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Tóquio 2020

Seleção pode ter desfalques por gravidez, diz Zé Roberto

Fernando Possenti, técnico de maratonas aquáticas, Sérgio Santos, diretor técnico da CBTri, e Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ, também participaram da live do COB

Zé Roberto COB Tóquio
Zé Roberto avaliou as chances do Brasil nos Jogos de Tóquio (YouTube/Time Brasil)

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) organizou um debate virtual nesta quarta-feira (24) com a temática relacionada aos Jogos de Tóquio. Os convidados foram Zé Roberto Guimarães, técnico da seleção feminina de vôlei, Fernando Possenti, técnico de maratonas aquáticas, Sérgio Santos, diretor técnico da CBTri (Confederação Brasileira de Triathlon), e Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).

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Durante a conversa, Zé Roberto revelou que duas atletas planejavam engravidar. “No feminino, o atraso de um ano traz alguns problemas e o maior deles é que duas jogadoras tinham se programado para se tornarem mães. É um assunto sério. É um ciclo de quatro anos e elas já se programaram com antecedência com marido e família. Não sei se teremos algumas baixas. Estamos conversando e elas estão ponderando. Não é uma decisão fácil”, declarou Zé Roberto, que não disse o nome das atletas.

Disputa equilibrada

O tricampeão olímpico também comentou sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio e as chances do Brasil. “Acho que temos um bom time e todas as condições de brigar com qualquer equipe do mundo. Vejo as seleções da China, Sérvia e Estados Unidos na nossa frente. Brigamos em igualdade com a Itália e também com essas outras três”, disse Zé Roberto, que comentou sobre suas preferências no que se refere à dificuldade do grupo.

“Olimpíada tem uma magia difícil de explicar. Sempre gostava de cair em grupos fortes, pois ou você tem competência para passar ou já fica pelo meio do caminho. Quando caí em um grupo mais ou menos o cruzamento será forte e isso pode ser perigoso porque você não foi testado. Caímos com dois asiáticos e isso nos propicia colocar o time em um ritmo diferente, com mais velocidade, e nos ajuda na defesa e bloqueio”, acrescentou Zé Roberto.

Adiamento de Tóquio positivo para o triatlo

Sérgio Santos COB Tóquio
Sérgio Santos participou de live do COB sobre Tóquio (YouTube/Time Brasil)

A live veiculada pelas páginas de YouTube e Facebook do Time Brasil foi mediada por Marco La Porta, vice-presidente do COB e chefe da missão Tóquio 2020. Sérgio Santos, da CBTri, esteve em quatro Olimpíadas, sendo duas por Portugal e as últimas duas pelo Brasil. Apesar de trabalhar com os triatletas brasileiros, o dirigente mora em terras lusitanas. Ele avaliou que o adiamento do evento foi positivo para a modalidade.

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“Tudo que se refere a competições virtuais de ciclismo e corrida contribuiu para que os atletas tivessem níveis de treinos incríveis mesmo sem saírem de casa. Com foco e motivação, alguns deles conseguiram, inclusive, terem mais cuidados alimentares em comparação de quando estavam com as rotinas de circulação livres”, apontou Sérgio Santos, que analisou como favorável um ano a mais de amadurecimento.

“Temos atletas extremamente jovens que terão mais um ano de maturidade e experiência. Mais um ano para poder treinar e crescer. Isso, com certeza, irá beneficiá-los. No esporte de resistência, os resultados geralmente aparecem com atletas a partir dos 20 e tantos anos e até acima dos 30. O adiamento acaba por ser positivo e pode nos proporcionar em 2021 resultados melhores do que seriam em 2020”, concluiu Sérgio Santos.

Dificuldades sem a água

Fernando Possenti COB Tóquio
Fernando Possenti é o técnico de Ana Marcela Cunha (YouTube/Time Brasil)

Fernando Possenti é técnico de maratonas aquáticas e o responsável pelas preparações de Ana Marcela Cunha, pentacampeã mundial e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, e Allan do Carmo, medalhista de prata e bronze em Mundiais. Por ser um esporte em que a água é fundamental, o treinador tem enfrentado dois problemas, mas prefere olhar pelo prisma da solução.

“Na verdade nós temos dois problemas: o primeiro é que, por ser um esporte aquático, os atletas precisam do contato com a água, já o segundo é que a nossa modalidade é das poucas em que a aplicação de força é feita na horizontal e não na vertical. Buscamos resolver com a tecnologia. Estamos usando um equipamento que coloca atleta na posição horizontal para que possa fazer os gestos mecânicos da natação”, destacou Fernando Possenti.

“Falta sensibilidade de estar no meio líquido, mas estamos trabalhando com os cálculos que já temos dos atletas. Com esse equipamento podemos simular quantidades de braças e as intensidades. Optamos por focar na solução e aproveitar para fazer aquilo que não fizemos no ciclo. Para Tóquio decidimos competir bastante para ganhar experiência e testar nossa estratégia e a dos adversários. Chegaremos bem para competir. A crescente não será perdida, mas sim retomada”, finalizou Fernando Possenti.

Judô: viagem para Portugal e treinos em grupos

Ney Wilson COB Tóquio
Ney Wilson comentou sobre a viagem para treinos em Portugal (YouTube/Time Brasil)

Gestor de alto rendimento da CBJ, Ney Wilson acredita que o judô talvez seja um dos esportes mais afetados por causa da pandemia de coronavírus e a impossibilidade de treinos presenciais. Por ser uma modalidade de luta, o atleta necessita de um adversário para que possa colocar em prática treinos específicos. O dirigente analisou o cenário mundial, comentou sobre a viagem para Portugal e falou sobre a disputa pelas vagas olímpicas.   

Monitorando os rivais

“O atleta precisa do adversário para treinar e crescer. Só não foi pior porque o judô mundial paralisou. Apenas o Uzbequistão que não parou. Isso gera uma condição de igualdade. Estamos monitorando os países da Europa e o Japão. Alemanha é o mais avançado da Europa. A França está muito parecida com o Brasil, com treinos só na parte física. E Portugal está retomando agora com testagem de todos os atletas”, explicou Ney Wilson.

“Agora estamos planejando a ida para Portugal e dividindo com a federação portuguesa os protocolos e necessidades. Está sendo desafiador. Vamos dividir os treinos em micro treinamentos, com divisão entre mulheres e homens e com a equipe masculina separada em três subgrupos. Os atletas estão fazendo trabalho físico, porém, perderam os gestos específicos do judô. Por isso, temos que retomar com cautela”, completou o dirigente.

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Por fim, Ney Wilson acredita em uma equipe reformulada em Tóquio. “A mudança em um ano foi bom para judô brasileiro porque está em um processo renovação tanto no masculino quanto no feminino. No feminino devemos ter três ou quatro atletas novas em sete categorias. Já no masculino poderemos ter de cinco a seis, quase a totalidade. Esse ganho, apesar da paralisação, será importante para trabalhar esses atletas e gerar mais confiança nesses jovens sem experiência olímpica”, concluiu.

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