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Seleção Brasileira

Que a limpeza não fique apenas em Coaracy Nunes

A prisão de Coaracy Nunes tem um valor simbólico tremendo para o esporte olímpico do Brasil. Será que alguns cartolas conseguirão dormir tranquilos agora?

O ex-presidente da CBDa, Coaracy Nunes, é levado preso pelos agentes da Polícia Federal (Crédito: Reprodução)

O ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes, é levado preso pelos agentes da Polícia Federal (Crédito: Reprodução)

O que houve nesta quinta-feira (6) foi histórico para o esporte olímpico brasileiro. Triste, vergonhoso, mas histórico. Pela primeira vez, um dos mais poderosos cartolas do país foi conduzido por agentes da Polícia Federal. Durante quase três décadas, Coaracy Nunes fez da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) uma extensão de sua casa. Hoje, ele foi preso como resultado de uma investigação do Ministério Público sobre desvio de verbas públicas, como parte da Operação Águas Claras. Além dele, outros três dirigentes da entidade também estão detidos.

Lamentável ver um homem de quase 80 anos, com a saúde fragilizada, estar exposto a tal humilhação pública. Mas não se pode falar em injustiça, diante dos fatos apurados pelo MP, com base em denúncias de atletas e ex-atletas. Menos de 15 dias depois de alijado da presidência da CBDA, Coaracy agora tem coisas bem mais importantes para com que se preocupar.

Mas se existe algo que a ação da PF feita nesta quinta-feira irá despertar é um sentimento de intranquilidade entre os maus dirigentes esportivos do Brasil. Nesta ressaca pós-olímpica da Rio-2016, o que não falta são denúncias de má gestão, desvio de verbas, dirigentes afastados e investigados…

Um que está na mira da PF é o ex-presidente da CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo), Carlos Fernandes, que já foi até afastado. Porém, tem muito mais:

a) A  Justiça do Rio de Janeiro pede o afastamento do presidente da CBTri (Confederação Brasileira de Triatlo), Carlos Alberto Fróes, também por irregularidades em convênios públicos;

b) A eleição da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) está sub judice e o presidente Manoel Luiz Oliveira ainda não teve suas contas aprovadas pelo STJD da entidade;

c) As eleições nas confederações de esgrima, levantamento de peso e hóquei sobre grama foram parar na Justiça.

O modelo falido de gestão que a maioria das entidades esportivas olímpicas do Brasil estava acostumada, levou um golpe duro nesta quinta-feira. Que a limpeza esteja apenas começando. Desconfio que a partir de agora, muito cartola terá dificuldade para dormir.

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