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“Eu sou a própria quebra de tabu”, afirma Douglas Souza

Em entrevista, o atleta do vôlei Douglas Souza contou sobre seu atual momento e planos para o futuro; além de citar a saúde mental e a ‘quebra de tabu’; leia

Reprodução/Instagram Douglas Souza

Ele segue bombando! Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Douglas Souza, do vôlei, roubou a cena e encantou milhares de fãs com seu alto astral. Depois, no entanto, voltou da Itália e está sem clube. Se engana quem pensa que o atleta está “parado”. Ele voltou a treinar, quer jogar a próxima temporada e surgiu, nessa quinta (24), como nome para o elenco da Dança dos Famosos.

Na última semana, a reportagem do Olimpíada Todo Dia encontrou com Douglas Souza pessoalmente, em um evento da Red Bull. Lá, o atleta falou sobre a quebra de tabu ao falar da saúde mental. Contou da rotina, planos para o futuro e até política.

Leia a entrevista com o atleta Douglas Souza, do vôlei, na íntegra!

OTD: Como anda seu dia a dia?

Douglas Souza: Agora eu estou num período mais de treinamento, né? As pessoas estavam muito acostumadas a me ver o tempo todo em quadra jogando, toda semana e tal. Então, agora, eu não estou nesse período de campeonato. Eu estou um pouco mais em casa, estou me cuidando, estou fazendo academia, estou treinando e estou também fazendo as minhas lives no Facebook game, né? Agora também sou streamer do Facebook, então estou lá produzindo meu conteúdo e é isso. Sumido eu não estou. Estou por aí.

Como foi esse pós Olimpíada e esse boom?

Foi muito legal. A gente estava em contato direto na Olimpíada, né? Então você via que era tudo muito natural para mim, sempre foi tudo muito tranquilo. Depois da Olimpíada foi muito legal, a recepção da galera aqui no Brasil, que a gente estava lá em Tóquio, passando um mês inteiro lá, quando a gente voltou foi muito legal, muito bacana. Passei o mês inteiro trabalhando aqui, depois fui pra Itália e aí eu passei os três meses lá na Itália e tal. Mas, assim, para mim foi sempre muito natural, eu amo o carinho das pessoas, é maravilhoso o reconhecimento, sai na rua a galera pede muita foto, é muito gostoso sentir isso

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Douglas Souza não tem planos para a seleção neste momento, mas diz que quer jogar em São Paulo (COI)

E agora o que que você tá com o clube? Quais são os próximos passos?

Eu estou negociando com os clubes. Eu não sei nem se eu podia falar isso, mas eu vou falar, eu estou negociando com os clubes em São Paulo, que a minha preferência é jogar mesmo em São Paulo, perto dos amigos, da minha família. Então eu estou negociando com os clubes daqui e tal, não tem nenhum certo. A gente não tem nenhuma negociação avançada não, não falamos de dinheiro, nada disso, mas com os clubes daqui a gente está se namorando. Campinas, São José, Guarulhos a gente está ali, está tudo no radar para mais para frente, né? A temporada vai acabar daqui a um mês mais ou menos. Aí a gente já encaminha pra negociação mais concreta mesmo pra onde eu vou.

E essa temporada atual?

Não tem como. Essa temporada está no finalzinho, já era a temporada aqui no Brasil, não tinha nem como. Pra vocês terem noção, quando eu rescindi com o clube na Itália, em dezembro, não era o plano voltar pro Brasil para jogar já essa temporada, era para jogar na próxima mesmo, porque eu precisava realmente cuidar de mim e tal, tinha muita coisa para cuidar. Então já estava nos planos já voltar na próxima temporada mesmo.

E como foi esse período de cuidado? E essa fase de streaming, né?

Cara, foi muito bacana assim. Eu voltei da Itália, é lógico, com muito traumas, né? Eu passei muitas coisas lá, mas eu já estou me cuidando muito bem. Eu estou com minha psicóloga maravilhosa, né? Que eu conheço há anos, desde a época do Sesi que eu jogava em 2014 lá. Ela é maravilhosa, eu estou perto de família e amigos que me ajuda muito também, né? Com certeza, e aí tem a parte do streaming que eu me divirto muito. Que me ajuda muito também, que me aproxima muito do meu público. A galera tá ali comigo todos os dias, eu fico quatro, cinco horas ali todos os dias sentado jogando alguma coisa, que a gente não fica só jogando, a gente conversa de tudo, de várias coisas da vida. Então, para mim tá sendo muito bacana, acho que tá sendo muito positivo essa minha pausa, eu acho que eu precisava disso para voltar com tudo.

