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Paris 2024

Resultados históricos tornam Paris-2024 memorável ao Brasil

Brasil fez sua melhor campanha em Jogos Paralímpicos e fechou em quinto lugar no quadro de medalhas de forma inédita: 25 ouros e 89 pódios

Carol Santiago Brasil Paris-2024
Carol Santiago se tornou a maior medalhista de ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos (Foto: Silvio Avila/CPB)

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, realizados de 28 de agosto a 8 de setembro, foram memoráveis ao Brasil devido aos inúmeros resultados históricos conquistados. Além de levar para a capital francesa sua maior delegação em uma edição do megaevento em solo estrangeiro, o país obteve sua melhor campanha na competição em diversas perspectivas. Em uma delas, o time brasileiro finalizou sua participação na quinta posição no quadro de medalhas pela primeira vez, com 25 ouros e 89 pódios.

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Marcas expressivas ditaram a campanha histórica do Brasil e elas aparecem na maior quantidade de ouros e de medalhas. No número de títulos paralímpicos, o time brasileiro foi campeão 25 vezes em Paris-2024 contra as 22 de Tóquio-2020. Já na quantidade de pódios, a edição da capital francesa ultrapassou as campanhas obtidas no evento realizado em terras japonesas e na Rio-2016. Foram 17 a mais, com 89 em solo europeu contra 72 nos outros dois locais.

“Em cada brasileiro, hoje, pulsa um coração paralímpico, então, quero agradecer demais o empenho e os resultados extraordinários proporcionados pelos nossos atletas aqui. O resultado dos Jogos Paralímpicos foi excepcional, mas não dá para falar sobre isso sem voltar a 2017, quando a gente elaborou o plano estratégico e que foi uma bússola ao longo dos últimos oito anos, foi ele quem nos guiou até aqui”, afirmou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Campanha histórica

Foi sob o comando de Mizael Conrado no CPB que o Brasil ficou no top-5 do quadro de medalhas pela primeira vez na história dos Jogos Paralímpicos. Em Paris-2024, a delegação verde-amarela ficou atrás somente de China, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Holanda. Atual mandatário da entidade máxima do esporte paralímpico no país, Mizael Conrado tem currículo vitorioso como atleta, pois foi bicampeão como jogador de futebol de cegos, nas edições de Atenas 2004 e Pequim 2008.

A campanha memorável se traduz em números com 25 medalhas de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, em um total de 89 pódios. Foi em Paris-2024 também que o Brasil chegou à marca de 400 medalhas na história dos Jogos Paralímpicos. Isso foi alcançado com o bronze de André Rocha no lançamento de disco da classe F52 (atletas que competem em cadeiras de rodas). Antes da edição da capital francesa, o país somava 373 medalhas, com 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes.

A primeira edição dos Jogos Paralímpicos foi realizada em Roma-1960, porém, o Brasil estreou apenas em Heidelberg-1972, na então Alemanha Ocidental. Entretanto, atletas brasileiros só subiram ao pódio quatro anos depois: em Toronto-1976, no Canadá. As medalhas foram conquistadas pela dupla formada por Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa no Lawn Bowls, modalidade semelhante à bocha e praticada na grama. Na ocasião, eles terminaram com a prata.

Mulheres brilhantes

O Brasil contou em Paris-2024 com sua maior delegação para uma edição dos Jogos fora do país, com 280 atletas. Ao todo, foram 255 com deficiência, 19 atletas-guia (18 no atletismo e 1 no triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. A marca bate os 259 de Tóquio-2020. A quantidade só não é maior do que a registrada nos Jogos Rio-2016, quando a nação teve a participação de 278 competidores.

Além do número de participantes, Paris-2024 foi histórico para as mulheres. O Brasil anotou na edição da capital francesa sua maior participação feminina em um megaevento. Dos 255 competidores que estiveram na França, 117 eram mulheres, portanto, 45,88% do total, superando Rio-2016, quando foram 102 mulheres, o que representou 35,17% do total. Em termos percentuais, a maior representatividade tinha sido em Tóquio-2020, quando 41,03% dos convocados eram mulheres: 96 diante de 138 homens.

A história feminina foi vista também no número de pódios, já que elas foram responsáveis pela maioria dos títulos paralímpicos e por quase a metade das medalhas em Paris-2024, com 43 pódios exclusivos de mulheres: 13 de ouro, 12 de prata e 18 de bronze. Este é o melhor desempenho feminino na história do Brasil nos Jogos, superando o resultado de Tóquio-2020, com 26 medalhas: sete de ouro, sete de prata e 12 de bronze.

Natação e Atletismo

Alguns participantes do Brasil nas modalidades atletismo e natação registraram recordes mundiais ao longo dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. O primeiro a realizar o feito foi Julio Agripino, na prova dos 5.000m para atletas da classe T11 (deficiência visual). Ele fechou o trajeto em 14min48s85 para conquistar o ouro. A velocista Jerusa Geber foi recordista do mundo nos 100m para a classe T11 ainda na semifinal, ao completar o percurso em 11s80.

Na natação, Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, bateu seu próprio recorde mundial em duas oportunidades nos 150m medley, prova em que compete com nadadores da classe SM3, com limitações físico-motoras menores. Nas eliminatórias, ele completou a distância em 3min15s06 e, na final, em 3min14s02. A quarta recordista do Brasil foi Beth Gomes. No arremesso de peso, ela superou a maior marca da classe T53 (atletas que competem sentados), com 7,82m, batendo o antigo recorde que já era dela, de 7,75m.

