuinte na dívida ativa de qualquer esfera não está diretamente ligada à ausência de prestação de contas de dinheiro público, podendo ser decorrente de qualquer tipo de dívida do Estado em relação à entidade. Neste ponto, inexiste qualquer documento que comprove que a suposta dívida inscrita em 2022 se refere à alguma decisão do TCE, ou qualquer prestação relativa a recebimentos de verbas públicas na gestão do Sr. Joel, uma vez que o requisito estatutário diz respeito à pessoa física do candidato, e não necessariamente à entidade que representa. Assim não fosse, estaria o Presidente Wlamir igualmente inelegível, tendo em vista as enormes dificuldades que a entidade passa”, escreveu Joel Lucas de Oliveira no documento que enviou à Comissão Eleitoral para contestar a impugnação da chapa.
A Comissão Eleitoral não aceitou os argumentos de Joel Lucas de Oliveira e impugnou a chapa “O Atletismo Pode Mais”. O presidente da FPA entrou com um processo na justiça comum, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A questão ainda está em análise, tendo apenas o pedido de tutela de urgência negado.
A questão dos uniformes
Em meio à disputa nos bastidores, as duas chapas de oposição questionam alguns pontos da gestão de Wlamir Motta Campos. A que mais gerou barulho foi uma situação envolvendo a troca de fornecedora de material esportivo da CBAt. Até 2021, a fornecedora da CBAt era a Nike. Em 2022, a entidade que rege o atletismo nacional trocou sua relação para a Puma. Os opositores questionam o destino de o equivalente a R$3 milhões de reais de materiais esportivos da Nike que estavam sob posse da entidade no término do contrato com a empresa norte-americana. A CBAt alega que os materiais tiveram que ser incinerados, seguindo o novo contrato da Puma, enquanto Joel e Jerry questionam a transparência do processo.
Atual gestão responde
Wlamir Motta Campos diz que o caso foi esclarecido em uma Assembleia da CBAt no ano passado, mas que os membros das duas chapas de oposição tem levantado a questão novamente, apenas como uma manobra eleitoral. “O contrato com a Nike encerrou em 2021, a CBAt assinou em 2022 com a PUMA global, um dos mais longevos contratos do esporte olímpico brasileiro, com duração de dez anos, por três ciclos olímpico até os Jogos Olímpicos de Brisbane (AUS), em 2032, representando um case de sucesso. Todas as questões envolvendo os uniformes da Nike foram discutidas e aprovadas pela Assembleia Geral, em março de 2024. É algo que já foi decidido em Assembleia há um ano. Falar nisso agora parece uma tentativa de polemizar algo que já foi discutido e encerrado, de forma oportunista”, afirmou o presidente da CBAt em resposta ao OTD.
O candidato à reeleição também respondeu sobre a alegação de Joel Lucas de Oliveira de que sua chapa deveria se tornar inelegível. “Nossa gestão tem sido pautada pela transparência, profissionalização, eficiência financeira e fortalecimento do atletismo nacional, com avanços expressivos na distribuição de recursos e programas de apoio. Estamos abertos ao diálogo se os questionamentos são embasados em fatos. O registro da nossa candidatura teve o apoio de 20 das 27 federações.
Vale destacar que em 2022 fomos eleitos pela World Athletics como a Melhor Confederação de Atletismo do Mundo (Member Awards), superando 212 países filiados. Em 2023, fui eleito pelo Prêmio Sou do Esporte como Gestor do Ano. Em 2024, a CBAt recebeu do Instituto Sou do Esporte os prêmios de Governança – Transparência e Comissão de Atletas. A CBAt possui certificação de que trata a Lei Pelé, artigos 18 e 18A, bem como a Lei Geral do Esporte, todas as nossas certidões negativas estão publicadas em nosso website, com absoluta transparência. Todas as certidões de regularidade fiscal, trabalhista e tributária estão publicadas no site da CBAt”, afirmou.