Siga o OTD

Volta Olímpica

Após um Finkel positivo, o que esperar do Brasil neste ciclo?

Bruno Fratus está na semi da etapa de Mônaco do Mare Nostrum
Satiro SodréSSPress

Troféu foi em piscina curta, diferente da Olimpíada, que é em longa, e teve bons resultados; faltando menos de dois anos para Tóquio 2020, o que esperar da seleção de Natação?

Terminou nesta semana o Troféu José Finkel, o Campeonato Brasileiro de natação em piscina curta, torneio que definiu a seleção para o Campeonato Mundial, em dezembro. Os resultados dos atletas brasileiros foram bem positivos, e desenham uma participação história no torneio, marcado para a China, em dezembro.

O Campeonato Mundial em piscina curta é importante, reúne muitos dos principais nadadores do planeta, mas é sempre bom lembrar que será disputado em 25 metros. A piscina olímpica é a de 50 metros. É bem possível que o país leve mais de dez medalhas, principalmente nas provas não olímpicas (50m borboleta, peito e costas) e nos revezamentos (4x50m, por exemplo, que não é olímpico).

Mas, como bem mostrou o ano de 2014, o que a gente vai ver no Mundial em piscina curta de 2018 é bem diferente do que será a Olimpíada de Tóquio. Na ocasião, em 2014, por exemplo, o Brasil liderou  o quadro de medalhas, mas dois anos depois, saiu sem nenhum pódio dos Jogos do Rio. Nas 26 provas olímpicas, apenas quatro o campeão mundial de 2014 foi o mesmo da Olimpíada de 2016.

O que esperar do atletismo brasileiro em Tóquio 2020?

Mas vamos falar da Olimpíada de Tóquio. Faltam quase dois anos, muita coisa vai mudar até lá. Mas, o que podemos projetar para a natação brasileira para os Jogos Olímpicos?

Atualmente, o Brasil tem três chances reais de medalha em qualquer competição: Ana Marcela nas águas abertas, Bruno Fratus nos 50m livre e revezamento 4x100m livre.

Ana Marcela está há dez anos entre as melhores do mundo, foi bronze nos últimos dois Mundiais (2015 e 2017), e bronze no Pan-Pacífico em 2018. Vai ao pódio em praticamente todas as etapas da Copa do Mundo. Hoje, seria favorita ao pódio em qualquer prova.

Bruno Fratus está há, pelo menos, oito anos entre os melhores do mundo. Foi prata no Mundial do ano passado com a melhor marca sem trajes tecnológicos da história do país. Em 2018, vinha conseguindo tempos interessantes e medalhas nas principais competições, mas não disputou o Pan-Pacífico por conta de uma lesão. Também não está no Mundial de curta. Mas, em forma, é favorito ao pódio em qualquer prova que disputar.

O revezamento 4x100m livre do Brasil foi prata no Mundial do ano passado e, neste ano, levou o ouro no Pan-Pacífico (EUA foram desclassificados). O país tem pelo menos seis nadadores capazes de fazer uma parcial de 47s no revezamento, e isso coloca a seleção favorita ao pódio em qualquer prova que dispute. Brasil tem Pedro Spajari, Marcelo Chierighini, Gabriel Santos, Bruno Fratus, Marco Antônio, Matheus Santana…E alguns outros. (Ao que tudo indica, Cielo vai se aposentar e não disputará os Jogos de Tóquio)

Neste momento (e isso pode mudar até Tóquio 2020), essas são as três chances reais de medalha para o Brasil. Mas, claro, alguns nadadores podem subir de desempenho nos próximos dois anos.

Nos 100m livre, Gabriel Santos, Pedro Spjari e Marcelo Chierighini podem brigar por medalhas. Precisam melhorar dois ou três décimos para ir ao pódio. É possível.

O revezamento 4x100m medley pode brigar por uma medalha sim. Gabriel e Guilherme (costas) precisam nadar próximo dos 52s para colocar o Brasil na briga. No nado peito e nado livre, a seleção tem vários nomes para compor com boas parciais. No borboleta, a evolução de Lanza é notável, e pode colocar o quarteto nacional diretamente na briga.

Lanza, aliás, é o grande nome da nova geração da natação. Foi bronze no Pan-Pacífico nos 100m borboleta e tem melhorado os tempos. Faltam uns cinco décimos para entrar na briga por medalha. Mas, pelo que tem evoluído, dá para pensar sim.

Leonardo de Deus foi semifinalista nas duas últimas Olimpíadas nos 200m borboleta, sua principal prova. Fez, no Pan-Pacífico, o melhor tempo de sua carreira para levar a prata. Precisa de uns sete décimos para brigar diretamente pelo pódio. É possível.

Felipe Lima e João Gomes seguem regulares nos 100m peito. Há muitos anos, estão sempre ali, nadando abaixo de um minuto, regular nos 59s. Para chegar a um pódio olímpico, é necessário nadar em 58s. Falta um pouco, mas a dupla está sempre entre os melhores do mundo.

Chances reais de final

Nos 800m e 1500m, Guilherme Costa vem melhorando diversas vezes seus tempos. Briga por finais nestas duas provas, principalmente nos 800m. Precisa melhorar cerca de 10 segundos para entrar na luta por medalhas.

O revezamento 4x200m livre está tomando forma. Ainda não para brigar por uma medalha, mas já para disputar uma final. Fernando Scheffer, Breno Correia e Luiz Altamir são muito bons. Falta um nome para 1m47s para poder sonhar com algo.

O trio, Fernando, Breno e Luiz, já estão em condições também de brigar por uma final olímpica em suas provas individuais. Para a medalha ainda falta uma grande melhora.

Guilherme Guido fez, no Finkel, as melhores marcas de sua vida em piscina curta, após um ano não muito positivo na longa. Ele foi finalista no Mundial de 2017 nos 100m costas e pode sim repetir o feito na Olimpíada. Mas, para uma medalha, precisa abaixar dos 52s50. Sua melhor marca é 53s0.

Brandonn Almeida foi finalista no Mundial de 2017 nos 400m medley, pode repetir o feito em Tóquio 2020. Mas está estagnado, não melhorando suas marcas há três temporadas.

Da natação feminina, o principal nome segue Etiene Medeiros. Ela fez uma cirurgia nesta temporada e ficou fora do Pan-Pacífico,que seria a principal competição do ano em piscina longa. Nos 50m livre, se voltar a nadar bem, precisa melhorar uns quatro décimos para brigar pelo pódio.

O Finkel, em piscina curta, foi positivo para Larissa Oliveira, que teve um acidente muito forte no ano passado, mas voltou bem. Bateu recordes e venceu 50m, 100m e 200m livre. Nadando bem em longa, pode brigar até por semifinais.

Nomes importantes 

O ano de 2018 marcou a chegada, de uma vez por todas, de nomes como Gabriel Fantoni (100m costas), Leonardo Santos (200m e 400m medley), Caio Pumputis ( 200m peito e 200m medley), Iago Moussalen (100m borboleta), Marco Antonio (100m livre), Guilherme Basseto (100m costas).

São nomes muito bons, que estão em evolução. Falar em medalhas para eles em Tóquio 2020 é utopia. Mas estão melhorando marcas e podem brigar por semifinais e até finais.

No feminino, é bom ficar em olho em nomes Maria Luiza Pessanha,  Jhennifer Conceição, Lorrane, Giovanna Diamante, além das já figurinhas carimbadas como Daiene Dias, Daynara de Paula, Manuella Lyrio, Viviane Jungblut (águas abertas)…

Mais em Volta Olímpica