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Tóquio 2020

Ser positivo pode ser a saída para os atletas visando Tóquio

Em live do Fórum 360, Renan Dal Zotto, Ricardo Santos, Flávio Canto e Sâmia Hallage debateram sobre a cabeça dos atletas

24 de março de 2020. Pela primeira vez na história, o COI (Comitê Olímpico Internacional), anuncia o adiamento da Olimpíada de Tóquio em um ano, por conta da pandemia do coronavírus. Após está decisão, o dilema dos atletas passou a ser outro. “O que fazer e como fazer na quarentena?” Para alguns, a resposta começa com o pensamento mais positivo possível.

Com a maioria dos atletas e equipes sem a possibilidade de manter os hábitos de treinos, tendo que fazer o possível dentro de suas casas, faz com que a cabeça desses profissionais começasse a pesar. Em live organizada pelo Fórum 360, Renan Dal Zotto, Ricardo Santos, Flavio Canto e Sâmia Hallage, o lado psicológico do esporte foi um dos assuntos.

Para Renan, técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, a preocupação dos atletas mudou. Se antes o pensamento era como seria realizada a Olimpíada de Tóquio com o situação do coronavírus, hoje a questão é quando e como será autorizada a volta da rotina, dos treinamentos e de forma ela se assemelhará ao que era compreendido como normal antes da Covid-19.

O grande momento de Renan Dal Zotto no clube e na seleção
Renan Dal Zotto ressalta a diferença entre os atletas nesse momento, visando a Olimpíada de Tóquio (Divulgação/FIVB)

Para Sâmia Hallage, psicóloga do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), a resposta é simples. “A ideia é deixar claro para o atleta que podemos trabalhar com o que temos controle. O retorno das atividades não se tem controle, não sabemos quando será ou como será. A sensação de angústia, por conta das coisas que estão acontecendo, vai existir e tem que ser aceita. É preciso ser positivo e buscar o melhor possível até a Olimpíada de Tóquio”.

O cenário melhorou

No primeiro trimestre de 2020, quando o coronavírus se espalhava pelo mundo, a dúvida sobre o que aconteceria com a Olimpíada de Tóquio era o grande dilema do esporte mundial. Quando o COI decidiu pelo adiamento dos Jogos Olímpicos do Japão, o cenário para os atletas melhorou.

“Eu penso que o atleta tem que trabalhar com o que ele possuí. O pior momento foi o período de indefinição, se aconteceria ou não a Olimpíada de Tóquio em 2020. Com o adiamento o cenário melhora. No judô cogita-se o retorno para novembro ou dezembro, então se sabe uma previsão e hoje a saída é treinar em casa”.

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Cada um é cada um

Independente do esporte, cada atleta é um atleta. Seja em modalidades individuais ou coletivas, cada praticante é único. Em um momento como o atual, completamente fora do padrão já vividos no século, as diferenças ficam mais claras.

“Presos” em suas casas, os atletas mostram cada vez mais suas formas de encarar a pandemia. Para Sâmia, independente da forma que o competir profissional se porta na situação, a chave é entender cada uma delas e dar o suporte necessário possível para eles.

“É necessário entender que cada um é um. Vai ter atleta que vai conseguir e querer treinar muito, vai ter atleta que vai ficar “parado” e preferir esperar um pouco. E independente disso, a ideia é atender a demanda de cada um e conseguir fazer com que ele viva o presente, consiga retomar as atividades, dentro do que é possível, e com isso fique mais positivo com a situação”.

A quarentena aflorou algumas características de cada atleta. Para Renan dal Zotto isso fica evidente na forma como eles reagem a busca dos treinamentos. “Os atletas mais ansiosos estão buscando mais os treinos. O Lucão, por exemplo, está fazendo academia todos os dias, treinando com bola na parede. Já outros, que são mais tranquilos, estão em compasso de espera e isso não é um problema, é apenas a característica de cada um”.

A preparação para o retorno

Nas últimas semanas alguns países voltaram a ter atividades esportivas, sempre respeitando as medidas de segurança e saúde. O campeonato alemão de futebol retornou, a seleção polonesa de vôlei foi convocada e se apresentará para treinos e a Espanha liberou os times de basquete para treinos em algumas regiões do país.

Para Renan Dal Zotto a situação é uma incógnita ainda. Como a Federação Internacional de Vôlei (FIVB), cancelou todas as competições internacionais de seleções em 2020, não há necessidade das equipes nacionais se reunirem. Apesar disso, o técnico do Brasil pensa diferente.

“Eu estou com três planejamentos no computador. Um para retorno daqui dois meses, um para daqui quatro e um sem o retorno em 2020. Hoje eu não sei qual deles eu vou usar. Estamos tentando acompanhar todos os atletas, mesmo eles ainda estando vinculados aos clubes. Mas gostaria de conseguir reunir esses atletas por 20 dias, 30 dias em Saquarema para conseguir treinar e manter a atividade”.

Dono de uma medalha de bronze olímpica, Flavio Canto entende que o momento e a forma como cada atleta encara a pandemia tem que ser respeitado, mas vê como essencial o que pode estar sendo feito neste momento.

“Cada esporte vai ter suas diferenças. Cada modalidade terá seus “lucões” treinando ou com atletas ficando mais parados. Mas, para mim, as medalhas da Olimpíada de Tóquio serão conquistadas pelo que está sendo feito agora”.

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