Rayane Soares registrou nos 400m para atletas da classe T13 (baixa visão) o último recorde mundial ao finalizar o percurso em 53s55, superando os 54s46 da estadunidense Marla Runyan. O atletismo lidera o Brasil em medalhas na história dos Jogos Paralímpicos e alcançou a marca de 200 pódios em Paris-2024. Já a natação, segunda colocada no ranking, atingiu na edição da capital francesa o número de 150 medalhas.

Tricampeões

O atletismo do Brasil passou a contar com dois novos tricampeões paralímpicos: o velocista Petrúcio Ferreira e o lançador Claudiney Batista. O primeiro deles, atleta da classe T 47 (deficiência em membros superiores), alcançou a façanha ao encerrar a prova dos 100m em 10s68. Ele já havia ganhado o ouro nesta prova em Tóquio-2020 e na Rio-2016. Já o segundo, competidor da F56 (que competem sentados), ganhou o terceiro título seguido no lançamento de disco com a marca de 46,86m, recorde paralímpico.

Além dos tricampeões, o Brasil teve em Paris-2024 o seu melhor dia na história dos Jogos Paralímpicos. O sábado, dia 7 de setembro, foi o mais vitorioso do país com 16 medalhas ganhas, sendo seis de ouro, três de prata e sete de bronze. Cinco dessas medalhas vieram do judô (três ouros, uma prata e um bronze), seis do atletismo (dois ouros, uma prata e três bronzes), uma halterofilismo (ouro), duas na canoagem (prata e bronze), uma na natação (prata) e uma no futebol de cegos (bronze).

O Brasil também atingiu em Paris-2024 a marca de pelo menos nove pódios em um dia por mais de cinco vezes durante. O número foi alcançado pela primeira vez no segundo dia, com quatro ouros e seis bronzes. No terceiro, o time brasileiro fechou com dez pódios, sendo três ouros. No dia 2 de setembro, os brasileiros tiveram seu melhor dia, com 11 pódios: quatro ouros e pratas e três bronzes. Em seguida, no dia 3, foram dois ouros e pratas e seis bronzes. Por fim, no dia 4, um ouro e quatro pratas e bronzes.

Nomes marcantes

Dois dos nomes mais marcantes do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 foram Carol Santiago e Gabrielzinho, ambos da natação. A primeira, nadadora nascida em Pernambuco, tornou-se a maior medalhista de ouro do Brasil na história do megaevento. Ela conquistou cinco pódios em Paris, com três medalhas de ouro, sendo elas nos 50m livre, 100m livre e 100m costas, e duas de prata, nos 100m SB12 e no revezamento 4x100m livre 49 pontos.

Desta forma, Carol Santiago alcançou a marca de seis medalhas douradas em sua trajetória, superando o feito da velocista Ádria Santos, com quatro títulos paralímpicos entre as edições de Barcelona-1992 e Atenas-2004. Ela também atingiu o feito de dez medalhas paralímpicas, somando seis ouros, três pratas e um bronze. Com isso, assumiu o quinto lugar entre os atletas com mais medalhas conquistadas na competição, ranking liderado pelo ex-nadador Daniel Dias.

Já Gabrielzinho conquistou três ouros para o Brasil em Paris-2024 e se tornou bicampeão paralímpico em duas provas. O nadador voltou a vencer os 200m livre e os 50m costas, distâncias que também foi ouro em Tóquio-2020. O terceiro triunfo veio nos 100m costas. Além disso, nos 150m medley, prova na qual compete na SM3, atletas com limitações físico-motoras menores que as suas, quebrou o recorde mundial de sua classe duas vezes no mesmo dia. Primeiro, ele fez 3min15s06 e, na final, nadou em 3min14s02.

Feitos inéditos

Alguns atletas registraram feitos inéditos em suas modalidades. Ronan Cordeiro conquistou a medalha de prata no triatlo na classe PTS5 (comprometimento físico-motor), a primeira do Brasil nesse esporte na história dos Jogos Paralímpicos. Ele completou a prova em 59min01. No taekwondo, Ana Carolina Moura se tornou campeã paralímpica em sua primeira participação na competição. Ela venceu a francesa Djelika Diallo na final da categoria até 65kg.

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No badminton, Vitor Tavares ganhou a primeira medalha da modalidade em Jogos Paralímpicos. O atleta alcançou o feito ao vencer na disputa do bronze contra Man Kai Chu, de Hong Kong na classe simples SH6 (baixa estatura). Antes disso, ele tinha terminado em quarto em Tóquio-2020. No tiro esportivo, Alexandre Galgani conquistou o primeiro pódio do Brasil na história. O resultado veio com a prata na R5 Carabina de Ar (10m) Posição Deitado Misto SH2 (precisam de suporte para a arma). Ele fez 254,2 pontos.

Ineditismo no atletismo

No atletismo, Ariosvaldo Silva, o Parré, conquistou em Paris-2024 o bronze nos 100m da classe T53 (cadeirantes) e se tornou o primeiro atleta do Brasil em 36 anos a conquistar um pódio em corridas em cadeira de rodas. A última medalha ganha em disputas na pista havia sido na edição de Seul-1988. Além dele, a multicampeã mundial Jerusa Geber subiu ao lugar mais alto do pódio em Jogos Paralímpicos pela primeira vez ao vencer a prova dos 100m da classe T11 (deficiência visual).

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Campeã mundial da prova, Jerusa Geber já tinha duas pratas e dois bronzes paralímpicos, conquistados em três edições diferentes: Pequim 2008, Londres 2012 e Tóquio 2020. Além do título, ela bateu o recorde mundial na semifinal da prova, com o tempo de 11s80. No penúltimo dia de Paris-2024, no dia 7 de setembro, Jerusa ainda voltou à pista para ganhar seu segundo ouro paralímpico, desta vez, na prova dos 200m para a classe T11

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