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Reeleito, Paulo Wanderley terá que unir um COB polarizado

A apertada vitória na eleição realizada nesta quarta (7) deve servir de alerta ao dirigente para construir mais pontes com o movimento olímpico

Paulo Wanderley COB
Paulo Wanderley e Marco La Porta comemoram a eleição para novo mandato no COB (Miriam Jeske/COB)

A pandemia neste ano maluco de 2020 impôs alguns novos hábitos para todos nós. Aos jornalistas, está o de participar de entrevistas coletivas “virtuais”. Pouco depois de uma acirrada disputa que lhe deu a reeleição para o comando do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Wanderley e o vice Marco La Porta atenderam a imprensa que estava em um hotel no Rio de Janeiro e também responderam questões pela internet. Em pelo menos duas das respostas foi possível perceber que o resultado do pleito desta quarta (7) sinalizou que o dirigente terá que usar toda a sua habilidade para unir o COB, após um processo político polarizado e que certamente deixou cicatrizes pelo caminho.

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Paulo Wanderley, potiguar de 70 anos, alegou que não estava preocupado nos últimos dias, mas reclamou do que chamou de métodos pouco usuais em pleitos de entidade esportivas. “Confiava na vitória, ganhei minha 16ª eleição. Mas houve interferência de fora para dentro, o esporte não está habituado com campanha partidária. Isso me desgostou. Quando houve confronto de perguntas e respostas, falaram muitas inverdades, mostrando desconhecimento de como funciona o COB”, disse o presidente da entidade.

O recado era endereçado para a chapa de Rafael Westrupp e Emanuel Rego, que ficou em segundo lugar com 20 votos e que na noite de terça-feira, teria cooptado apoio de antigos aliados de Paulo Wanderley. Somados aos dois míseros votos da terceira chapa (Helio Meirelles e Robson Caetano), chega-se a 22 contrários ao reeleito presidente do COB, que alcançou 26 votos. Entre eles, boa parte (ou total, o número varia conforme o interlocutor) da Comissão de Atletas, conforme o blog havia adiantado no post anterior.

“Briga de família”

O cenário desconfortável dos descontentes não foi encarado como um problema pelo presidente do COB. “É como numa família, todos brigam mas se juntam pelo interesse comum”, afirmou, apontando como próxima meta a participação na Olimpíada de Tóquio-2020, adiada para o ano que vem.

Não me parece que a situação seja tão simples assim.

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Embora tenha se esquivado em responder a uma pergunta do blog na coletiva virtual (“qual o erro que acredita ter cometido em seu primeiro mandato que entende ser possível corrigir no próximo?”), Paulo Wanderley reconhece a necessidade de melhorar o diálogo com a Comissão de Atletas, os grandes fiadores da continuidade de sua gestão, iniciada após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman em 2017.

“Daremos ainda mais apoio à Comissão de Atletas do COB, que vem mostrado seu amadurecimento e comprometimento com questões tão fundamentais do esporte em todas as suas falas e ações. A CACOB contará com ainda mais apoio jurídico, financeiro e de comunicação, bem como orçamento próprio”, afirmou o dirigente.

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Se é verdade que o foco agora passa a ser total na reta final da preparação para os Jogos de Tóquio, não se deve perder do horizonte a necessidade de fazer eventuais correções de rota. “Vamos continuar com nosso projeto, aprender com os erros, pois nenhuma gestão é 100% perfeita”, admitiu o vice Marco La Porta.

Para ter um ciclo olímpico até Paris-2024 mais tranquilo, Paulo Teixeira precisa, além de bons resultados dos atletas brasileiros em diversas competições, construir pontes com quem hoje lhe virou as costas.

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