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Judô

Mayra Aguiar faz ippon em japonesa com 7 segundos e está na final

Atleta da 78kg pode se tornar apenas a segunda judoca do Brasil a vencer um ouro em Tóquio se derrotar israelense na final desta manhã

Mayra Aguiar Larissa Pimenta Willian Lima em Grand Slam de Tóquio de judô 2023
(Foto: Emanuele Di Feliciantonio / FIJ)

Mayra Aguiar veio com foco total para entrar para a história. A judoca brasileira busca ser a primeira mulher do Brasil a vencer o título no Grand Slam de Tóquio, o torneio mais tradicional do judô mudnial. Ela aplicou três ippons – dois em japonesas – em velocidade máxima para chegar na final. Ela enfrenta Inbar Lanir em busca do ouro nos 78kg já no início da manhã brasileira. Larissa Pimenta é a outra brasileira a disputar medalhas no início da manhã deste domingo (3). Será um outro confronto contra israelense, desta vez Gefen Primo, pelo bronze das 52kg, a partir das 5h05.

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Willian Lima chegou bem perto e esteve em condições de vencer tanto as quartas quanto a repescagem, mas caiu para Yondonperenlein Baskhüü, da Mongólia, e Hekim Agamammedov, do Turcomenistão e terminou em sétimo lugar nos 66kg. Jéssica Pereira (52kg), Ketleyn Quadros (63kg), Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarani (100kg), Rafael “Baby” Silva (+100kg) caíram nas oitavas de final enquanto Michel Augusto (60kg) foi o único brasileiro a cair na estreia.

Com o resultado, Mayra Aguiar conseguiu sua primeira final em Tóquio na carreira e é apenas a terceira mulher brasileira a chegar na decisão no Grand Slam de Tóquio. Érika Miranda conseguiu a prata em 2013 e Jéssica Lima repetiu o resultado neste sábado (2). 

Na capital japonesa, ela havia sido bronze em 2011 e também foi bronze nos Jogos Olímpicos de 2020, disputados em 2021. Porém, no mundial de 2010 também disputado em Tóquio, ela foi vice-campeã e foi bronze em individual e por equipes no mundial de 2019 também na capital japonesa Contando Mundiais, Jogos Olímpicos e Grand Slam, o único judoca brasileiro a ser ouro em Tóquio foi Sérgio Pessoa, em 1986, quando o torneio ainda se chamava Copa Jigoro Kano.

Mayra Aguiar faz ippon relâmpago em japonesa rumo à final

A estreia de Mayra Aguiar não foi das mais bonitas, mas foi bem eficaz. Cabeça número 3, ela entrou direto nas oitavas e lutou contra a russa Antonina Shmeleva, competindo como Atleta Independente Neutra. Mayra forçou dois shidos e conseguiu a terceira e necessária pontuação faltando 12 segundos para o fim do tempo regulamentar.

Nas quartas de final, a primeira das japonesas e uma luta tranquila. Depois de dominar completamente o embate Sugimura Mizuki, em que ambas chegaram a levar um shido, Mayra conseguiu aplicar o golpe fatal do judô com 1m16 e se garantir na semifinal.

Na semifinal, Mayra Aguiar aplicou um ippon em sete segundos sobre a japonesa Umeki Mami. Mayra se vinga portanto da derrota para umeki no mesmo Grand Slam, mas de 2015. Mayra venceu também o Mundial de 2017 em Budapeste sobre a japonesa na final.

Pelos arquivos da Federação Internacional de Judô será o terceiro confronto entre Mayra e Inbar. A brasileira venceu na segunda rodada de Tóquio-2020 e do Grand Slam de Antalya. Assim como Mayra Aguiar, a israelense também passou por duas japonesas nas quartas e semi.

Com o resultado, Mayra Aguiar ainda sobe no ranking olímpico e hoje seria uma das quatro cabeças de chave principais. A brasileira permanece atrás de Lanir, da italiana Alice Bellandi e de uma das alemãs (tanto Alina Boehm quanto Anna-Maria Wagner seguem na frente).

