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Skate

Brasileiros reclamam de descaso da World Skate e enaltecem STU

Pedro Barros, Dora Varella e Yndiara Asp reclamam de descaso da World Skate, que não programou competições internacionais de park para 2022

Recheado de estrelas internacionais, o STU Open Rio, patrocinado pelo Banco BV, começa oficialmente nesta quinta-feira. O torneio, que era para reunir os Mundiais de park e de street, teve a chancela retirada pela World Skate poucos dias antes da competição começar. Apesar disso, os skatistas estão satisfeitos com o nível dos atletas presentes e atacaram o que chamaram de descaso por parte da federação internacional, que deixou o calendário da modalidade parado em 2022 ao invés de iniciar para valer a classificação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

“Para mim, como profissional há mais de dez anos dessa modalidade que é o park, é totalmente um descaso. Eu fui lá, participei das Olimpíadas, fizemos um show, uma parada tão bonita e, simplesmente, por falta de organização e falta de trabalho, não aconteceu nada para gente”, desabafa Pedro Barros, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

RECLAMAÇÃO

PEdro Barros Yndiara Asp e Dora Varella em entrevista coletiva do STU Open Rio skate
Pedro Barros, Yndiara Asp e Dora Varella lideraram as críticas à World Skate nesta quarta (Pablo Vaz/STU)

A reclamação tem a ver com o fato da World Skate não ter organizado nenhuma competição de park em 2022. A outra modalidade, o street, contou com a disputa do Pro Tour Roma, valendo pontos para Paris-2024, em juho. Mas também foi o único evento realizado na temporada pela entidade.

“A gente esperava que houvesse mais campeonatos nesse ano pós-olímpico. A gente pensava que, pensando na próxima Olimpíada, já fosse começar bombando com vários eventos muito bem organizados como é o STU. Mas a World Skate realmente não está muito preocupada com isso. O único evento que teria qualificatório para a Olimpíada seria esse evento aqui e acabou que a World Skate quis ganhar dinheiro em cima e saiu fora”, lamenta Dora Varella, que foi uma das representates do Brasil no parque feminino em Tóquio-2020.

“É muito triste. A galera valoriza muito a Olimpíada, mas esta competição está sendo organizada por quem, de certa forma, está tendo um descaso gigantesco com o skate e com os skatistas. Eles não trocam ideia, não conversam e, aliás, saíram fora da única oportunidade que eles tinham de chancelar um evento para a gente ter um resultado para realmente servir de qualificação para as Olimpíadas e eles decidiram não estar junto aqui porque estavam mais preocupados com dinheiro”, completa Pedro Barros.

COMPETIÇÃO DE PROTESTO

Coletiva STU Rio Open skate park
Elite do skate park mundial se reuniu nesta quarta-feira para a entrevista coletiva (Pablo Vaz/STU)

Para Dora Varella, a modalidade precisa usar o STU Rio Open para mostrar sua força e protestar contra a World Skate. “É um protesto e uma forma de mostrar o skate como ele realmente é e celebrar todo esse amor que a gente tem pelo esporte”. Parceira de Dora no park, Yndiara Asp faz coro com a companheira de equipe. “Vamos fazer desse evento o melhor do ano. Mostrar que a gente está andando de skate por amor, independente de classificação olímpica, a gente vai continuar fazendo a nossa parte e esperamos que a World Skate faça a dela daqui em diante”.

PRINCIPAL DO ANO

Apesar da polêmica e da perda da chancela de Mundial, o STU Rio Open vai reunir grande parte das estrelas mundiais do skate. “É a maior competição de skate do ano de 2022, que é um ano pós-olímpico. Então, com certeza, para o skatista, pelo nível técnico, ganhar um evento deste seja quase tão valioso quanto ganhar uma medalha olímpica. Talvez para o Estado, para o país e para a mídia não tenha o mesmo peso, mas entre os skatistas a pessoa que ganhar o campeonato que tem este nível aqui, ela mostrou ser a mais preparada do momento. Um título de campeão do STU vai ser um grande peso para qualquer skatista”, acredita Pedro Barros.

FORÇA INTERNACIONAL

Para se ter uma ideia do nível, seis dos 12 medalhistas dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2022 estarão presentes no STU Open Rio. No park, quatro dos seis que foram ao pódio vão competir. Um deles é Pedro Barros, prata ano passado, que terá a companhia do australiano Keegan Palmer, que foi campeão olímpico. No feminino,  japonesa Sakura Yosozumi, que ganhou o ouro, e a britânica Sky Brown, que ficou com a prata, estarão em ação. No street, os medalhistas de prata Kelvin Hoefler e Rayssa Leal vão disputar o torneio na semana que vem.

KEEGAN PALMER SKATE PARK STU OPEN RIO
Campeão olímpico em Tóquio-2020, Keegan Palmer também criticou a World Skaet (Pablo Vaz/STU)

Medalha de ouro em Tóquio-2020, Keegan Palmer entrou na onda das críticas à World Skate e se disse até certo ponto aliviado pela organização do STU Open Rio estar nas mãos dos brasileiros. “acho até melhor que a World Skate não esteja envolvida neste evento, porque sabemos bem que o Brasil sabe fazer grandes eventos, que são reconhecidos mundialmente. Claro que a gente vem aqui e tem a tensão dos treinos, da competição, da adaptação, o que faz parte, mas viemos sempre aqui e nos divertimos muito também. Essa falta de eventos da World Skate vai ter algum efeito na classificação olímpica e é algo que eu espero que seja resolvido”.

EXPECTATIVA

“Eu estou feliz de estar aqui e de estar reunida com toda a galera. Veio muita gente de fora. Tem a galera que competiu as Olimpíadas, que estava lá comigo. Tem uma galera nova vindo aí. A pista está boa. A gente está andando, treinando em alto nível. Tem tudo para ser um grande evento”, acredita Yndiara Asp, que chega ao torneio credenciada por ter sido a campeã do park feminino na etapa de Recife do STU National.

“Estou feliz de estar com os meus amigos do mundo inteiro. É um evento mundial. Depois de tanto tempo sem um evento mundial desse porte, poder reencontrar a galera, ter aquele nervosismo, aquela adrenalina e aquela vontade de melhorar seu skate. Estou ansiosa, vem coisa boa por aí. Quero mostrar meu skate, dar meu melhor, acertar tudo o que eu treinei e ver todo mundo feliz e se divertindo”, completa Dora Varella.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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