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Paris 2024

Paris-1924: a Olimpíada das primeiras estrelas do esporte

Jogos Olímpicos de Paris-1924 tiveram as primeiras grandes estrelas olímpicas, com o nadador Jhonny Weissmuller e o corredor Paavo Nurmi

Os Jogos Olímpico de Paris 2024 vão rolar exatamente 100 anos após a realização da Olimpíada de 1924, a segunda realizada aqui na Cidade Luz. E hoje, no OTD em Paris, você vai conhecer as grandes histórias e curiosidades desta edição que ficou marcada pelo surgimento de grandes estrelas do esporte. Teve um atleta que ficou tão famoso que virou estrela de cinema.

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Hoje vim à Sorbonne, uma das principais universidades do mundo, e que pode ser considerada berço dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Isso porque foi aqui, no anfiteatro da universidade, que um congresso aprovou a volta das Olimpíadas, levando em consideração, é claro, aqueles grandes eventos que rolavam na Grécia Antiga. Para saber os detalhes das Olimpíadas parisienses, eu conversei com o historiador francês Sylvain Bouchet. Ele conta que Pierre de Coubertin, o idealizador dos Jogos da Era Moderna, fazia questão de trazer a Olimpíada de volta à Paris em 1924 porque guardava más lembranças do que rolou nos Jogos de 1900.

De volta à terra do Barão

No episódio #14 OTD em Paris, mostramos que a Olimpíada de 1900, realizada na Cidade Luz, teve problemas de organização e não foi do jeito que Pierre de Coubertin imaginava. Nem o nome de Jogos Olímpicos aquela edição pôde receber. O problema é que o Barão de Coubertin já não tinha mais o direito de escolher sozinho a sede da Olimpíada. Para 1924, a definição já era por meio de votação entre os membros do Comitê Olímpico Internacional, assim como é feito hoje em dia. Duas cidades francesas estavam na disputa. Além de paris, Lyon também queria sediar a Olimpíada e já tinha até construído um grande estádio para receber a competição. Mas as duas favoritas eram Amsterdã e Los Angeles.

Segundo Bouchet, foi aí que o Barão decidiu usar de toda sua influência como presidente do COI para mudar a cabeça dos dirigentes. “Ele soltou a ideia: ‘Escutem, eu já sou velho, então façam o que eu peço e prometo que depois desses jogos, se vocês escolherem Paris como sede de 1924, eu me licencio da do Comitê’. De fato, ele deixou a presidência do COI em 1925”, esclareceu o historiador.

Outro argumento utilizado para Coubertin a fim de convencer a cartolagem do COI tem a ver com aquele congresso que eu citei no início da reportagem, realizado aqui na Sorbonne. Segundo o Barão, a realização dos Jogos de 1924 em Paris seria simbólica porque era uma maneira de comemorar o aniversário de 30 anos da conferência que culminou na volta dos Jogos Olímpicos e que rolou aqui em 1894. Coubertin fez ainda outra promessa: se Paris ficassem com os Jogos de 1924, ele assegurava que Amsterdã e Los Angeles seriam as próximas sedes. Pois, não podemos dizer que o Barão era ruim de promessa, porque foi justamente isso que aconteceu com as edições de 1928 e 1932, respectivamente.

Novas estrelas

Fora toda a politicagem, a Olimpíada de Paris também ficou marcada por outros dois fatores: “O grande destaque é a ascensão de estrelas do esporte. Também é possível de destacar a cobertura da imprensa, cada vez com a presença de veículos importantes de rádio e de jornal. E isso contruibiu com a criação de estrelas”, pontuou Bouchet.

E entre essas estrelas, o historiador cita o norte-americano Jhonny Weissmuller. Em Paris, ele ganhou três medalhas de ouro na natação e ainda estava no time de polo aquático da França, que faturou o bronze. “Ele é aquela pessoa que atrai imediatamente a atenção dos jornalistas. Ele tinha um treinamento particular, tinha uma técnica de nadar especial, então é isso que explica tamanho sucesso. Mas ele também é aquele cara que ama os holofotes, que sabe se portar em frente às câmeras. E aqui vai uma curiosidade: ele se torna um ator extremamente famoso após interpretar o Tarzan alguns anos depois”, detalhou Bouchet.

O especialista em Jogos Olímpicos acrescentou que outro ponto que surgiu nos Jogos de 1924 foi o debate sobre a participação de atletas profissionais nos jogos. “É um momento ambíguo para o Olimpismo porque descobrimos que alguns atletas, como Paavo Nurmi, que ganhou muitas medalhas, frequentavam uma linha um pouco vaga entre profissionalismo e amadorismo, que ainda era pretendida naquela época dos Jogos Olímpicos. Isso só vai mudar nos anos 90, a partir de 1992”, explicou.

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O historiador se refere a um finlandês que ganhou cinco medalhas de ouro, sendo outra grande estrela de Paris-1924. Especialista em corridas de média e longa distâncias, Nurmi disputou três Olimpíadas, mas foi impedido de competir nos Jogos de Los Angeles 1932 porque foi considerado profissional. Conforme disse Bouchet, atletas profissionais só foram permitidos para disputarem os Jogos Olímpicos a partir de Barcelona 1992. O maior símbolo desta concessão foi o Dream Team de basquete dos Estados Unidos, que reuniu grandes estrelas da NBA.

Apresentador do canal Kenjiria, dedicado ao esporte olímpico.

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