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Atletismo

Após ano inesquecível, Almir Júnior projeta 2019 ainda melhor

Almir Júnior comemora o ano que termina com o vice-campeonato mundial indoor e o terceiro melhor salto do mundo no outdoor. Após se recuperar de lesão, já mira a temporada de 2019

Divulgação

A temporada de 2018 vai ficar marcada para sempre na carreira e na lembrança de Almir Júnior. O atleta migrou do salto em altura para o salto triplo e obteve resultados marcantes, como a medalha de prata no Mundial Indoor de Birmingham. Além disso, se tornou uma das esperanças do país para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, ele falou sobre como foi a temporada e os planos para a próxima, já que está retornando de lesão.

“Foi uma temporada incrível. Eu finalizei sendo vice-campeão mundial, com a terceira marca do mundo no ranking outdoor e a segunda no ranking indoor. Então, foi uma temporada muito legal. Eu digo que foi a minha primeira temporada como triplista de verdade, quando eu apareci para o mundo do total anonimato. Foi melhor do que esperado. Inicialmente a nossa ideia era saltar este ano acima de 17 metros, mas não tão longe. Quando eu vislumbrava a temporada de 2018 eu não esperava que pudesse ser tão boa”, contou.

A terceira marca do no outdoor a qual Almir se refere é o salto de 17.53 metros no Meeting de Guadalupe, disputado na França, em maio. O salto, inclusive, valeria medalhas de bronze nas três últimas edições do Campeonato Mundial de Atletismo e ainda um terceiro lugar nos Jogos Olímpicos de Londres.

“Na verdade eu não sabia disso. Vi os resultados das últimas três Olimpíadas e dos três Campeonatos Mundiais, mas nunca tinha parado para fazer essa analogia. Eu via mesmo para ter uma base, mas nunca tinha parado para pensar sobre isso. É legal e, na verdade, me incentiva. Não vejo de forma nenhuma como pressão e nem nada. Isso só me incentiva e mostra que estou no caminho certo e que se eu trabalhar direitinho, posso almejar essas medalhas e coisas maiores”, relata com surpresa que o seu salto daria pódio em competições tão importantes.

Recuperação e foco na temporada de 2019

Apesar do sucesso, os bons resultados de Almir Júnior foram apenas em parte da temporada, já que ele teve que abdicar do restante por conta de uma lesão e pedir dispensa da Seleção. O atleta se recuperou, retomou os treinamentos de base e já está na fase dos saltos com o seu treinador José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca. A temporada 2019 de Almir terá como principal foco os Jogos Pan-Americanos de Lima, entre julho e agosto, e o Campeonato Mundial de Atletismo, em Doha, entre setembro e outubro.

Reprodução/Instagram

“Analisamos tudo minuciosamente e vimos que era a melhor decisão a ser tomada. Agora, com mais de dois meses de treinos e já começando a saltar, eu tenho certeza que foi a melhor decisão, sem dúvida. Foi muito inteligente da minha equipe abrir mão do restante da temporada que, teoricamente, não seria tão importante quanto vai ser 2019 e 2020. Eu preciso começar 2019 totalmente recuperado e é como eu estou, 100% recuperado”, explicou o atleta, que tem feito o treinamento no seu clube, a Sogipa, de Porto Alegre.

O ano de 2019 marcará a segunda temporada para Almir Júnior como um atleta do salto triplo. Com isso, ele espera fazer adições importantes nos treinamentos para melhorar ainda mais o seu salto. “Nós agora estamos saindo do período de base e começando a saltar. E cara, nos treinamentos, eu ainda tenho muito a melhorar no meu salto. E isso me deixa feliz. Eu ainda tenho muitos erros técnicos por ter pouco tempo de prova. Essa temporada vamos tentar melhorar. A técnica em si, o domínio, ela vem de treino e do aperfeiçoamento do dia a dia, da experiência e do tempo de trabalho, que eu tenho muito pouco”.

Com a benção de Jadel Gregório

O último grande do país no salto triplo que marcou o nome na história da modalidade foi Jadel Gregório. O ex-atleta mantém, até hoje, o recorde sul-americano e está na lista dos dez melhores saltos do mundo, com a marca de 17.90 metros. Morando hoje em San Diego, nos Estados Unidos, onde atua como técnico e personal trainer, Jadel falou também ao Olimpíada Todo Dia e analisou o surgimento de Almir, para quem ele considera estar ‘passando o bastão’ da modalidade.

“Eu não quero nele as cobranças que fizeram em mim. Espero que ele continue com esse futuro promissor, que possa chegar a bater recordes, subir ao pódio em campeonatos mundiais e continuar a história que começou lá atrás com Adhemar Ferreira da Silva, João do Pulo, Nelson Prudêncio, Abcélvio Rodrigues, Anísio Sousa Silva, Sérgio Muniz, entre outros saltadores que passaram o bastão até chegar a mim. Eu acredito que estou passando o bastão para ele e que possa continuar essa história bonita dos saltadores triplos do nosso país. Acredito que ele tenha condições de saltar muito bem no cenário mundial, ele já mostrou isso esse ano. É manter”, disse o ex-representante do país nos Jogos Olímpicos de Pequim e Londres.

A carreira de Jadel Gregório foi tão expressiva que ele retornou ao Brasil neste final de ano para o lançamento da sua biografia. Apesar de não ter a medalha olímpica, o ex-atleta tem no currículo três medalhas de prata em Campeonatos Mundiais (uma no Campeonato Mundial de Atletismo de Osaka, em 2007, e duas nos Mundiais Indoor de Budapeste, em 2004, e Moscou, em 2006).

“A minha era foi bem marcada. Eu posso te falar, sem arrogância, que eu fui considerado na Europa o melhor saltador que o Brasil teve pelo seguinte fato, eu fiquei nove anos saltando consecutivamente acima de 17 metros. Eu era o único atleta que fazia todas as competições do cenário mundial. Um atleta com 2,04 metros de altura, com o porte físico que tenho, consegui manter nove anos competindo no alto nível com os gringos”, relembra Jadel Gregório.

Para Almir Júnior, o sonho é justamente chegar à constância e à regularidade para assim poder repetir os feitos do ídolo. Ele não escondeu também que sonha em quebrar o recorde de Jadel, que já perdura por 11 anos. Antes, era o salto de João do Pulo que ficou por 32 anos como a melhor marca sul-americana.

“Essa questão do recorde do Jadel é legal porque a gente trabalha para isso. Espero quebrar esse recorde sim, mas consequência de um trabalho. Eu não tenho pressa para saltar e fazer resultados. Eu só quero que as coisas aconteçam de uma forma tranquila. Ter regularidade e ir crescendo a cada dia para chegar o melhor possível em 2020. E se, porventura, esse recorde vier antes, melhor, mas eu almejo para o futuro. Quero quebrar, pode ter certeza. Quero colocar meu nome na história também, mas primeiro vou pensar em como vou trabalhar para isso e o salto vai ser consequência”, finalizou Almir.

Cobri os Jogos Olímpicos Rio 2016. Trabalhei no apoio jornalístico das Copas do Mundo Fifa de 2014 e 2018. Documentarista de "O caminho suave". Outras produções fílmicas: "EstatiCidade", "Marcelo Rezende - contador de histórias", "Sala de estar", "Azul" e "A entrevista". Experiência na área de esporte e política, com passagens pela TV Band, Portal da Band e pelo Jornal Gazeta de Santo Amaro.

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