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Gancho pesado a Sun Yang mostra recado duro da Wada

Pena de oito anos ao astro da natação chinesa Sun Yang mostra que Agência Mundial Antidoping está em modo “tolerância zero”

Sun Yang, natação, China
O nadador Sun Yang, dono de três medalhas de ouro olímpicas, foi suspenso por oito anos pelo CAS (Crédito: JD Lasica)

Pelo menos por um dia a mídia da China encontrou um outro assunto para dividir as atenções do que o Coronavírus. De fato, só mesmo uma notícia com a de hoje, com o anúncio da suspensão por oito anos do astro da natação chinesa Sun Yang , poderia ter este efeito.

Não se trata de atleta qualquer. Yang é o maior nadador da história do país, o primeiro e até agora único campeão olímpico na natação. Foi ouro em Londres-2012, ao vencer os 400 m e 1.500 m livre, e os 200 m livre na Rio-2016. Tem ainda mais três medalhas: duas de prata (200 m em Londres e 400 m no Rio), e um bronze (revezamento 4 x 200 m livre, em Londres).

A suspensão aplicada pelo CAS (Corte Arbitral do Esporte) foi uma das mais severas nos últimos tempos. Praticamente decreta o final da carreira do chinês, de 28 anos e que só estaria liberado para voltar a competir para a Olimpíada de Los Angeles, em 2028. Teria então 36 anos. Ou seja, já era.

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O caso rumoroso demorou mais de ano para ser definido. O comentarista de natação Alex Pussieldi, o Coach, em seu blog no “Globoesporte.com”, explicou detalhadamente os pontos que levaram ao CAS atender ao pedido da Wada pela pena máxima (clique aqui).

Em resumo, houve uma baita confusão em uma coleta de sangue na casa de Sun Yang em 2018. Ele desconfiou das atitudes de um dos fiscais de uma agência independente sueca, recusou-se a fazer o exame de urina e ainda destruiu as amostras de sangue já coletadas. Mesmo advertido que poderia sofrer punições severas.

Aliás, vale destacar que Yang está longe de ser uma figura simpática no meio da natação. Muito pelo contrário. É uma “mala sem alça” por sinal. Arrogante, não faz questão nenhuma de ser simpático com os adversários. Tem no currículo até entreveros nas piscinas de aquecimento das competições, quando os nadadores dividem a mesma raia.

Aliviada da Fina

Em janeiro de 2019, ao julgar o caso, o painel da Fina (Federação Internacional de Natação) deu apenas uma advertência ao chinês. A Wada (Agência Mundial Antidoping) não curtiu a “passada de pano” e resolveu apelar ao CAS. Pediu pena máxima. E nesta sexta-feira (28), viu seu pleito ser atendido totalmente.

De longe, sem entrar no mérito jurídico do caso, foi no mínimo uma decisão polêmica, por todos os elementos envolvidos. Mas é evidente que o recado da Wada foi claro. A tolerância com as infrações aos regulamentos antidoping está próxima do zero.

Deixar Sun Yang sem uma punição, depois de tudo o que aconteceu, seria passar uma mensagem de que os rigorosos procedimentos de coleta dos exames não precisam ser levados tão a sério assim. O ídolo chinês sentiu isso na pele e a Olimpíada de Tóquio-2020 perdeu um personagem e tanto.

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