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Recuo de cartolas a favor de mais atletas no COB foi por medo e não convicção

Novos tempos no esporte olímpico brasileiro. Após a repercussão negativa pelo veto à 12 atletas na Assembleia Geral, recuo do COB e dos dirigentes que votaram contra a proposta foi histórico

O presidente Paulo Wanderley irá comandar uma nova Assembleia Extraordinária (Crédito: Rafael Bello/COB)

A atitude tomada pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) em convocar nova Assembleia Extraordinária para decidir sobre a presença de mais atletas com direito a voto na entidade tem que ser festejada. A pressão feita por parte da comunidade dos atletas olímpicos, na ativa e já aposentados, surtiu efeito. Mas é bom que ninguém se engane. Foi apenas o medo da repercussão negativa que motivou a mudança de posição de muitos destes dirigentes.

No fundo, nenhum deles acredita que a ampliação democrática na participação dos atletas dentro do colégio eleitoral do COB é aceitável. Foi assustador ler as justificativas de vários dos 15 presidentes de confederações, em matéria publicada na última segunda-feira pelo jornal O Globo, por terem votado contra a presença de 12 atletas na Assembleia Geral. “Falta de engajamento”, “comissão de atletas se legitimidade”, “não são organizados enquanto classe” foram algumas das desculpas  dadas.

Talvez a mais revoltante tenha sido a do representante da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), Neuri Barbieri, que na assembleia realizada na semana passada representou o presidente de sua entidade, Walter Pitombo Laranjeiras. “Ele me disse que achou cinco muito. Votaria por menos.”

A cartolagem não esperava que a mobilização dos atletas fosse tamanha. E o recuo acabou sendo a única alternativa, assim como a mudança nos discursos. Veja alguns exemplos:

“Com resultado do primeiro pleito, os atletas do wrestling em um primeiro momento questionaram o posicionamento da Confederação e depois concordaram com os argumentos que expus em defesa do primeiro voto, uma vez que não se sentem representados pela Comissão de Atletas. Por outro lado, o debate gerou uma reflexão. Se neste momento, os atletas do wrestling não se sentem  representados pela Comissão de Atletas, o aumento da participação para 1200% poderia gerar no futuro uma participação mais efetiva dos atletas da modalidade e a possibilidade de discutir e cobrar junto à Comissão de Atletas e ao COB melhorias para o wrestling.  Por isso decidimos em conjunto com os principais atletas da modalidade e da representante do atletas Joice Silva mudar o voto. “

Pedro Gama Filho, presidente da CBW (Confederação Brasileira de Wrestling), em mensagem enviada ao blog

“Em nenhum momento a CBV quis ser contra a participação efetiva dos atletas no processo de modernização esportiva nas instituições, principalmente na eleição do COB, tendo em vista que a própria CBV já incluiu no seu estatuto a participação com direito a voz e voto dos atletas e dos clubes. Essa interpretação iria na contramão de todas as readequações internas implementadas na CBV, buscando maior transparência e a participação de todos os segmentos que envolvem o voleibol brasileiro.

 Portanto, a CBV, considerando o posicionamento das comissões dos atletas de vôlei e as manifestações por anseio de mudanças de todos os segmentos envolvidos no esporte brasileiro, resolve reconsiderar o seu voto e manifestar que esta Confederação, através do Presidente Walter Pitombo Laranjeiras e do Vice-Presidente Neuri Barbieri, declara oficialmente que apoiará o COB na próxima AGE com a inclusão dos 12 atletas na sua reforma estatutária.”

Nota oficial publicada no site da CBV nesta terça-feira

A decisão do próximo dia 6, que deverá referendar a presença de 12 atletas com direito a voto na Assembleia Geral do COB, será histórica. Definitivamente, o esporte olímpico brasileiro passa por um momento de mudanças. Ainda bem.

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