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‘Estamos em busca do limite, espero que não chegue tão cedo’, afirma Petrúcio

Após conquistar o bicampeonato dos Jogos, com recorde paralímpico nos 100m da T47, Petrúcio Ferreira afirma que quer sempre melhorar as próprias marcas, revela lesão dias antes da prova e diz que queria ter feito tempo melhor

Petrúcio Ferreira medalha de ouro jogos paralímpicos Tóquio 2020
(Ale Cabral/CPB)

Tóquio – Bicampeão dos Jogos Paralímpicos, bicampeão mundial, bicampeão parapan-americano, recordista mundial e paralímpico nos 100 m da classe T47. Parece difícil alguma coisa além disso, sugere que um limite foi atingido. Não para Petrúcio Ferreira. “Estamos em busca do limite, espero que não chegue tão cedo”, disse o brasileiro logo após vencer a prova e levar o ouro em Tóquio com 10s53. Tempo, que não o satisfez mesmo sendo o melhor de toda a história da Paralimpíada. O motivo, segundo ele, foi uma lesão sofrida dias antes de competir.

A lesão foi uma ruptura nível dois no músculo posterior da coxa esquerda. Ele até correu com uma bandagem no local. “Acabei tendo um susto uma semana antes da prova, mas eu foquei na recuperação, que iria vencer esse momento, iria recuperar a tempo para conseguir chegar na pista e dar o meu melhor”, contou, enrolado na bandeira do Brasil, com um chapéu típico da região Nordeste do Brasil na cabeça e um baita sorriso no rosto, ainda antes de ir para a cerimônia de premiação buscar a medalha de ouro. “Vim com objetivos maiores, como sempre faço, de melhorar minhas próprias marcas, mas houve esse empecilho. Não consegui fazer um bom resultado, mas muito feliz em sair daqui bicampeão paralímpico.” O ‘mau resultado’ foi o 10s53, novo recorde paralímpico. “Acabou sendo uma quebra de recorde, que também era meu. Mas eu queria vir para baixar do 10s42”.

Petrúcio Ferreira medalha de ouro jogos paralímpicos Tóquio 2020
Chapéu, bandeira, sorriso e bandagem na coxa esquerda (Wander Roberto/CPB)

“Estou muito feliz. É uma emoção difícil de descrever. Estar na segunda paralimpíada e me tornar bicampeão. Eu que vim da Rio-2016 carregando esse fardo de defender o título aqui no Japão. Agradeço a todos que estiveram nessa caminhada comigo, a todos os meus patrocinadores que, principalmente em 2020, não me abandonaram. A minha família, esposa, amigos que me mandaram mensagem para saber como eu estava. Minha esposa, passei horas e horas perturbando, por ligação, chamada de vídeo. Tem hora que ela estava mais nervosa, mais ansiosa que eu.”

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Dores e susto

A lesão o impediu de treinar por quase uma semana e meia antes dos Jogos Paralímpicos. Petrúcio Ferreira, atleta do Time Nissan, já estava no Japão e, em um treino, acabou sentindo. “Num primeiro momento a gente achava que era uma contratura, mas estava sendo uma dor um pouco forte, me impedindo de andar, fazer certos movimentos. Fizemos uma ressonância e acabou mostrando a lesão. Eu falei para os fisioterapeutas que iríamos superar. Eles estavam um pouco com medo. Eu falei, ‘não tenham medo, eu tenho certeza que vou recuperar’. Tivemos muito contato com o fisioterapeuta da Paraíba, junto com os aqui da seleção. Agradeço muito, muito (a todos eles). Estão de parabéns. Três vezes ao dia eu tava lá na fisioterapia, enchendo o saco, perturbando, pedindo um choque, um gelo, e assim consegui recuperar e voltar a tempo”, detalhou o medalhista de ouro.

Petrúcio Ferreira medalha de ouro jogos paralímpicos Tóquio 2020 recorde paralímpico
(Ale Cabral/CPB)

Petrúcio comentou também sobre o adiamento dos Jogos Paralímpicos, afirmou que conseguiu transformar o momento “fora do habitat natural”, ou seja, as pistas, em pontos positivos para a vida dele. “Voltei para o meio do mato, para as minhas origens, que eu tenho tanto orgulho e que me moldaram. Sempre tento ser o mesmo Petrúcio de sempre. Aquele que saiu lá de São José do Brejo do Cruz. A mesma pessoa alegre, sorridente, e que busca o melhor para o próximo”, falou, emocionado. Ainda encontrou um tempo para, usando o próprio sucesso materializado no ouro, mandar um recado para as pessoas “acreditarem mais nos sonhos, nos potenciais. Assim como eu consegui realizar os meus. Tentei no futebol, falava para a minha mãe que um dia ainda ia representar o meu país. E hoje o meu sonho se transformou em realidade através do atletismo. Eu acreditei em mim.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e Santiago

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