Desde quando Cláudio Massad e Luiz Filipe Manara conquistaram a medalha paralímpica de bronze na Classe MD18, se tornaram alvos para adversários pelo mundo. Neste sábado (11), no Parapan de tênis de mesa que ocorre no CT do Comitê Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, são a dupla a ser batida. Sem tanta frequência de treinamentos em conjunto, recorrem à sintonia fina do passado para sobrepor norte-americanos e avançar à final.
“O ônus de ter conquistado uma medalha paralímpica em Paris é que a gente passa a ser uma dupla um pouco mais visada, todo mundo quer tirar uma casquinha. Torna os jogos um pouco mais difíceis, a gente é estudado e, exatamente por a gente não ter conseguido treinar tanto junto, tem dificultado um pouco. Mas estamos superando esses obstáculos, justamente com essa parceria que temos dentro e fora da mesa”, alertou Manara.
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“Somos muito parceiros dentro da mesa, fora da mesa, é importante nosso relacionamento. A sinergia é fundamental, estamos sempre tentando nos ajudar, um erguer o outro, esse é o trabalho da dupla. O que falta um pouco para nós é mais treinamentos. Até o ano passado, treinávamos mais aqui no CPB, nos encontrávamos mais para treinar. Porque eu moro em Bauru e o Manara mora em Mogi Mirim, então, está faltando um pouco esses treinamentos mais contínuos. Só jogar junto, já temos um entrosamento, mas precisamos ajustar algumas coisas que só o dia a dia que vai arrumar essas questões”, completou Massad.
De fato, a distância entre as duas cidades do interior de São Paulo chega a mais de 250 km, uma logística um tanto quanto difícil de conciliar. No entanto, Manara e Massad se encontram, por vezes, para darem palestras juntos, segundo o que Cláudio comentou.
Campanha para a glória
Como cabeças-de-chave número 1, entraram de bye na primeira rodada. Ao seguirem para a mesa, tiveram grande dificuldades contra os colombianos Santiago Ramirez e Miguel Castro, porém venceram 3 sets a 2. Desse modo, Manara e Massad enfrentam Tahl Leibovitz e Logan Watson, dos Estados Unidos na semifinal. É uma dupla que vem de algumas vitórias contra os brasileiros, os quais precisam elaborar uma boa estratégia para buscar a vitória.
“É um momento de tentar estudar um pouco dos adversários, principalmente, começar melhor a partida, impondo um pouco mais o nosso jogo. Assim, chegamos no nosso volume e, a partir disso, levaremos vantagem. Nas últimas vezes que os enfrentamos, começamos vendo o que aconteceria e acabamos correndo atrás do placar. Dessa vez, podemos começar com uma postura um pouco diferente, aproveitar o fator casa, para que isso possa fazer a diferença no resultado final”, explicou Manara.
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Massad, por sua vez, já tem um perfil completo do que vem pela frente. “O X da questão é estudarmos, fazermos uma estratégia bem definida, com algumas variáveis, porque não é uma receita de bolo. Precisamos de algumas alternativas, mas, principalmente, neutralizar o Tahl Leibovitz, que é o melhor jogador deles, já participou de várias Paralimpíadas, medalhista paralímpico e em mundial e diversas vezes campeão parapan-americano. Vamos conversar bastante, treinar antes de jogar, se preparar da melhor forma para quebrar esse tabu”.
Uma dupla singular
Cada dupla tem suas particularidades e seu jeito de tentar se entrosar para desenvolver bem o jogo. No caso de Cláudio e Luiz Filipe não são apenas as palestras que contribuem com a afinidade.
“Primeiro são os resultados, a parceria dentro da mesa. Talvez o que mais assemelha o tênis de mesa de um esporte coletivo é que se ganha junto e se perde junto. Sabemos disso, nos apoiamos muito para que possamos sair com a vitória. É muito normal, tem dia que um vai acertar mais, o outro vai ter um pouco mais de dificuldade. Tem dia de saber que um vai carregar o piano, temos plena consciência disso. Nos apoiamos no jogo, independente das dificuldades, isso que faz a diferença. Foi assim que conseguimos o nosso principal resultado da carreira, em Paris, no ano passado”, ressaltou Manara.
“Temos muitas coisas em comum. Dentre elas, o amor pelo esporte, a luta por esse esporte, a luta para se dedicar, para conquistar espaço, para ter retorno financeiro. São muitas coisas que vem de encontro com o que a gente acredita, pensa e almeja. Caminhamos juntos, as ideias são muito parecidas. Toda essa sinergia e esse respeito, faz uma relação bacana que segue para fora da mesa. Esses são os elementos fundamentais, que fazem com que a gente consiga se dar bem e jogar bem. Lutamos para termos dignidade para nós e para outros atletas”, concluiu Massad.