A questão da saúde mental foi muito falada na Olimpíada. Como que você vê essas quebras de tabu no esporte?

Falar de quebra de tabu pra mim, né? Eu amo. Eu sou a própria quebra de tabu. Eu acho super importante porque são assuntos que sempre existiram no esporte, sabe? Eram tabus muito grandes, mas que sempre existiram e que a gente precisa falar em 2022. Hoje em dia não pode mais ser um tabu. Têm que ser coisas naturais. Tipo, às vezes você precisa de uma ajuda e tá tudo bem, sabe? Você buscar uma ajuda. Nós atletas, nós somos muito acostumados a viver sob pressão, longe de familiar desde muito cedo, então chegou um momento da sua vida que é tudo bem você falar assim: não, gente, eu preciso de um respiro, preciso buscar ajuda, preciso cuidar da minha saúde mental e não é nenhum crime, você não tá matando ninguém. Você não tá fazendo nada. Você está só se cuidando para você, além de se ajudar, por exemplo, eu ajudo a minha família inteira. Então, eu preciso ajudar a todo mundo, entendeu? Então eu acho que é um tabu em 2022, que aos poucos vai sendo quebrado, mas que é muito importante.

E agora você pretende continuar e conciliar o vôlei e o lado streamer? Mostrando que é possível estar nos dois?

Sim, lógico, tipo, eu fiz isso na Itália lá. Eu já estava contratado pelo Facebook game enquanto eu estava na Itália e os três meses que eu fiquei lá, eu fazia assim. Era uma rotina pesada? Sim, lógico, mas a rotina do atleta é pesada de qualquer forma. E aí eu fazia as minhas lives todos os dias depois do treino, depois do jogo, era até legal, porque as pessoas colavam lá depois do jogo. ‘Ai, que legal, você jogou bem ontem.’ ‘O que aconteceu que o time perdeu?’ Você tem essa interação. Você junta dois grupos. Você junta a tribo do game e a tribo do vôlei. Isso é muito legal, isso é muito bom pra gente assim, porque junta público de tudo quanto é lugar.

E seleção? Você está treinando, você chegou a conversar com o Renan? Você acha que você pode entrar nessa temporada da seleção sem ter jogado no clube?

Para ser bem sincero, eu não gosto de ficar pensando muito. Eu penso num dia de cada vez, eu estou mais focado em realmente voltar à minha forma, que foi o meu intuito quando eu voltei da Itália. Então, eu estou fazendo minha preparação física, estou treinando e pensando mais para frente, assim, não estou pensando muito assim no futuro, no que vai acontecer, Renan, seleção… Não estou pensando muito nisso não.

E se você pudesse projetar assim, de tudo que você tirou da Olimpíada para agora, o que você mais traz desse novo Douglas Souza?

Eu acho que é muito legal a quantidade, não a quantidade de pessoas assim, mas o quanto as pessoas gostam de você por você ser você, sabe? Isso é muito legal. Quando você traz, você consegue se confortável para trazer a sua verdade para as outras pessoas, as pessoas se identificam com isso. Acho que isso é muito legal. Eu sou uma pessoa muito simples, sabe? Tipo eu chego num lugar, eu converso com todo mundo, eu brinco com todo mundo, esse é meu jeito. Acho que as pessoas se identificam com isso. Elas gostam de gente como a gente então acho que isso que é o mais legal.

É um ano de eleição no Brasil e nesses períodos os ânimos sempre se acirram, né? Você pretende se posicionar mais? Você prefere não se envolver politicamente? Como que você faz?

Não, eu nunca fui de me envolver politicamente, eu não gosto muito de misturar essas coisas. Quando eu for me posicionar, com certeza vou posicionar, mas quando eu for, vai ser sem clube, sem faixa de nada, vai ser eu Douglas fazendo no meu Instagram como pessoa, não como atleta, não como streamer. Vou fazer pessoalmente sim, mas sem colocar o profissional, concluiu Douglas Souza.

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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