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Paris 2024

Boxe resolve peitar o COI, mas pode se dar mal

Decisões polêmicas da Associação Internacional de Boxe recebem resposta dura e futuro da modalidade para os Jogos de Paris-2024 é incerto

Boxe IBA (Associação Internacional de Boxe)
A renovação de contrato da IBA com a Gazprom foi a gota d'água de uma nova crise com o COI (reprodução/IBA)

Não sei jogar pôquer, mas diria que o boxe está blefando perigosamente, e sem ter as cartas necessárias, em seu embate com o COI (Comitê Olímpico Internacional). O resultado pode ser a sua exclusão definitiva das Olimpíadas, a começar já para a edição de Paris-2024.

Uma série de decisões polêmicas, para dizer o mínimo, tomadas pela IBA (Associação Internacional de Boxe), entidade que comanda o boxe olímpico, provocaram uma reação bem dura do COI esta semana.

A gota d’água foi a decisão da IBA em renovar seu contrato de patrocínio com a estatal russa de petróleo Gazprom, divulgado no começo do mês. Sem falar que há poucos meses, o presidente da IBA, o russo Uma Kremlev, suspendeu uma proibição imposta pelo COI para que lutadores da Rússia e Belarus competissem sob suas bandeiras. Tudo como saldo das sanções impostas pela participação dos dois países na Guerra da Ucrânia.

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Na última semana, o COI resolveu botar suas cartas na mesa. Como mostrou uma reportagem do site “Inside the Games”, o COI emitiu uma nota alertando que as recentes movimentações da entidade podem custar o lugar do boxe no programa olímpico já nos Jogos de Paris, em 2024.

Palavras duras

“O recente congresso da IBA mostrou mais uma vez que ela não tem interesse real no esporte e nos boxeadores, mas somente em seu próprio poder”, diz um trecho do duro comunicado, que mais adiante tocou nos problemas de governança da entidade. “A extensão do contrato de patrocínio da IBA com a Gazprom como seu patrocinador principal reforça as preocupações que o COI tem manifestado desde 2019”, seguiu a nota.

Por fim, o COI deixou claro que o futuro do boxe no movimento olímpico é nebuloso. “O COI levará tudo em consideração quando tomar novas decisões, que após estes acontecimentos, incluir o cancelamento do boxe para os Jogos Olímpicos de Paris-2024”.

Nunca é demais lembrar que para a Olimpíada de Tóquio-2020, após a Aiba (antigo nome da IBA) ter sido suspensa, o boxe só pôde acontecer graças à criação de uma força-tarefa organizada pelo próprio COI. Claramente isso não se repetirá para Paris. E como o boxe não está incluído no programa prévio para a próxima Olimpíada, em Los Angeles-2028, o cerco começa a se fechar. Ou os cartolas da IBA são bons de blefe para reverter essa crise ou o boxe será impiedosamente nocauteado do movimento olímpico.


A esperança se chama Daniel Cargnin

Não foram apenas as medalhas de ouro de Rafaela Silva e Mayra Aguiar no último Campeonato Mundial os motivos para o judô brasileiro de orgulhar de 2022. Depois de um bom tempo, eis que surge um nome com tudo para brilhar no masculino: Daniel Cargnin. Após o bronze nos Jogos de Tóquio-2020, ainda competindo na categoria até 66 kg, o judoca gaúcho resolveu subir de categoria na atual temporada. E não se arrependeu, certamente.

O saldo do ano foi um novo bronze, no Mundial de Tashkent (Uzbequistão). Na última semana, veio a medalha de ouro no Masters de Jerusalém (Israel), na última semana. Esta conquista foi ainda mais especial porque há dez anos que o judô masculino do Brasil não conquistava um título nesta competição. Em 2012, o peso pesado Rafael Silva, foi o autor da proeza. Pela atual sequência, dá para prever um futuro de grandes resultados com Daniel Cargnin.

OLÍMPICAS

Sarrafo alto

A divulgação do sistema de qualificação do atletismo para a Olimpíada de Paris-2024 mostrou que não será nada fácil para os atletas conseguirem assegurar um lugar nos Jogos, pois os índices estão fortíssimos. Na prova dos 100 m rasos masculino, por exemplo, a marca mínima de qualificação é de 10s cravados. No Brasil, a última vez que alguém alcançou essa marca foi em 1988, com Robson Caetano. O que alivia é que 50% das vagas serão via índice e outras 50% via ranking da World Athletics (Federação Internacional de atletismo).

Punição 10 anos depois

A Rússia reclama de sanções a seus atletas por conta da Guerra da Ucrânia, mas a verdade é que a folha corrida russa também não ajuda. Na última quarta-feira (21), a Unidade de Integridade do Atletismo (AIU) anunciou que a russa Natalya Antyukh perderá a medalha de ouro dos 400 m dos Jogos de Londres-2012, em razão de doping. Dez anos depois, ainda tem russo perdendo medalha na Olimpíada de Londres, comprovando que as punições da Wada (Agência Mundial Antidoping) não foram à toa. A americana Lashinda Demus herdará a medalha de ouro.

Nado artístico masculino

Os Jogos de Paris-2024 irão testemunhar um feito inédito no nado artístico. Na última quinta (22), a World Aquatics (atual nome da Fina, Federação Internacional de Natação) anunciou que o COI aprovou a participação masculina no evento do nado artístico por equipes, com no máximo dois competidores por equipe. Na Olimpíada que será marcada pela paridade de gênero, com o mesmo número de atletas homens e mulheres competindo, é um feito considerável. No total, serão dez equipes brigando pela medalha de ouro nesta prova.


A FRASE

“A inclusão de homens no nado artístico dos Jogos já foi considerada um sonho impossível. Isso prova que todos devemos sonhar alto”

Billy May, atleta norte-americano do nado artístico e primeiro campeão mundial da modalidade entre os homens


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