Willian Lima fica em sétimo após ter boas chances de avanlar

Pela condição de cabeça 7 do Grand Slam de Tóquio, Willian Lima estreou na segunda rodada diante do japonês Fukuda Yamato, e avançou com um waza-ari. Nas oitavas, um jogo tático difícil contra o cubano Orlando Polanco. Os dois passaram muito tempo com dois shidos, sendo assim uma luta muito tensa já que aparentava estar nas mãos do árbitro. Finalmente, com três minutos de golden score, melhor para o brasileiro.

NAs quartas,  o adversário era Yondonperenlein Baskhüü, da Mongólia, vice-líder do ranking mundial e medalhista de bronze nos mundiais de 21 e 23. O brasileiro parecia estar dominando a luta e chegou a impor dois shidos no mongol. Mas o asiático forçou a luta de chão e conseguiu uma imobilização que provou ser muito forte para Willian, que bateu e foi pra a repescagem. 

Pela repescagem contra Hekim Agamammedov, do Turcomenistão, ele chegou a ter um waza-ari mas a arbitragem de vídeo retirou a pontuação depois de checagem. Em um combate muito acirrado, ele acabou levando um estrangulamento e terminou em sétimo lugar.

Larissa Pimenta cai para Kneto mas reencontra Primo na disputa do bronze

Pelas 52kg, Larissa Pimenta sedimentou sua posição de melhor brasileira no ranking da Federação Internacional de Judô. Cabeça número 4 da competição, ela começou levando um golpe fatal da japonesa Kamiya Rin. Porém, o veneno se virou contra a japonesa, pois ela aplicou um golpe proibido pela FIJ e portanto Larissa passou de fase. Em seguida, ela passou nos shidos diante da croata Ana Viktorija Puljiz.

Diante da francesa Astride Gneto nas quartas de final, a brasileira não conseguiu encontrar seu melhor jogo e recebeu três shidos no espaço de dois minutos, indo para a repescagem. A francesa não é titular da categoria e já está fora dos Jogos Olímpicos de Paris-2024.

Na repescagem, Larissa Pimenta venceu a polonesa Aleksandra Kaleta que levou três shidos da arbitragem e portanto a brasileira enfrenta a israelense Gefen Primo pelo bronze. É o quarto encontro das duas de acordo com os arquivos da Federação Internacional de Judô. Primo saiu com a vitória na terceira rodada do Mundial de 21, na repescagem do Mundial de 22 e na disputa do bronze do Grand Slam de Paris em 2023.

Jessica Pereira estreou com um Ippon diante de Iran Shahzadi, do Paquistão. Porém, em seguida teve uma parada quase impossível diante da japonesa Abe Uta e chegou a forçar um shido contra a atleta da casa, mas levou dois waza-aris e foi derrotada ainda na segunda rodada.

Larissa Pimenta se fortalece na corrida olímpica da 52kg mas vê condição de cabeça cada vez mais longe

O resultado é importante para Larissa se fortalecer na corrida olímpica. Ela entrou no Grand Slam de Tóquio como 14ª colocada, com 1988, enquanto Jessica era 15ª com 1770. Porém, Larissa tem a vantagem de ter poucos pontos acumulados na segunda metade do calendário.

Com 360 pontos garantidos no mínimo, podendo ganhar mais 140 com o bronze, ultrapassa quatro adversárias e chega ao décimo lugar na corrida olímpica. Mas ao mesmo tempo, ela vê a condição de cabeça-de-chave cada vez mais longe. Com a ida da húngara Pupp Reka, da israelense Gefen Primo e da japonesa Abe Uta para as semifinais, essas três, além de Amandine Buchard (França), Distria Krasniqi (Kosovo), Diyora Keldiyorova (Uzbequistão), Odette Giuffrida (Itália) e Chelsie Giles (Rreino Unido), formam um grupo cada vez mais isolado do “top8” na corrida olímpica. Em nono, está a alemã Mascha Ballhaus com a mesma quantidade de pontos do top8 mas com mais resultados no segundo período e portanto menos margem para subir.

Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarani fazem campanhas similares nos 100kg

Outra briga boa doméstica é nos 100kg. Leonardo Gonçalves é o atual 16 do mundo, enquanto Rafael Buzacarini é o 19, e Leo entrou como o nono melhor ranqueado, não conseguindo a condição de cabeça de chave, que lhe daria assim uma chave melhor.

Leonardo Gonçalves aplicou dois waza-aris no búlgaro Boris Georgiev, na estreia, enquanto Rafael Buzacarini venceu o tajique Emomrizo Anvarzoda com um Ippon. Na segunda rodada, foi a vez de Leo ganhar com ippon, contra o polonês Piotr Kuczera. Por outro lado, Rafael passou pelo romeno Eduard Serban com um waza-ari.

Enfim, nas oitavas de final os dois caíram. Enquanto Leo perdeu para o azeri Zelym Kotsoiev, vice-líder do ranking e cabeça 1, com um waza-ari, Buzacarini, o “Bolo”  levou um Ippon do neerlandês Michael Korrel, terceiro colocado do ranking mundial da FIJ e segundo favorito para o torneio.

Apesar de estarem próximos no ranking mundial que leva em consideração os últimos 24 meses, Leo Gonçalves está na frente na corrida olímpica. Ele entrou como sétimo colocado com 2920 e chega aos 3080, caindo uma ou duas posições, de acordo com a campanha do russo Arman Adamian e o mongol Batkhuyagiin Gonchigsüren. Já Buzacarini sobe uma posição e estará com 2244, mas cada vez mais longe do compatriota.

Ketleyn Quadros vence uma luta por erro da adversária e entra na zona de classificação olímpica – por pouco 

Cabeça 8 na 63kg Ketleyn Quadros estreou direto na segunda rodada e passou pela russa Dali Liluashvili, competindo sob bandeira neutra. Em seguida ela perdeu para a japonesa Takaki Mizuki por dois waza-aris e se despediu nas oitavas de final.

A vitória na estreia pode ser importante nas pretenções olímpicas não só de Ketleyn mas como da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) como um todo. A brasileira tem um lugar importante na história olímpica brasileira. Afinal, não só foi a primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica em esportes individuais em Pequim-2008, mas também foi porta-bandeira de Tóquio-2020 ao lado de Bruninho, chegou ao Grand Slam de Tóquio como 22ª colocada, fora da zona de classificação direta por apenas 45 pontos e portanto com uma vaga pela cota continental.

Com os 160 pontos, ela passa para 1903 e teria hoje a última vaga direta, 43 pontos a frente da espanhola Sarai Padilla. Além de Ketleyn, outras duas categorias estão na beira da vaga. Luana Carvalho, com 1402, estava com vaga de realocação nos 70kg – mas certamente será ultrapassada depois do Grand Slam de Tóquio -, e Natasha Ferreira, com 1344 pontos, está muito próxima da vaga nos 48kg também. Com a subida de ranking de Ketleyn, Luana provisoriamente recuperaria a vaga que foi perdida na atualização de ontem.

Do 60kg aos +100kg, derrotas precoces no judô masculino

Rafael Silva, na categoria acima de 100kg, estreou direto na segunda rodada e forçou o esloveno Vito Dragic a levar três shidos. Finalmente, o peso pesado brasileiro caiu diante do japonês Fujimoto Io, em um waza-ari alcançado no golden score.

O resultado deixa Baby um pouco mais tranquilo na corrida olímpica, mas deixa o medalhista de bronze no último mundial cada vez mais longe de entrar como cabeça de chave.

A única derrota na estreia veio por Michel Augusto, que participou do Grand Slam de Tóquio pela cota juvenil da Confederação Brasileira de Judô. Ele chegou a fazer uma boa luta, mas caiu diante de Yeldos Smetov, do Cazaquistão por um waza-ari. Michel é apenas 33º na corrida olímpica, mas a boa notícia para o Brasil veio que os principais adversários de Matheus Takaki não foram muito bem e o brasileiro, 21º após o vice no Grand Slam de Abu Dhabi, não será ultrapassado.

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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